Santo
Rosário - Mistérios
Gozosos
Terceiro Mistério
Jesus Nasce em Belém
Estava próxima a hora de nasceres, Senhor, e como não
havia lugar na hospedaria, Tua Mãe santíssima, decerto preocupada, mas
serenamente confiante, levou-Te ainda no seu seio para uma gruta que servia de
estábulo.
E aí nasceste Senhor.
O meu Deus, o meu Senhor, o meu Salvador!
«Como não havia
lugar na hospedaria...» (Cfr.
Lc 2, 7)
Porque
não haveria lugar?
Por
a cidade estar cheia de forasteiros que ali iam recensear-se?
Por
não aparentarem, aquela jovem mulher e o seu marido, posses ou posição social?
Sim, com um simples burrico por transporte, uma pequena
trouxa de magros pertences, não o seriam por certo.
Talvez
fosse por estas duas principais razões, talvez. É um facto que a cidade estaria
cheia de gente.
Mas então, Maria e José foram tão imprudentes que não
esperaram uns dias até que Tu nascesses para então fazerem a viagem!?
Não procuraram assegurar estadia em casa de algum parente
ou conhecido!?
Não, não terão feito nada disto. Provavelmente porque não
podiam, as comunicações eram difíceis e, depois, porque se tratava de duas
criaturas de extrema simplicidade. Não era seu hábito programar a vida, medir
os passos, organizar em detalhe as coisas futuras.
Com uma confiança ilimitada na providência de Deus,
sabiam perfeitamente que haverias de nascer quando e onde quisesses, Senhor, e
que haverias de prover todas as necessidades que ocorressem.
Mas não havia, de facto, lugar na hospedaria?
Não
seria possível descobrir um pequeno recanto, uma água-furtada, um esconso onde
a jovem mãe pudesse, com recato e algum conforto, dar à luz o seu Filho!?
Quantas vezes, Senhor, eu não tive lugar para Ti?
Quantas
vezes!
Sempre
cheio de coisas, de preocupações, ambições, desejos, devaneios, ouvi eu,
entendi eu que eras Tu, ali, à porta do meu coração, pedindo um bocadinho, um
pequeno espaço, para poderes nascer!
Quantas vezes quiseste nascer dentro de mim e, eu, pobre
de mim, não deixei, não quis!
Ah! Senhor, eu sei que não sou digno, mas uma simples
palavra Tua e este pobre coração cheio de mazelas e pecados, ficará radioso de
brancura e Tu poderás, ainda que por momentos, nascer dentro dEle.
Bate, Senhor, com força – para me acordares do meu torpor
- à minha porta, eu abrir-Te-ei e deixar-Te-ei entrar e aqui farás o Teu
Presépio.
Não
desejo outra coisa, Senhor, senão sentir-Te dentro de mim, irradiando a Tua Paz
e o Teu calor de Amor.
Oh! Minha mãe, Maria Santíssima, descansa aqui um pouco,
deixa-me por momentos o teu Filho que eu O embalarei com o meu amor, a minha
dedicação inteira, a minha devoção profunda.
Podes tu, José meu pai e senhor, confiar-me o teu
excelente Filho adoptivo, eu tomarei boa conta d'Ele, embora fique estático e
estarrecido por tamanha ventura e tão grande honra.
A minha alma anseia que assim seja.
(AMA,
1999)
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