29/09/2020

Leitura espiritual Setembro 29


Cartas de São Paulo

Tito - 2

Qualidades dos anciãos e dos jovens –
1 Tu, porém, ensina o que é conforme à sã doutrina. 2 Os anciãos sejam sóbrios, dignos, prudentes, firmes na fé, na caridade e na paciência. 3 Do mesmo modo, as anciãs tenham um comportamento reverente, não sejam caluniadoras nem escravas do vinho, mas mestras de virtude, 4 a fim de ensinarem as jovens a amar os maridos e os filhos, 5 a serem prudentes, castas, boas donas de casa e dóceis aos maridos, de modo que a palavra de Deus não seja difamada. 6 Exorta igualmente os jovens a serem moderados, 7 apresentando-te em tudo a ti próprio como exemplo de boas obras, de integridade na doutrina, de dignidade, 8 de palavra sã e irrepreensível, para que os adversários fiquem confundidos, por não terem nada de mal a dizer de nós.

Os escravos –
9 Exorta os escravos a serem em tudo dóceis aos seus senhores, procurando agradar-lhes em tudo e não os contradizendo 10 nem defraudando, mas mostrando-se totalmente leais, a fim de honrarem em tudo a doutrina de Deus nosso Salvador. 11 Com efeito, manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens, 12 para nos ensinar a renúncia à impiedade e aos desejos mundanos, a fim de vivermos no século presente com sobriedade, justiça e piedade, 13 aguardando a bem-aventurada esperança e a gloriosa manifestação do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo. 14 Ele entregou-se por nós, a fim de nos resgatar de toda a iniquidade e de purificar e constituir um povo de sua exclusiva posse e zeloso na prática do bem. 15 Assim é que deves falar, exortar e repreender com toda a autoridade. E que ninguém te despreze.

Amigos de Deus

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«Os discípulos, todavia - escreve São João - não sabiam que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Moços, tendes alguma coisa de comer?»
Esta cena tão familiar de Cristo, a mim, enche-me de alegria.
Que diga isto Jesus Cristo, Deus!
Ele, que já tem corpo glorioso!
«Lançai a rede para o lado direito da barca e encontrareis.
Lançaram a rede e já não a podiam tirar por causa da grande quanti­dade de peixes
Agora compreendem.
Recordam o que tinham ouvido tantas vezes dos lábios do Mestre: Pescadores de homens, apóstolos!...
E compreendem que tudo é possível, porque é Ele Quem dirige a pesca.

«Então aquele discípulo que Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor!»
O amor vê.
E de longe.
O amor é o primeiro a captar aquela delicadeza.
O Apóstolo adolescente, com o firme carinho que sentia por Jesus, pois amava Cristo com toda a pureza e toda a ternura de um coração que nunca se corrompera, exclamou: «É o Senhor!»

«Simão Pedro, mal ouviu dizer que era o Senhor, cingiu a túnica e lançou-se ao mar.»
Pedro é a fé.
E lança-se ao mar, com uma audácia maravilhosa.
Com o amor de João e a fé de Pedro, aonde podemos nós chegar!?

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As almas são de Deus

«Os outros discípulos foram com a barca, porque não estavam distantes de terra, senão duzentos côvados, tirando a rede cheia de peixes.» Em seguida põem a pesca aos pés do Senhor, porque é sua, para que aprendamos que as almas são de Deus, que ninguém nesta terra pode atribuir a si mesmo essa propriedade, que o apostolado da Igreja - a palavra e a realidade da salvação - não se baseia no prestígio de algumas pessoas, mas na graça divina.

Jesus Cristo interroga Pedro por três vezes, como se lhe quisesse dar a oportunidade de reparar a sua tripla negação.
Pedro já aprendeu, escarmentado com a sua própria miséria: está pro­fundamente convencido de que são inúteis aqueles seus alardes temerários; tem consciência da sua debilidade.
Por isso, põe tudo nas mãos de Cristo: Senhor, tu sabes que eu te amo... «Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo
E que responde Cristo?
«Apascenta os meus cordeiros; apascenta as minhas ovelhas
Não as tuas, não as vossas; as Minhas!
Porque foi Ele quem criou o homem, Ele quem o redimiu, Ele quem comprou cada alma, uma a uma, repito, com o preço do seu Sangue.

Quando os donatistas, no século V, lançavam os seus ataques contra os católicos, diziam ser impossível que o bispo de Hipona, Agostinho, professasse a verdade, porque tinha sido um grande pecador. E Santo Agostinho sugeria aos seus irmãos na fé como haviam de replicar: “Agostinho é bispo na Igreja Católica.
Ele leva a carga, de que há-de dar contas a Deus.
Conheci-o entre os bons.
Se é mau, ele o sabe; se é bom, nem por isso deposito nele a minha esperança.
Porque a primeira coisa que aprendi na Igreja Católica foi a não pôr a minha esperança num homem.

