Ajuda-me a pedir um novo Pentecostes, que abrase outra vez a Terra. (Sulco, 213)
O
Senhor tinha dito: Rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito, outro
Consolador, para que permaneça convosco eternamente (Jo XIV, 16).
Reunidos
todos os Discípulos num mesmo lugar, de repente, sobreveio do céu um ruído,
como que de vento impetuoso, que invadiu toda a casa, onde se encontravam. - Ao
mesmo tempo, umas línguas de fogo repartiram se e pousaram sobre cada um deles (Act II, 1-3).
Cheios
do Espírito Santo, os Apóstolos estavam como bêbados (Act II, 13).
E Pedro, rodeado pelos outros onze, levantou a voz e falou. - Ouvimo-lo pessoas de cem países. - Cada um o escuta na sua língua. - Tu e eu, na nossa. - Fala nos de Cristo Jesus e do Espírito Santo e do Pai.
Não
o apedrejam, nem o metem na cadeia; convertem se e são baptizados três mil dos
que o ouviram.
Tu
e eu, depois de ajudarmos os Apóstolos na administração dos baptismos, louvamos
a Deus Pai por Seu Filho, Jesus, e sentimo-nos também ébrios do Espírito Santo.
(Santo Rosário, 3º mistério glorioso)
Por
isso, a Tradição cristã resumiu a atitude que devemos adoptar para com o
Espírito Santo num só conceito: docilidade. Sermos sensíveis àquilo que o
Espírito divino promove à nossa volta e em nós mesmos: aos carismas que
distribui, aos movimentos e instituições que suscita, aos efeitos e decisões
que faz nascer nos nossos corações... O Espírito Santo realiza no Mundo as
obras de Deus. Como diz o hino litúrgico, é dador das graças, luz dos corações,
hóspede da alma, descanso no trabalho, consolo no pranto. Sem a sua ajuda nada
há no homem que seja inocente e valioso, pois é Ele que lava o que está sujo,
que cura o que está doente, que aquece o que está frio, que corrige o
extraviado, que conduz os homens ao porto da salvação e do gozo eterno. (Cristo que passa, 130)
Vale
a pena jogar a vida, entregar-se por inteiro, para corresponder ao amor e à
confiança que Deus deposita em nós. Vale a pena, acima de tudo, que nos
decidamos a tomar a sério a nossa fé cristã. Quando recitamos o Credo,
professamos crer em Deus Pai Todo-Poderoso, em seu Filho Jesus Cristo que
morreu e foi ressuscitado, no Espírito Santo, Senhor que dá a vida. Confessamos
que a Igreja una, santa, católica e apostólica, é o corpo de Cristo, animado
pelo Espírito Santo. Alegramo-nos com a remissão dos nossos pecados e com a
esperança da futura ressurreição. Mas, essas verdades penetrarão até ao fundo
do coração ou ficarão apenas nos lábios? A mensagem divina de vitória, alegria
e paz do Pentecostes deve ser o fundamento inquebrantável do modo de pensar, de
reagir e de viver de todo o cristão. (Cristo
que passa, 129)
A
maravilha do Pentecostes é a consagração de todos os caminhos; nunca pode
entender-se como monopólio nem estima de um só em detrimento de outros.
Pentecostes
é infinita variedade de línguas, de métodos, de formas de encontro com Deus;
não uniformidade violenta. (Sulco, 226)
É
o Espírito Santo que, com as suas inspirações, vai dando tom sobrenatural aos
nossos pensamentos, desejos e obras. É Ele que nos impele a aderir à doutrina
de Cristo e a assimilá-la em profundidade; que nos dá luz para tomar
consciência da nossa vocação pessoal e força para realizar tudo o que Deus
espera de nós. Se formos dóceis ao Espírito Santo, a imagem de Cristo ir-se-á
formando, cada vez mais nítida, em nós e assim nos iremos aproximando cada vez
mais de Deus Pai. Os que são conduzidos pelo Espírito de Deus, esses são filhos
de Deus.
Se
nos deixarmos guiar por esse princípio de vida, presente em nós, que é o
Espírito Santo, a nossa vitalidade espiritual irá crescendo e
abandonar-nos-emos nas mãos do nosso Pai Deus, com a mesma espontaneidade e
confiança com que um menino se lança nos braços do pai. Se não vos tornardes
como meninos, não entrareis no Reino dos Céus, disse o Senhor. É este o antigo
e sempre actual caminho da infância espiritual, que não é sentimentalismo nem
falta de maturidade humana, mas sim maioridade sobrenatural, que nos leva a
aprofundar as maravilhas do amor divino, reconhecer a nossa pequenez e a
identificar plenamente a nossa vontade com a de Deus. (Cristo que passa, 135)
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