28/09/2020

Leitura espiritual Setembro 28


Cartas de São Paulo

Tito - 1

Saudação –
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, em ordem à fé dos eleitos de Deus e ao conhecimento da verdade, que conduz à piedade, 2 na esperança da vida eterna, prometida desde os tempos antigos pelo Deus que não mente 3 e que, no devido tempo, manifestou a sua palavra, pela pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador: 4 a Tito, meu verdadeiro filho, pela fé comum, a graça e a paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador.

Qualidades dos presbíteros 
5 Deixei-te em Creta, para acabares de organizar o que ainda falta e para colocares presbíteros em cada cidade, de acordo com as minhas instruções. 6 Cada um deles deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, com filhos crentes, e não acusados de vida leviana ou de insubordinação. 7 Porque é preciso que o bispo, como administrador de Deus, seja irrepreensível, não arrogante, nem colérico, nem dado ao vinho, à violência ou ao lucro desonesto; 8 mas, antes, hospitaleiro, amigo do bem, prudente, justo, piedoso, continente, 9 firmemente enraizado na doutrina da palavra digna de fé, de modo que seja capaz de exortar com sãos ensinamentos e de refutar os contraditores.

Os falsos mestres –
10 Há, de facto, muitos insubordinados, palradores e sedutores, sobretudo entre os da circuncisão, 11 aos quais é preciso tapar a boca, pois transtornam famílias inteiras, ensinando o que não devem, tendo em vista o lucro desonesto. 12 Aliás, como disse um deles, que era profeta, «os cretenses são sempre mentirosos, bestas más e ventres preguiçosos.» 13 E este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que tenham uma fé sã, 14 não dando ouvidos a fábulas judaicas e a preceitos de homens que se afastaram da verdade. 15 Tudo é puro para os puros, mas, para os corruptos e os incrédulos, nada é puro, porque a sua mente e a sua consciência estão corrompidas. 16 Proclamam conhecer a Deus, mas negam-no com as obras, revelando-se abomináveis, rebeldes e incapazes de qualquer obra boa.

Amigos de Deus

261
         
Replicou-lhe Simão: «Mestre, trabalhámos durante toda a noite e não apanhámos nada
A resposta de Simão parece razoável.
Costumavam pescar de noite, e precisamente aquela noite tinha sido infrutífera.
Para que haviam de pescar de dia?
Mas Pedro tem fé: «Porém, sobre a tua palavra, lançarei a rede.» Resolve proceder como Cristo lhe sugeriu; compromete-se a trabalhar, fiado na Palavra do Senhor.
E que acontece?
«Tendo feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes, que a sua rede se rompia. Então fizeram sinal aos companheiros que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar. Vieram e encheram tanto ambas as barcas, que quase se afundavam».

Ao sair para o mar com os discípulos, Jesus não pensava só nesta pesca.
E por isso, quando Pedro se lança aos Seus pés e confessa com humildade: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecado»r, Nosso Senhor respondeu-lhe:« Não temas. De hoje em diante serás pescador de homens
E nessa nova pesca também não faltará a eficácia divina, pois, apesar das suas misérias pessoais, os Apóstolos serão instrumentos de gran­des prodígios

262
        
Os milagres repetem-se

Atrevo-me a assegurar que também o Senhor fará de nós instrumentos capazes de realizar milagres e até, se for preciso, dos mais extraordinários, se lutarmos diariamente por alcançar a santidade, cada um dentro do seu estado, no meio do mundo, no exercício da sua profissão, na vida normal e corrente.
Daremos luz aos cegos...
Quem não poderia contar mil casos de cegos, quase de nascença, que recobraram a vista, recebendo todo o esplendor da luz de Cristo?
E de outros que eram surdos, e outros mudos, que não podiam ouvir ou articular uma palavra como filhos de Deus...
E que purificaram os seus sentidos, e já ouvem, e já se exprimem como homens, não como animais!... In nomine Iesu!, em nome de Jesus, os seus Apóstolos dão agilidade àquele aleijado, que era incapaz de uma acção útil...
E àquele outro, um poltrão, que conhecia as suas obrigações mas não as cumpria... - Em nome do Senhor, surge et ambula!; levanta-te e caminha!
E um outro, já morto, apodrecido, que tresandava a cadáver, também ouviu a voz de Deus, como no milagre do filho da viúva de Naim - Rapaz, eu te ordeno: levanta-te!
Faremos milagres como os de Cristo, milagres como os dos primeiros Apóstolos...
Talvez esses prodígios se tenham dado contigo mesmo, ou comigo... Talvez fôssemos cegos, ou surdos, ou estropiados, ou cheirássemos a cadáver, e a palavra do Senhor nos tivesse levantado da nossa prostração...
Pois bem: se amamos Cristo, se o seguimos com sinceridade, se não nos procuramos a nós mesmos mas tão só a Ele, em seu nome poderemos transmitir a outros de graça, o que de graça nos foi concedido.

