22/07/2020

Virtudes 11


Humildade 4

Ver as coisas boas e conviver
«Tocámos flauta e não bailastes; entoámos lamentações e não chorastes» (Mt 11, 17): o Senhor serve-se de uma canção ou, talvez, de um jogo popular, para ilustrar o facto de alguns dos Seus contemporâneos não saberem reconhecê-Lo. Nós estamos chamados para descobrir Cristo nos acontecimentos e nas pessoas. Corresponde-nos respeitar os modos divinos de actuar: Deus cria, liberta, resgata, perdoa, chama... Não podemos correr o risco de nos opormos à plena liberdade do amor com que Deus entra na vida de cada pessoa. (Papa Francisco, Carta ap. Misericordia et misera (30-XI-2016), 2).
Manifestar-se aos outros implica adaptar-se a eles; por exemplo, para participar num desporto colectivo com outros que têm menos técnica; ou esquecendo alguma preferência nossa para descansar com os outros como eles gostam. No convívio, quem é humilde gosta de ser positivo. Ao contrário, o orgulhoso tende a destacar demasiado o que é negativo. Na família, no trabalho, na sociedade, a humildade permite-nos ver os outros a partir das suas virtudes. Quem, por outro lado, tem tendência a falar frequentemente das coisas que o “põem nervoso” ou o irritam, costuma fazê-lo por falta de amplitude de horizontes, de indulgência, de abertura da mente e do coração. Talvez devesse aprender a amar os outros com os seus defeitos. Exercita-se assim uma pedagogia do amor que, pouco a pouco, cria uma dinâmica irresistível: fazemo-nos mais pequenos para que os outros cresçam. Foi assim que fez o precursor: «Convém que Ele cresça e eu diminua» (Jo 3, 30), disse o Baptista. O Verbo tornou-se ainda mais pequeno: Na tradução grega do Antigo Testamento, os Padres da Igreja encontravam uma frase do profeta Isaías – que o próprio São Paulo cita – para mostrar como os caminhos novos de Deus estavam já pré-anunciados no Antigo Testamento. Eis a frase: O Senhor compendiou a sua Palavra, abreviou-a (Is 10, 23; Rm 9, 28). (...) O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. (Papa Bento XVI, Ex. ap. Verbum Domini, 12).

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