Madrugada de Sexta-Feira Santa
A
esta hora em que escrevo esta meditação já é Sexta-Feira.
O
Senhor acaba de sair da casa do Sumo-Sacerdote depois de ser sujeito a um
simulacro de julgamento sem qualquer base sólida de acusação nem direito a contestação.
Várias
“testemunhas” acusam e inventam, inventam e acusam.
Como
numa peça de teatro medíocre os actores prestam-se a desempenhos lamentáveis.
Jesus
é atacado na Sua honra, no Seu bom-nome, na Sua dignidade.
Mas
cala-se, não se defende, não reage.
Está
triste e abatido, acabou de ouvir cá fora, no páteo, Pedro – o Seu Cefas – a
jurar que não O conhecia.
Está
ansioso por sair dali para lhe lançar um olhar sereno e amigo que fará o pobre
Pedro debulhar-se em lágrimas.
Acabando
com o “teatro medíocre” o Sumo-Sacerdote tem um gesto teatral que, pensa ele, é
definitivo: rasga as vestes.
Até
este acto é falso porque as vestimentas têm um lugar especial para serem
rasgadas, mas isso não importa, é assim mesmo e todos sabem que tal significa o
reconhecimento da ”gravidade das culpas” assacadas ao prisioneiro.
A
partir daqui tudo se precipita num crescendo de violências, desacatos, faltas
de respeito. O Senhor é levado aos empurrões, com uma corda ao pescoço através
das vielas da cidade em direcção ao Pretório de Pilatos.
Sinto-me
chocado com estas cenas e não aceito que o meu Senhor, o meu Jesus, seja
tratado assim.
Não
culpo os “juízes”, os Seus inimigos porque não posso; Ele dirá no alto da Cruz:
«Pai perdoa-lhes porque não sabem o que
fazem».
Culpo-me
a mim que sei muito bem o que faço e com as minhas misérias e pecados sem
conta o “obriguei” a passar por este transe.
Ele
quis salvar-me, desejou que fosse Seu seguidor e partilhasse com Ele a vida
eterna.
E…
tenho de aceitar, tal como Ele aceitou, esta dor e remorso de ser como sou, de
“fazer o mal que não quero e não fazer o bem que quero”.
E,
aceitando rendidamente a Vontade do meu Senhor, seco as minhas lágrimas e vou
pelo que resta da noite, procurar a Santíssima Virgem.
Quero
estar com ela, aninhar-me nos seus braços e dizer-lhe que a amo muito, muito,
muito.
Ah!
E pedir-lhe que me abençoe e que me leve por um caminho seguro [1] o
resto dos dias que me for concedido viver, para me encontrar finalmente com o
seu querido Filho, o meu Irmão Jesus.
(AMA,
2016)
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