14/09/2020

Leitura espiritual Setembro 14

Cartas de São Paulo

Tessalonicenses - 2

A nossa adesão a Cristo –
1 Com efeito, quero que saibais como é grande a luta que mantenho por vós, bem como pelos de Laodiceia e por quantos nunca me viram pessoalmente, 2 para que tenham ânimo nos seus corações, vivendo bem unidos no amor, e assim atinjam toda a riqueza, que é a plena compreensão, o conhecimento do mistério de Deus: Cristo, 3 em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. 4 Digo isto para que ninguém vos engane com discursos sedutores. 5 Com efeito, ainda que eu esteja ausente de corpo, estou, porém, convosco em espírito, alegrando-me por ver a ordem que há entre vós e a firmeza da vossa fé em Cristo.

II. FIDELIDADE AO EVANGELHO

A vida em Cristo –
6 Do mesmo modo que recebestes Cristo Jesus, o Senhor, continuai a caminhar nele: 7 enraizados e edificados nele, firmes na fé, tal como fostes instruídos, transbordando em acção de graças. 8 Olhai que não haja ninguém a enredar-vos com a filosofia, o que é vazio e enganador, fundado na tradição humana ou nos elementos do mundo, e não em Cristo. 9 Porque é nele que habita realmente toda a plenitude da divindade, 10 e nele vós estais repletos de tudo, Ele que é a cabeça de todo o Poder e Autoridade. 11 Foi nele que fostes circuncidados com uma circuncisão que não é feita por mão humana: fostes despojados do corpo carnal, pela circuncisão de Cristo. 12 Sepultados com Ele no Baptismo, foi também com Ele que fostes ressuscitados, pela fé que tendes no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. 13 A vós, que estáveis mortos pelas vossas faltas e pela incircuncisão da vossa carne, Deus deu-vos a vida juntamente com Ele: perdoou-nos todas as nossas faltas, 14 anulou o documento que, com os seus decretos, era contra nós; aboliu-o inteiramente, e cravou-o na cruz. 15 Depois de ter despojado os Poderes e as Autoridades, expô-los publicamente em espectáculo, e celebrou o triunfo que na cruz obtivera sobre eles.

Erros que ameaçam a fé –
16 Por isso, não vos deixeis condenar por ninguém, no que toca à comida e à bebida, ou a respeito de uma festa, de uma Lua-nova ou de um sábado. 17 Tudo isto não é mais que uma sombra das coisas que hão-de vir; a realidade está em Cristo. 18 Não vos deixeis inferiorizar por quem quer que seja que se deleite com práticas de humildade ou culto dos anjos. É gente que, dando toda a atenção às suas visões, em vão se gloria com a sua inteligência carnal 19 e não se apoia naquele que é a Cabeça; é a partir dele que todo o Corpo, abastecido e mantido pelas junturas e articulações, recebe o seu crescimento de Deus. 20 Se morrestes com Cristo para os elementos do mundo, porque é que vos submeteis a normas, como se estivésseis ainda dependentes do mundo? 21 Não tomes, não proves, não toques 22 em coisas, todas elas destinadas a ser consumidas; coisas de acordo com os preceitos e ensinamentos dos homens! 23 São normas que, embora tenham uma aparência de sabedoria - a respeito do culto voluntário, da humildade, da austeridade corporal - não têm qualquer valor; só servem para satisfazer a carne.



Amigos de Deus

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Vida corrente e contemplação

Voltemos ao Santo Evangelho e detenhamo-nos no que refere São Mateus, no capítulo vigésimo primeiro.
Conta-nos que Jesus, «quando voltava para a cidade, teve fome. Vendo uma figueira junto do caminho, aproximou-se dela».
Que alegria, Senhor, ver-Te com fome, ver-Te também sedento, junto do poço de Sicar!
Contemplo-Te perfectus Deus, perfectus homo: Verdadeiro Deus, mas também verdadeiro homem, com carne como a minha.
Aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, para que eu nunca mais duvidasse de que Ele me compreende e me ama.

«Teve fome».
Sempre que nos cansemos - no trabalho, no estudo, na tarefa apostólica - sempre que no horizonte haja trevas, então é preciso olhar Cristo: Jesus bom, Jesus cansado, Jesus faminto e sedento.
Como Te fazes compreender bem, Senhor!
Como Te fazes amar!
Mostras-Te igual a nós em tudo, excepto no pecado, para que sintamos que conTigo poderemos vencer as nossas más inclinações e as nossas culpas.
Efectivamente, não têm importância o cansaço, a fome, a sede, as lágrimas...
Cristo cansou-Se, passou fome, teve sede, chorou.
O que importa é a luta - uma luta amável, porque o Senhor permanece sempre a nosso lado - para cumprir a vontade do Pai que está nos céus.

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Aproxima-Se da figueira: aproxima-Se de ti e aproxima-Se de mim.
Jesus tem fome e sede de almas.
Do alto da cruz clamou: «sítio»!, tenho sede.
Sede de nós, do nosso amor, das nossas almas e de todas as almas que Lhe devemos levar pelo caminho da Cruz, que é o caminho da imortalidade e da glória do Céu.

