Devemos fazer nossas, por
assimilação, aquelas palavras de Jesus: «desiderio desideravi hoc Pascha
manducare vobiscum», desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco. De
nenhuma forma poderemos manifestar melhor o nosso máximo interesse e amor pelo
Santo Sacrifício, que observando esmeradamente até a mais pequena das
cerimónias prescritas pela sabedoria da Igreja.
E, além do Amor, deve
urgir-nos a "necessidade" de nos parecermos com Jesus Cristo, não só
interiormente, mas também externamente, movendo-nos - nos amplos espaços do
altar cristão - com aquele ritmo e harmonia da santidade obediente, que se
identifica com a vontade da Esposa de Cristo, quer dizer, com a Vontade do
próprio Cristo. (Forja, 833)
Cristo vive. Esta é a grande
verdade que enche de conteúdo a nossa fé. Jesus, que morreu na cruz,
ressuscitou; triunfou da morte, do poder das trevas, da dor e da angústia. Não
temais - foi com esta invocação que um anjo saudou as mulheres que iam ao
sepulcro. Não temais. Procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado.
Ressuscitou; não está aqui. Haec est dies quam fecit Dominus, exultemus et
laetemur in ea - este é o dia que o Senhor fez; alegremo-nos.
O tempo pascal é tempo de
alegria, de uma alegria que não se limita a esta época do ano litúrgico, mas
mora sempre no coração dos cristãos. Porque Cristo vive. Cristo não é uma
figura que passou, que existiu em certo tempo e que se foi embora, deixando-nos
uma recordação e um exemplo maravilhosos. Não. Cristo vive. Jesus é Emanuel:
Deus connosco. A sua Ressurreição revela-nos que Deus não abandona os seus.
Pode a mulher esquecer o fruto do seu seio e não se compadecer do filho das
suas entranhas? Pois ainda que ela se esquecesse, Eu não me esquecerei de ti,
havia-nos Ele prometido. E cumpriu a promessa. Deus continua a ter as Suas
delícias entre os filhos dos homens.
Cristo vive na sua Igreja. «Digo-vos
a verdade: convém-vos que Eu vá; porque se Eu não for, o Consolador não virá a
vós; mas, se Eu for, enviar-vo-Lo-ei». Esses eram os desígnios de Deus:
Jesus morrendo na Cruz, dava-nos o Espírito de Verdade e de Vida. Cristo
permanece na sua Igreja: nos seus sacramentos, na sua liturgia, na sua
pregação, em toda a sua actividade.
De modo especial, Cristo
continua presente entre nós nessa entrega diária que é a Sagrada Eucaristia.
Por isso a Missa é o centro e a raiz da vida cristã. Em todas as Missas está
sempre presente o Cristo total, Cabeça e Corpo. Per Ipsum, et cum Ipso, et
in Ipso. Porque Cristo é o Caminho, o Mediador. Nele tudo encontramos; fora
d'Ele a nossa vida torna-se vazia. Em Jesus Cristo, e instruídos por Ele,
atrevemo-nos a dizer - audemus dicere - Pater noster, Pai nosso.
Atrevemo-nos a chamar Pai ao Senhor dos Céus e da Terra.
A presença de Jesus vivo na
Sagrada Hóstia é a garantia, a raiz e a consumação da sua presença no Mundo. (Cristo
que Passa,102)
São muitos os cristãos
persuadidos de que a Redenção se há-de realizar em todos os ambientes do mundo,
e de que deve haver algumas almas (não sabem quais) que contribuam para a
realizar com Cristo. Mas vêem-na a um prazo de séculos, de muito séculos... de
uma eternidade, se se levasse a cabo ao passo da sua entrega.
Assim pensavas tu, até que
vieram "despertar-te". (Sulco, 1)
Pasma ante a magnanimidade
de Deus: fez-se Homem para nos redimir, para que tu e eu - que não valemos
nada, reconhece-o! - O tratemos com confiança. (Forja , 30)
Egoísta! - Tu, sempre tu,
sempre o que é "teu". - Pareces incapaz de sentir a fraternidade de
Cristo: nos outros, não vês irmãos; vês "degraus".
Pressinto o teu rotundo
fracasso. - E, quando te tiveres afundado, quererás que tenham para contigo a
caridade que agora não queres ter. (Caminho, 31)
O chamamento do Senhor - a
vocação - apresenta-se sempre assim: "Se alguém quer vir após Mim,
negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-Me".
Sim, a vocação exige
renúncia, sacrifício. Mas que agradável acaba por ser o sacrifício ("gaudium
cum pace", alegria e paz), se a renúncia é completa! (Sulco,
8)
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