Aquele que
perseverar até ao fim, será salvo (Mt 10, 22)
A paciência está em
estreita correspondência com a perseverança. Esta costuma ser definida como a
persistência no exercício de obras virtuosas apesar da dificuldade e do cansaço
derivado de sua demora no tempo. Mais precisamente costuma-se falar de
constância quando se trata de vencer a tentação de abandonar o esforço perante
o aparecimento de um obstáculo concreto; enquanto se fala de perseverança
quando o obstáculo é apenas o prolongar no tempo desse esforço (Cf. Ángel
Rodríguez Luño, Scelti in Cristo per essere santi III. Morale speciale, EDUSC,
Roma 2008, p. 298).
Não se trata
somente de uma qualidade humana, necessária para alcançar objetivos mais ou
menos ambiciosos. A perseverança, à imitação de Cristo, que foi obediente ao
desígnio do Pai até o final (Cf. Fl. 2, 8), é necessária para a salvação, segundo as palavras evangélicas: «mas
aquele que perseverar até o fim será salvo» (Mt 10, 22). Entende-se então
a verdade da afirmação de (São Josemaria: “Começar é de todos; perseverar,
de santos” ((São Josemaria, Caminho, n. 983)
Daí o amor que este sacerdote santo revelava
pelo trabalho bem acabado, que descrevia como um saber colocar as “últimas
pedras” em cada trabalho realizado (“Gosto das últimas [pedras], que supõem o termo de um longo e paciente
esforço” ((São Josemaria, Entrevista para “El Cruzado Aragonés”, 3 de Maio
de 1969, n. 16).
“Toda a
fidelidade deve passar pela prova mais exigente: o tempo […]. É fácil ser
coerente por um dia, ou por alguns dias […]. Só pode chamar-se fidelidade a uma
coerência que dura toda uma vida” (João Paulo II, Homilia na Catedral Metropolitana, México, 26 de janeiro de
1979). Estas palavras de
São João Paulo II ajudam a compreender a perseverança sob uma luz mais
profunda, não como mero persistir, mas antes de tudo como autêntica coerência
de vida; uma fidelidade que acaba por merecer o louvor do Senhor da parábola
dos talentos, e que pode considerar-se como uma fórmula evangélica de
canonização: «Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te
confiarei muito. Vem regozijar-se com o teu senhor» (Mt 25, 23).
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