
Vida interior. Santidade nas
tarefas usuais, santidade nas coisas pequenas, santidade no trabalho
profissional, nas canseiras de todos os dias...; santidade para santificar os
outros. Numa certa ocasião, um meu conhecido - nunca hei-de chegar a conhecê-lo
bem - sonhava que ia a voar num avião a uma grande altura, mas não dentro da
cabine; ia montado nas asas. Coitado do desgraçado: como sofria e se
angustiava! Parecia que Nosso Senhor lhe dava a conhecer que assim andam pelas
alturas - inseguras, inquietas - as almas apostólicas que não têm vida interior
ou que a descuidam: com o perigo constante de caírem, sofrendo, incertas.
E penso, efectivamente, que
correm um sério risco de se extraviarem os que se lançam à acção - ao activismo
- prescindindo da oração, do sacrifício e dos meios indispensáveis para
conseguir uma piedade sólida: a frequência dos Sacramentos, a meditação, o
exame de consciência, a leitura espiritual, a convivência assídua com a Virgem
Santíssima e com os Anjos da Guarda... Tudo isto contribui, além disso, com uma
eficácia insubstituível, para que o caminho do cristão seja tão agradável,
porque da sua riqueza interior jorram a doçura e a felicidade de Deus como o
mel do favo.
Na intimidade pessoal, na
conduta externa, no convívio com os outros, no trabalho, cada um há-de procurar
manter-se numa contínua presença de Deus, com uma conversa - um diálogo - que
não se manifesta exteriormente. Melhor dito, não se exprime normalmente com
ruído de palavras, mas há-de notar-se pelo empenho e pela diligência amorosa
com que acabamos bem as tarefas, tanto as importantes como as insignificantes.
Se não procedêssemos com essa constância, seríamos pouco coerentes com a nossa
condição de filhos de Deus, pois teríamos desperdiçado os recursos que Nosso
Senhor colocou providencialmente ao nosso alcance, para chegarmos ao estado de
homem perfeito, à medida da idade perfeita segundo Cristo. (Amigos de Deus, 18-19).
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