Evangelho
Jo XIII, 18-38
Jesus anuncia a traição de
Judas
18 Não me refiro a todos vós. Eu bem sei
quem escolhi, e há-de cumprir-se a Escritura: Aquele que come do meu pão
levantou contra mim o calcanhar. 19 Desde já vo-lo digo, antes que isso
aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que Eu sou. 20 Em verdade, em
verdade vos digo: quem receber aquele que Eu enviar é a mim que recebe, e quem
me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.» 21Tendo dito isto, Jesus
perturbou-se interiormente e declarou: «Em verdade, em verdade vos digo que um
de vós me há-de entregar!» 22 Os discípulos olhavam uns para os outros, sem
saberem a quem se referia. 23 Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava
à mesa reclinado no seu peito. 24 Simão Pedro fez-lhe sinal para que lhe
perguntasse a quem se referia. 25 Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o
peito de Jesus, perguntou: «Senhor, quem é?» 26 Jesus respondeu: «É aquele a
quem Eu der o bocado de pão ensopado.» E molhando o bocado de pão, deu-o a
Judas, filho de Simão Iscariotes. 27 E, logo após o bocado, entrou nele
Satanás. Jesus disse-lhe, então: «O que tens a fazer fá-lo depressa.» 28 Nenhum
dos que estavam com Ele à mesa entendeu, porém, com que fim lho dissera. 29 Alguns
pensavam que, como Judas tinha a bolsa, Jesus lhe tinha dito: ‘Compra o que
precisamos para a Festa’, ou que desse alguma coisa aos pobres. 30 Tendo tomado
o bocado de pão, saiu logo. Fazia-se noite. 31 Depois de Judas ter saído, Jesus
disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele
a glória de Deus. 32 E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus
revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-la muito em breve.» 33 «Filhinhos,
já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu
disse aos judeus: ‘Para onde Eu for vós não podereis ir’, também agora o digo a
vós.
Mandamento Novo
Profecia da negação de Pedro
36 Disse-lhe Simão Pedro: «Senhor, para
onde vais?» Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, tu não me podes seguir por
agora; hás-de seguir-me mais tarde.» 37 Disse-lhe Pedro: «Senhor, porque não
posso seguir-te agora? Eu daria a vida por ti!» 38 Replicou Jesus: «Darias a
vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me
teres negado três vezes!»
Amar a Igreja
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É
esta uma contínua exigência da Igreja que se - por um lado - introduz na nossa
alma o aguilhão do zelo apostólico, por outro, manifesta também claramente a
misericórdia infinita de Deus para com as criaturas.
São
Tomás explica assim: “O Sacramento do
baptismo pode faltar de dois modos. Em primeiro lugar, quando não se recebeu
nem de facto, nem de desejo. É o caso de quem não se baptizou nem quer
baptizar-se. Esta atitude, nos que têm uso da razão, implica desprezo pelo
Sacramento. E, em consequência, aqueles a quem falta desta forma o baptismo,
não podem entrar no reino dos céus: já que não se incorporam a Cristo nem
sacramentalmente nem espiritualmente e unicamente d'Ele é que procede a
salvação. Em segundo lugar, pode também faltar o Sacramento do baptismo a uma
pessoa, mas não o seu desejo, como no caso daquele que, embora se deseje
baptizar, é surpreendido pela morte antes de receber o Sacramento. A quem isto
suceder, pode salvar-se sem o baptismo actual e só com o desejo do Sacramento.
Este desejo procede da fé que age pela caridade, através da qual Deus, que não
ligou o seu poder aos Sacramentos visíveis, santifica interiormente o homem”.
Apesar
de ser completamente gratuita e de não se dever a ninguém por título algum - e
menos ainda depois do pecado-, Deus Nosso Senhor não recusa a ninguém a
felicidade eterna e sobrenatural: a Sua generosidade é infinita.
