13/11/2020

Leitura espiritual 13 Novembro

 

Evangelho

 

Jo XI, 1-20

 

 

Ressurreição de Lázaro

 

1 Estava doente um homem chamado Lázaro, de Betânia, terra de Maria e de Marta, sua irmã. 2 Maria, cujo irmão, Lázaro, tinha caído doente, era aquela que tinha ungido os pés do Senhor com perfume e lhos enxugara com os seus cabelos. 3 Então, as irmãs enviaram a Jesus este recado: «Senhor, aquele que amas está doente.» 4 Ouvindo isto, Jesus disse: «Esta doença não é de morte, mas sim para a glória de Deus, manifestando-se por ela a glória do Filho de Deus.» 5 Jesus era muito amigo de Marta, da sua irmã e de Lázaro. 6 Mas, quando recebeu a notícia de que este estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde se encontrava. 7 Só depois é que disse aos discípulos: «Vamos outra vez para a Judeia.» 8 Disseram-lhe os discípulos: «Rabi, há pouco os judeus procuravam apedrejar-te, e Tu queres ir outra vez para lá?» 9 Jesus respondeu: «Não tem doze horas o dia? Se alguém anda de dia, não tropeça, porque tem a luz deste mundo. 10 Mas, se andar de noite, tropeça, porque não tem a luz com ele.» 11 Depois de ter pronunciado estas palavras, acrescentou: «O nosso amigo Lázaro está a dormir, mas Eu vou lá acordá-lo.» 12 Os discípulos disseram então: «Senhor, se ele dorme, vai curar-se!» 13 Mas Jesus tinha falado da sua morte, ao passo que eles julgavam que falava do sono natural. 14 Então, Jesus disse-lhes claramente: «Lázaro morreu; 15 e Eu, por amor de vós, estou contente por não ter estado lá, para assim poderdes crer. Mas vamos ter com ele.» 16 Tomé, chamado Gémeo, disse aos companheiros: «Vamos nós também, para morrermos com Ele.» 17 Ao chegar, Jesus encontrou-o sepultado havia quatro dias. 18 Betânia ficava perto de Jerusalém, a quase uma légua, 19 e muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para lhes darem os pêsames pelo seu irmão. 20 Logo que Marta ouviu dizer que Jesus estava a chegar, saiu a recebê-lo, enquanto Maria ficou sentada em casa.

 


Amar a Igreja

1

               

Os textos da liturgia deste Domingo formam uma cadeia de invocações ao Senhor.

 

Dizemos-Lhe que é o nosso apoio, a nossa rocha, a nossa defesa.

 

A oração recolhe também esse motivo do intróito: “Tu nunca privas da tua luz aqueles que se estabelecem na solidez do teu amor”.

 

No gradual, continuamos a recorrer a Ele: “Nos momentos de angústia invoquei-Te, Senhor... livra, ó Senhor, a minha alma dos lábios mentirosos e das línguas que enganam. Senhor refugio-me em Ti”.

 

É comovente esta insistência de Deus, nosso Pai, empenhado em recordar-nos que devemos apelar para a sua Misericórdia a todo o momento, aconteça o que acontecer, e também agora, nestes tempos em que vozes confusas sulcam a Igreja; são tempos de extravio porque muitas almas não encontram bons pastores, outros Cristos, que as guiem para o amor do Senhor, mas, pelo contrário, ladrões e salteadores, que vêm para roubar, matar e destruir.

 

Não temamos.

 

A Igreja, que é o Corpo de Cristo há-de ser indefectivelmente o caminho e o redil do Bom Pastor, o fundamento robusto e a via aberta para todos os homens.

 

Acabamos de ler o Santo Evangelho:

 

«Vai até aos caminhos e os cercados e anima os que encontrares a quem venham, para que se encha a minha casa

 

2

               

Mas, o que é a Igreja?

 

Onde está a Igreja?

 

Muitos cristãos, aturdidos e desorientados, não recebem resposta segura a estas perguntas, e chegam talvez a pensar que os ensinamentos que o Magistério formulou através dos séculos - e que os bons Catecismos propunham com toda a precisão e simplicidade - foram superados e hão-de ser substituídos por outros novos.

 

Uma série de factos e de dificuldades parece ter convergido, para ensombrar o rosto límpido da Igreja.

 

Alguns afirmam: a Igreja está aqui, no empenho de acomodar-nos ao que chamam tempos modernos.

 

Outros gritam: a Igreja não é mais do que a ânsia de solidariedade dos homens; devemos modificá-la de acordo com as circunstâncias actuais.

