Santo
Rosário - Mistérios
Gozosos
Segundo Mistério
Visita de Nossa Senhora a Santa Isabel
Porque o Anjo te disse que tua prima Isabel – aquela que
consideravam estéril - estava já há seis meses esperando um filho, não pensaste
em mais nada e puseste-te a caminho para a visitar.
Porque era necessário acompanhá-la nos últimos tempos da
gravidez. Isabel já não era jovem e seria bem-vinda a presença de uma jovem
dedicada para auxiliar nas complicações de uma gravidez fora de tempo.
Porque era necessário estares presente em tão
extraordinário acontecimento noticiado por um Anjo do Senhor. O mesmo Anjo que
te tinha anunciado que serias Mãe do Salvador.
Porque talvez conviesse o sacrifício e incómodos de uma
viagem longa, para pensar mais profundamente em todas as maravilhas que te
tinham acontecido. Sentias já o teu Filho no teu seio e isto era indubitavelmente
obra misteriosa e magnifica de Deus.
Talvez
quisesses falar com o teu primo Zacarias que, sendo sacerdote, poderia aclarar
um pouco todo o misterioso futuro que se descrevia nas Escrituras. Talvez por
restes motivos todos mas, estou certo, que não pensaste em mais nada senão em
ser útil e prestável a uma família que precisava dos teus préstimos.
E tudo se desvaneceu perante a recepção de Isabel. As
palavras que te dirigiu. O estremecimento de João no seio de sua mãe.
Tudo
se torna claríssimo como água. A Vontade de Deus é agora mais nítida mais
transparente.
E
rompes num canto maravilhoso de acção de graças e louvor, de humildade e
entrega.
Não
pedes nada, não desejas nada. Sabes perfeitamente que não precisarás de coisa
alguma, nunca, porque Deus proverá tudo quanto precisares.
E o Senhor ouve da tua boca o Magnificat (Lc
1, 39-55) esplendoroso que, para
sempre, ficará gravado na história do povo de Deus e será repetidamente cantado
pela legião enorme dos teus filhos.
Só tu, Virgem Maria, poderias ter reunido com tanta
simplicidade e candura um hino de louvor e submissão ao Criador. Um hino onde
se espelham as certezas todas, todos os caminhos que Deus manda trilhar para
que a Sua Vontade seja cumprida.
Que coração poderia albergar tais sentimentos?
Que alma saberia elevar-se de tal forma?
Que ser humano poderia alguma vez, louvar e enaltecer o
seu Criador de forma tão perfeita?
Sabendo, Senhora, que já eras a Mãe do próprio Deus,
sabendo tu, Senhora, que o Salvador, Rei dos Reis, habitava já no teu seio, não
te exaltas nem envaideces, antes te envaideces e exaltas por o Senhor fazer o
que quer, como, quando e com quem quer.
Quando dizes que serás aclamada por todas as gerações não
o dizes por ti, mas porque sabes que, ao fazê-lo, essas gerações aclamarão a
Mãe de Deus.
Dás a Deus o que seria legítimo, humanamente falando,
julgar teu.
Sabes que Jesus é realmente o Filho de Deus e que foste
apenas o instrumento de que Ele Se serviu para dar corpo substancial à Sua
Vontade.
Não te ocorre um momento que tens o mais pequeno mérito
em tal maravilha, ou que não o mereces. Tens a consciência plena que é a
Vontade do Senhor e não te compete saber ou indagar: porquê tu, Maria.
Ah!, minha Senhora, como tua prima deve ter gozado com a
tua visita, como devem ter sido extraordinariamente leves e felizes os tempos
que ali passaste.
Ajuda-me
também a mim a compreender que não tenho que pensar ou discutir ou indagar a
Vontade do Senhor. Que sou um instrumento muito rudimentar de que Deus se
serve, apenas para ser servido e, ao fazê-lo, saiba eu também louvar e
enaltecer o Deus que me criou e me governa, porque a Sua Vontade é a única
vontade que reconheço e a minha felicidade será dar-lhe cumprimento total.
(AMA,
1999)
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