19/11/2020

Leitura espiritual 19 Novembro

 


Evangelho

 

Jo XIII, 18-38

 

Jesus anuncia a traição de Judas

 

18 Não me refiro a todos vós. Eu bem sei quem escolhi, e há-de cumprir-se a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou contra mim o calcanhar. 19 Desde já vo-lo digo, antes que isso aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que Eu sou. 20 Em verdade, em verdade vos digo: quem receber aquele que Eu enviar é a mim que recebe, e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.» 21Tendo dito isto, Jesus perturbou-se interiormente e declarou: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há-de entregar!» 22 Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem a quem se referia. 23 Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito. 24 Simão Pedro fez-lhe sinal para que lhe perguntasse a quem se referia. 25 Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o peito de Jesus, perguntou: «Senhor, quem é?» 26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado de pão ensopado.» E molhando o bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27 E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Jesus disse-lhe, então: «O que tens a fazer fá-lo depressa.» 28 Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu, porém, com que fim lho dissera. 29 Alguns pensavam que, como Judas tinha a bolsa, Jesus lhe tinha dito: ‘Compra o que precisamos para a Festa’, ou que desse alguma coisa aos pobres. 30 Tendo tomado o bocado de pão, saiu logo. Fazia-se noite. 31 Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus. 32 E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-la muito em breve.» 33 «Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: ‘Para onde Eu for vós não podereis ir’, também agora o digo a vós.

 

Mandamento Novo

34 Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. 35 Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.»

 

Profecia da negação de Pedro

36 Disse-lhe Simão Pedro: «Senhor, para onde vais?» Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, tu não me podes seguir por agora; hás-de seguir-me mais tarde.» 37 Disse-lhe Pedro: «Senhor, porque não posso seguir-te agora? Eu daria a vida por ti!» 38 Replicou Jesus: «Darias a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes!»

 


Amar a Igreja

 

25

 

É esta uma contínua exigência da Igreja que se - por um lado - introduz na nossa alma o aguilhão do zelo apostólico, por outro, manifesta também claramente a misericórdia infinita de Deus para com as criaturas.

 

São Tomás explica assim: “O Sacramento do baptismo pode faltar de dois modos. Em primeiro lugar, quando não se recebeu nem de facto, nem de desejo. É o caso de quem não se baptizou nem quer baptizar-se. Esta atitude, nos que têm uso da razão, implica desprezo pelo Sacramento. E, em consequência, aqueles a quem falta desta forma o baptismo, não podem entrar no reino dos céus: já que não se incorporam a Cristo nem sacramentalmente nem espiritualmente e unicamente d'Ele é que procede a salvação. Em segundo lugar, pode também faltar o Sacramento do baptismo a uma pessoa, mas não o seu desejo, como no caso daquele que, embora se deseje baptizar, é surpreendido pela morte antes de receber o Sacramento. A quem isto suceder, pode salvar-se sem o baptismo actual e só com o desejo do Sacramento. Este desejo procede da fé que age pela caridade, através da qual Deus, que não ligou o seu poder aos Sacramentos visíveis, santifica interiormente o homem”.

 

Apesar de ser completamente gratuita e de não se dever a ninguém por título algum - e menos ainda depois do pecado-, Deus Nosso Senhor não recusa a ninguém a felicidade eterna e sobrenatural: a Sua generosidade é infinita.

 

É coisa notória que aqueles que sofrem de ignorância invencível acerca da nossa santíssima religião, quando guardam cuidadosamente a lei natural e os seus preceitos, esculpidos por Deus nos corações de todos, e estão dispostos a obedecer a Deus e levam uma vida honesta e recta, podem alcançar a eterna, por intermédio da acção operante da luz divina e da graça.

 

Só Deus sabe o que se passa no coração de cada homem, e Ele não trata as almas em massa, mas uma a uma.

Não corresponde a ninguém nesta terra julgar sobre a salvação ou condenação eternas num caso concreto.

 

 

26

 

Mas não esqueçamos que a consciência pode deformar-se de modo culpável, endurecer-se no pecado e resistir à acção salvadora de Deus.

Daí, a necessidade de pregar a doutrina de Cristo, as verdades de fé e as normas morais; e daí também a necessidade dos Sacramentos, todos instituídos por Jesus Cristo como causas instrumentais da Sua graça e remédio para as misérias consequentes ao nosso estado de natureza caída.

Daí se deduz também que convém recorrer frequentemente à Penitência e à Comunhão Eucarística.

 

Fica, portanto, bem concretizada a tremenda responsabilidade de todos na Igreja e especialmente dos pastores com estes conselhos de São Paulo: Conjuro-te diante de Deus e de Jesus Cristo que há-de julgar os vivos e os mortos, pela Sua vinda e pelo Seu reino: prega a palavra de Deus, insiste a tempo e fora de tempo, repreende, suplica, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque virá tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas multiplicarão para si mestres conforme os seus desejos, levados pelo prurido de ouvir doutrinas acomodadas às suas paixões. E afastarão os ouvidos da verdade e os aplicarão às fábulas”.

 

 

27

 

Tempo de provação

 

Eu não saberia dizer quantas vezes se cumpriram estas palavras proféticas do Apóstolo. Mas só um cego deixaria de ver como actualmente se estão a verificar quase à letra.

 

Rejeita-se a doutrina dos mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, tergiversa-se sobre o conteúdo das bem-aventuranças dando-lhe um significado político-social: e quem se esforça por ser humilde, manso e limpo de coração, é tratado como um ignorante ou um atávico defensor de coisas passadas.

 

Não se suporta o jugo da castidade e inventam-se mil maneiras de ludibriar os preceitos divinos de Cristo.

 

Há um sintoma que os engloba todos: a tentativa de desviar os fins sobrenaturais da Igreja.

 

Por justiça, alguns já não entendem a vida de santidade, mas uma luta política determinada, mais ou menos tingida de marxismo, que é inconciliável com a fé cristã.

 

Por libertação, não admitem a batalha pessoal para fugir do pecado, mas uma tarefa humana, que pode ser nobre e justa em si mesma, mas que carece de sentido para o cristão quando implica a desvirtuação da única coisa necessária, a salvação eterna das almas, uma a uma.

 

28

 

Com uma cegueira originada pelo afastamento de Deus - «este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim» -, fabrica-se uma imagem da Igreja que não tem a menor relação com a que Cristo fundou.

 

Até o Santo Sacramento do Altar - a renovação do Sacrifício do Calvário - é profanado, ou reduzido a um mero símbolo daquilo a que chamam a comunhão dos homens entre si.

 

Que seria das almas, se Nosso Senhor não Se tivesse entregado por nós até à última gota do Seu Precioso Sangue!

 

Como é possível que se despreze esse milagre perpétuo da presença real de Cristo no Sacrário?

 

Ficou para que vivamos intimamente com Ele, para que O adoremos, para que nos decidamos a seguir as Suas pegadas, como penhor da glória futura.

 

Estes tempos são tempos de provação e temos de pedir a Nosso Senhor, com um clamor que não cesse, que os abrevie, que olhe com misericórdia para a Sua Igreja e conceda novamente luz sobrenatural às almas dos pastores e às de todos os fiéis.

 

Não há motivo algum que leve a Igreja a empenhar-se em agradar aos homens, porque nunca os homens - nem sós, nem em comunidade - darão a salvação eterna: quem salva é Deus.

 

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