263
        
Tenho pregado constantemente sobre esta possibilidade sobrenatural e humana que Deus, nosso Pai, pôs nas mãos dos seus filhos: a de participar na Redenção operada por Cristo.
E enche-me de alegria encontrar esta mesma doutrina nos textos dos Padres da Igreja.
São Gregório Magno explica: “Os cristãos tiram as serpentes, quando ar­rancam o mal do coração dos outros com a exortação ao bem...
A imposição das mãos sobre os enfermos ocorre quando se vê que o próximo enfraquece na prática do bem e se lhe oferece ajuda de mil maneiras, robustecendo-o com a força do exemplo.
Estes milagres são tanto maiores quanto se passam no campo espiritual, dando vida, não aos corpos, mas às almas.
Também vós, se não vos desleixardes, podereis operar estes prodígios com a ajuda de Deus.”

Deus quer que todos se salvem.
Isto é um convite e uma responsabilidade que pesam sobre cada um de nós.
A Igreja não é um reduto de privilegiados.
A grande Igreja será porventura uma exígua parte da Terra?
A grande Igreja é o mundo inteiro.” Assim escrevia Santo Agostinho, acrescentando: “Aonde quer que te dirijas, aí está Cristo. Tens por herança os confins da Terra. Vem! Toma posse dela toda comigo.”

Recordais como estavam as redes? Carregadas, a transbordar. Não cabiam mais peixes.
Deus espera ardentemente que se encha a Sua casa. É Pai e gosta de viver com todos os filhos à sua volta.

264
        
Apostolado na vida corrente

Vejamos agora aquela outra pesca que se deu depois da Paixão e Morte de Jesus Cristo.
Pedro negou três vezes o Mestre e chorou de pena humildemente.
O galo, com o seu canto, recordou-lhe as advertências do Senhor e ele pediu perdão do fundo da alma.
Enquanto espera, contrito, na promessa da Ressurreição, exerce o seu ofício e vai pescar.
A propósito desta pesca, pergunta-se com frequência por que é que Pedro e os filhos de Zebedeu voltaram à ocupação que tinham antes de o Senhor os chamar.
Efectivamente eram pescadores quando o Senhor lhes disse: Segui-me e Eu vos farei pescadores de homens.
Aos que se surpreendem com esta conduta deve-se responder que não estava proibido aos Apóstolos exercer a sua profissão, visto que se tratava de coisa legítima e honesta.

O apostolado, essa ânsia que vibra no íntimo do cristão, não é coisa separada da vida de todos os dias; confunde-se com o próprio trabalho, convertido em ocasião de encontro pessoal com Cristo.
Nesse trabalho, ombro a ombro com os nossos colegas, com os nossos amigos, com os nossos parentes, lutando pelos mesmos interesses, podemos ajudá-los a chegar a Cristo, que nos espera na margem do lago...
Antes de ser apóstolo, pescador.
Também, pescador depois de ser apóstolo.
Antes e depois, a mesma profissão.

265
         
Que mudança há então?
Há mudança na alma, porque nela entrou Cristo, tal como entrou na barca de Pedro.
Abrem-se amplos horizontes, maior ambição de servir e um desejo ir­reprimível de anunciar a todas as criaturas as magnalia Dei, as coisas maravilhosas que o Senhor faz, se lho permitimos.
Aqui não posso deixar de recordar que o trabalho, digamos profissional dos sacerdotes é um ministério divino e público, que abarca exigentemente toda a sua vida.
Pode-se dizer até, de um modo geral, que se a um sacerdote lhe sobra tempo para trabalhos que não sejam propriamente sacerdotais, é certo que não cumpre os deveres do seu ministério.

«Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Também nós vamos contigo. Foram, pois, e entraram numa barca. Naquela noite nada apanharam. Chegada a manhã, Jesus apresentou-se na praia».

Passa ao lado dos seus Apóstolos, junto daquelas almas que se lhe entregaram...
E eles não se dão conta disso!
Quantas vezes está Cristo, não perto de nós, mas dentro de nós, e temos uma vida tão humana!
Cristo está ao nosso lado e não recebe um olhar de carinho, uma palavra de amor, uma obra de serviço por parte dos seus filhos!






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