 

Enganam-se.

 

A Igreja, hoje, é a mesma que Cristo fundou, e não pode ser outra. Os Apóstolos e os seus sucessores são vigários de Deus para o governo da Igreja, fundamentada na fé e nos Sacramentos da fé.

 

E assim como não lhes é lícito estabelecer outra Igreja, não podem também transmitir outra nem instituir outros sacramentos, porque pelos Sacramentos que jorraram do peito de Cristo pendente da Cruz é que foi construída a Igreja.

 

A Igreja há-de ser reconhecida por aquelas quatro notas indicadas na confissão de fé de um dos primeiros Concílios e que nós rezamos no Credo da Missa: uma única Igreja, Santa, Católica e Apostólica.

 

Essas são as propriedades essenciais da Igreja, que derivam da sua natureza, tal como Cristo a quis.

 

E, por serem essenciais, são também notas, sinais que a distinguem de qualquer outro tipo de união humana, embora nelas se ouça também pronunciar o nome de Cristo.

 

Há pouco mais de um século, o Papa Pio IX resumiu brevemente este ensinamento tradicional: a verdadeira Igreja de Cristo constituiu-se e reconhece-se, por autoridade divina, pelas quatro notas que no Símbolo afirmamos deverem crer-se; e cada uma dessas notas, de tal modo está unida às restantes, que não pode ser separada das outras. Daí que aquela que verdadeiramente se chama Católica, deva juntamente brilhar pela prerrogativa da unidade, da santidade e da sucessão apostólica.

 

É este, insisto, o ensinamento tradicional da Igreja, repetido novamente - embora nestes últimos anos alguns o esqueçam, levados por um falso ecumenismo - pelo Concílio Vaticano II: “Esta é a única Igreja de Cristo - que no Símbolo professamos Una, Santa, Católica e Apostólica - a que o nosso Salvador, depois da ressurreição, entregou a Pedro para que a apascentasse, encarregando-o a ele e aos outros Apóstolos de a difundirem e de a governarem e que erigiu para sempre como coluna e fundamento da verdade”.

 

 

 

3

               

A Igreja é Una

 

«Que sejam um, assim como nós, clama Cristo a Seu Pai; para que sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós».

 

Brota constantemente dos lábios de Jesus Cristo esta exortação à unidade, porque todo o reino, dividido em facções contrárias, será desolado; e toda a cidade ou família, dividida em bandos, não subsistirá.

 

Exortação que se converte em desejo veemente:

 

Tenho também outras ovelhas que não são deste aprisco; e importa que eu as traga, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor

 

De que forma maravilhosa pregou Nosso Senhor esta doutrina!

 

Multiplica as palavras e as imagens, para que a compreendamos e fique gravada na nossa alma a paixão da unidade.

 

«Eu sou a verdadeira vide e o meu Pai é o agricultor. Todo o sarmento que não dá fruto em Mim, ele cortá-la-á; e todo o que der fruto, podá-la-á para que dê mais abundante fruto... Permanecei em Mim, que Eu permanecerei em vós. Como o sarmento não pode de si mesmo dar fruto, se não estiver unido à videira, assim também vós se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira e vós as varas. O que permanece em Mim e Eu nele dá muito fruto, porque, sem Mim, nada podeis fazer».

 

Não vedes como aqueles que se separam da Igreja, estando às vezes cheios de frondosidade não tardam em secar e como os seus frutos se transformam em vermineira viva?

 

Amai a Santa Igreja, Apostólica, Romana, Una! Porque, como escreve São Cipriano: “Quem recolhe noutro lado, fora da Igreja, dissipa a Igreja de Cristo”.

 

E São João Crisóstomo insiste: “não te separes da Igreja. Nada é mais forte do que a Igreja. A tua esperança é a Igreja; a tua salvação é a Igreja; o teu refúgio é a Igreja. É mais alta do que o céu e mais larga do que a terra. Nunca envelhece e o seu vigor é eterno.”

 

Defender a unidade da Igreja traduz-se em viver muito unidos a Jesus Cristo, que é a nossa vide.

 

Como?

 

Aumentando a nossa fidelidade ao Magistério perene da Igreja: na verdade, não foi prometido o Espírito Santo aos sucessores de Pedro para que por sua revelação manifestassem uma nova doutrina, mas para que, com a sua assistência, santamente custodiassem e fielmente exprimissem a revelação transmitida pelos Apóstolos ou depósitos da fé.

 

Assim conservaremos a unidade, venerando esta Nossa Mãe sem mancha e amando o Romano Pontífice.

 

 

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