Abeirou-Se da figueira, mas não encontrou senão folhas.
É lamentável.
Não acontecerá assim também na nossa vida?
Não haverá nela, infelizmente, falta de fé e de vibração de humildade, ausência de sacrifícios e de obras?
Não será que apresentamos um cristianismo só de fachada e sem frutos?
É terrível, porque Jesus ordena: «Nunca mais nasça fruto de ti. E, imediatamente, secou a figueira».
Entristece-nos esta passagem da Sagrada Escritura, ao mesmo tempo que, por outro lado, nos anima a avivar a fé, a viver conformes à fé, para que Cristo receba sempre algum lucro da nossa parte.

Não nos enganemos.
Nosso Senhor não depende nunca das nossas construções humanas. Os projectos mais ambiciosos são, para Ele, brincadeiras de crianças. Ele quer almas, quer amor.
Quer que todos venham gozar do Seu Reino, por toda a eternidade. Temos de trabalhar muito na terra e temos de trabalhar bem, porque essa ocupação corrente é a que devemos santificar.
Mas nunca nos esqueçamos de a realizar por Deus.
Se trabalhássemos por nós mesmos, isto é, por orgulho, só conseguiríamos produzir folhas e nem Deus nem os homens poderiam saborear, numa árvore tão frondosa, a doçura dos frutos.

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Então, ao olharem para a figueira seca, os discípulos admiraram-se, dizendo: Como secou a figueira imediatamente?
Aqueles primeiros doze, que tinham presenciado tantos milagres de Cristo, ficam estupefactos mais uma vez, porque a sua fé ainda não era ardente.
Por isso o Senhor afirma: «Na verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito a esta figueira, mas ainda se disserdes a este monte: sai daí e lança-te ao mar, assim se fará».
Jesus Cristo estabelece esta condição: Que vivamos da fé, porque depois seremos capazes de remover montanhas.
E há tantas coisas a remover... no mundo e, antes de mais, no nosso coração.
Tantos obstáculos à graça!
Tenhamos, pois, fé. Fé com obras, fé com sacrifício, fé com humildade.
Na realidade, a fé converte-nos em criaturas omnipotentes: «E tudo o que pedirdes com fé na oração o recebereis».

O homem de fé sabe julgar bem as questões terrenas, sabe que a vida terrena é, no dizer de Santa Teresa, "uma má noite numa má pousada".
Renova a sua convicção de que a nossa existência na terra é tempo de trabalho e de luta, tempo de purificação para saldar a dívida para com a justiça divina, pelos nossos pecados.
Sabe também que os bens temporais são meios e usa-os generosamente, heroicamente.

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A fé não serve só para ser pregada, mas especialmente para ser posta em prática.
Talvez nos faltem as forças com frequência. Nesses momentos - e de novo nos socorremos do Santo Evangelho - comportai-vos como aquele pai do rapaz lunático.
Deseja a salvação do filho, espera que Cristo o cure, mas não acaba de acreditar em tamanha felicidade. Por isso Jesus, que sempre pede fé, conhecendo as perplexidades daquela alma, antecipa-Se: Se tu podes crer, «tudo é possível ao que crê».
Tudo é possível: omnipotentes!
Mas com fé.
Aquele homem sente que a sua fé vacila, teme que essa escassez de confiança impeça que o seu filho recupere a saúde. E chora.
Que não nos envergonhemos deste pranto: É fruto do amor de Deus, da oração contrita, da humildade.
E o pai do menino, banhado em lágrimas, exclamou: «eu creio, Senhor, mas ajuda a minha incredulidade».

Ao terminar agora esta nossa meditação, digamos-Lhe com as mesmas palavras: Senhor, eu creio!
Eduquei-me na Tua fé, decidi seguir-Te de perto.
Ao longo da minha vida, implorei insistentemente a Tua misericórdia. E, repetidas vezes também, pareceu-me impossível que pudesses fazer tantas maravilhas no coração dos Teus filhos.
Senhor, creio!
Mas ajuda-me, para que eu creia mais e melhor!

Dirigimos igualmente uma súplica a Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa, Mestra de fé: Bem-aventurada tu que creste, porque se hão-de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas.

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Há já bastantes anos, com uma convicção que crescia de dia para dia, escrevi: Espera tudo de Jesus; tu nada tens, nada vales, nada podes; Ele agirá, se Nele te abandonares.
Passou o tempo e aquela minha convicção tornou-se ainda mais forte, mais profunda.
Tenho visto, em muitas vidas, que a esperança em Deus acende maravilhosas fogueiras de amor, com um fogo que mantém palpitante o coração, sem desânimos, sem desfalecimentos, embora ao longo do caminho se sofra e, às vezes, se sofra deveras.

Enquanto lia o texto da Epístola da Missa, comovi-me e imagino que vos aconteceu o mesmo.
Compreendia que Deus nos ajudava, com as palavras do Apóstolo, a contemplar a teia divina das três virtudes teologais, que compõem o fundo sobre o qual se tece a existência autêntica do homem cristão, da mulher cristã.

Ouvi de novo São Paulo: “Justificados pela fé, tenhamos paz com Deus, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo, por Quem temos acesso pela fé a esta graça, na qual permanecemos firmes e nos gloriamos na esperança da glória dos filhos de Deus. Mas não nos gloriamos somente nisto; alegramo-nos também nas tribulações, sabendo que a tribulação exercita a paciência, a paciência a prova e a prova a esperança; esperança que não engana, porque a caridade de Deus foi derramada em nossos corações pelo Espírito Santo.”




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