05/08/2020

BRINCAR SOBRE AS ÁGUAS DA FÉ


Chamas-me de longe e eu salto do barco e fico de pé na água!
Parece que já nada me espanta quando estou contigo!!!
Dou saltos, cambalhotas, corro para Ti, parecendo uma criança que encontrou a plena felicidade!
Nada, nem um bocadinho de mim se afunda naquelas águas calmas em que ao longe, de pé, me esperas de braços abertos.
Surge uma pequena onda, quase nada, apenas uma “ruga” na água calma, mas eu hesito e começo a sentir os pés a afundarem-se na água.
Faço um esforço, olho ao longe e vejo-Te perto e redobra a confiança e continuo a minha caminhada sobre a água, alegre e feliz à procura dos Teus braços.
Levanta-se o vento, as ondas tomam tamanho e eu já não consigo vencer o medo!
Começo a afundar-me!
O meu coração grita-me bem alto: Confia, acredita, vais ver que consegues andar sobre as ondas. Ele espera-te!
Mas a cabeça deixa-se levar pelos pensamentos da minha vontade e diz-me com voz forte: Não vês que Ele está longe? Como queres tu chegar perto d’Ele sobre a água? Se Ele quiser, Ele que venha ter contigo!
Afundo-me!
A água já me dá pelo peito!
Ainda rezo, mas sem convicção, quase por rotina, e sinto já a água no meu pescoço, pronta para me engolir num todo.
Num derradeiro esforço, olho-Te nos olhos que sorriem para mim, estendo a minha mão e grito: Senhor, salva-me!
Estendes a Tua mão, agarras a minha, puxas-me para Ti e junto comigo, como crianças, corremos, damos saltos e cambalhotas sobre as águas, sobre as ondas e Tu abraças-me e dizes-me ao ouvido, repassado de amor: Homem de pouca fé!
E eu envergonhado, mas feliz respondo: É verdade, Senhor, Tu nunca nos faltas mesmo nas ondas mais alterosas. Obrigado, Senhor!

Marinha Grande, 3 de Agosto de 2020

Joaquim Mexia Alves

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