Não fazemos o nosso apostolado.
Então, como havemos de dizer?
Fazemos - porque Deus o quer, porque assim no-lo mandou: ide por todo o mundo e pregai o Evangelho - o apostolado de Cristo.
Os erros são nossos; os frutos, do Senhor.

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Audácia para falar de Deus

E como realizaremos esse apostolado?
Antes de mais, com o exemplo, vivendo de acordo com a Vontade do Pai, como Jesus Cristo nos revelou com a sua vida e os seus ensinamentos.
Fé verdadeira é aquela que não permite que as acções contradigam o que se afirma com as palavras.
Devemos medir a autenticidade da nossa fé examinando a nossa con­duta pessoal. Se não nos esforçamos por realizar com os nossos actos o que confessamos com os lábios, não somos sinceramente crentes

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Vem agora a propósito recordar um episódio que põe em evidência o esplêndido vigor apostólico dos primeiros cristãos.
Não tinha passado um quarto de século desde que Jesus subira aos céus e já em muitas cidades e povoados se propagava a sua fama.
A Éfeso chega um homem chamado Apolo, varão eloquente e versado nas Escrituras.
Estava instruído no caminho do Senhor; pregava com fervor de espírito e ensinava com exactidão o que dizia respeito a Jesus, embora só conhecesse o baptismo de João.

Na mente desse homem já se tinha insinuado a luz de Cristo.
Ouvira falar d'Ele e anuncia-o aos outros.
Mas ainda lhe faltava um pouco de caminho para se informar melhor, abraçar totalmente a fé e amar deveras o Senhor.
Áquila e Priscila, um casal em que ambos são cristãos, ouvem as suas palavras e não ficam inactivos, indiferentes.
Não pensam: este já sabe bastante; não temos por que lhe dar lições.
Como eram almas com autêntica preocupação apostólica, foram ter com Apolo, levaram-no consigo e instruíram-no mais a fundo na doutrina do Senhor.

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Admirai também o comportamento de S. Paulo: prisioneiro, por divulgar os ensinamentos de Cristo, não desaproveita ocasião alguma para difundir o Evangelho. Diante de Festo e Agripa, não duvida em declarar: “Graças ao auxílio de Deus, perseverei até ao dia de hoje, dando testemunho da verdade a pequenos e grandes, não pregando senão o que Moisés e os profetas disseram que havia de suceder: que Cristo havia de padecer, e que seria o primeiro a ressuscitar dos mortos, e que anunciaria a luz a este povo e aos gentios.”

O apóstolo não se cala, não oculta a sua fé nem a actividade apostólica que tinha provocado o ódio dos seus perseguidores; continua a anunciar a salvação a toda a gente.
E com uma audácia maravilhosa enfrenta-se com Agripa: “Crês, ó rei Agripa, nos profetas? Eu sei que crês.”
Quando Agripa comenta: “Por pouco não me persuades a fazer-me cris­tão, Paulo disse-lhe: Prouvera a Deus que, por pouco ou muito, não somente tu, mas também quantos me ouvem se fizessem hoje tais como eu sou, menos estas cadeias.”

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Donde tirava São Paulo esta força?
Omnia possum in eo qui me confortat!
Tudo posso, porque só Deus me dá esta fé, esta esperança, esta caridade.
Custa-me muito acreditar na eficácia sobrenatural de um apostolado que não esteja apoiado, solidamente centrado, numa vida de contínua intimidade com o Senhor.
E isto no meio do trabalho, dentro de casa ou no meio da rua, com todos os problemas mais ou menos importantes que surgem todos o dias.
Em qualquer sítio onde se esteja, mas com o coração em Deus.
E então as nossas palavras e as nossas acções - até as nossas misérias! - exalarão o bonus odor Christi, o bom odor de Cristo, que os outros forçosamente hão-de sentir: aí está um verdadeiro cristão.

272        

Se cedesses à tentação de perguntar a ti mesmo: quem me manda a mim meter-me nisto? teria de responder-te: Manda-to, pede-to o próprio Cristo.
A messe é grande e os operários são poucos.
Rogai, pois, ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe.
Não digas, comodamente: eu para isto não sirvo; para isto já há outros; não estou feito para isto...
Não.
Para isto não há outros.
Se tu pudesses falar assim, todos podiam dizer a mesma coisa.
O pedido de Cristo dirige-se a todos e cada um dos cristãos. Ninguém está dispensado: nem por razões de idade, nem de saúde, nem de ocupação.
Não há desculpas de nenhum género.
Ou produzimos frutos de apostolado ou a nossa fé será estéril.




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