É
coisa notória que aqueles que sofrem de ignorância invencível acerca da nossa
santíssima religião, quando guardam cuidadosamente a lei natural e os seus
preceitos, esculpidos por Deus nos corações de todos, e estão dispostos a
obedecer a Deus e levam uma vida honesta e recta, podem alcançar a eterna, por
intermédio da acção operante da luz divina e da graça.
Só
Deus sabe o que se passa no coração de cada homem, e Ele não trata as almas em
massa, mas uma a uma.
Não
corresponde a ninguém nesta terra julgar sobre a salvação ou condenação eternas
num caso concreto.
26
Mas
não esqueçamos que a consciência pode deformar-se de modo culpável,
endurecer-se no pecado e resistir à acção salvadora de Deus.
Daí,
a necessidade de pregar a doutrina de Cristo, as verdades de fé e as normas
morais; e daí também a necessidade dos Sacramentos, todos instituídos por Jesus
Cristo como causas instrumentais da Sua graça e remédio para as misérias
consequentes ao nosso estado de natureza caída.
Daí
se deduz também que convém recorrer frequentemente à Penitência e à Comunhão
Eucarística.
Fica,
portanto, bem concretizada a tremenda responsabilidade de todos na Igreja e
especialmente dos pastores com estes conselhos de São Paulo: “Conjuro-te
diante de Deus e de Jesus Cristo que há-de julgar os vivos e os mortos, pela
Sua vinda e pelo Seu reino: prega a palavra de Deus, insiste a tempo e fora de
tempo, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque
virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão
para si mestres conforme os seus desejos, levados pelo prurido de ouvir
doutrinas acomodadas às suas paixões. E afastarão os ouvidos da verdade e os
aplicarão às fábulas”.
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Tempo de provação
Eu
não saberia dizer quantas vezes se cumpriram estas palavras proféticas do
Apóstolo. Mas só um cego deixaria de ver como actualmente se estão a verificar
quase à letra.
Rejeita-se
a doutrina dos mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, tergiversa-se sobre o
conteúdo das bem-aventuranças dando-lhe um significado político-social: e quem
se esforça por ser humilde, manso e limpo de coração, é tratado como um
ignorante ou um atávico defensor de coisas passadas.
Não
se suporta o jugo da castidade e inventam-se mil maneiras de ludibriar os
preceitos divinos de Cristo.
Há
um sintoma que os engloba todos: a tentativa de desviar os fins sobrenaturais
da Igreja.
Por
justiça, alguns já não entendem a vida de santidade, mas uma luta política
determinada, mais ou menos tingida de marxismo, que é inconciliável com a fé
cristã.
Por
libertação, não admitem a batalha pessoal para fugir do pecado, mas uma tarefa
humana, que pode ser nobre e justa em si mesma, mas que carece de sentido para
o cristão quando implica a desvirtuação da única coisa necessária, a salvação
eterna das almas, uma a uma.
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Com
uma cegueira originada pelo afastamento de Deus - «este povo honra-Me com os
lábios, mas o seu coração está longe de Mim» -, fabrica-se uma imagem da
Igreja que não tem a menor relação com a que Cristo fundou.
Até
o Santo Sacramento do Altar - a renovação do Sacrifício do Calvário - é
profanado, ou reduzido a um mero símbolo daquilo a que chamam a comunhão dos
homens entre si.
Que
seria das almas, se Nosso Senhor não Se tivesse entregado por nós até à última
gota do Seu Precioso Sangue!
Como
é possível que se despreze esse milagre perpétuo da presença real de Cristo no
Sacrário?
Ficou
para que vivamos intimamente com Ele, para que O adoremos, para que nos
decidamos a seguir as Suas pegadas, como penhor da glória futura.
Estes
tempos são tempos de provação e temos de pedir a Nosso Senhor, com um clamor
que não cesse, que os abrevie, que olhe com misericórdia para a Sua Igreja e
conceda novamente luz sobrenatural às almas dos pastores e às de todos os
fiéis.
Não
há motivo algum que leve a Igreja a empenhar-se em agradar aos homens, porque
nunca os homens - nem sós, nem em comunidade - darão a salvação eterna: quem
salva é Deus.
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