VIA-SACRA
XI
ESTAÇÃO
JESUS
É PREGADO NA CRUZ
Nós Vos adoramos e
bendizemos oh Jesus! Que pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Finalmente
chegou o momento para o qual nasceste em Belém, naquela gruta.
O meu Senhor, é estendido
sobre o madeiro que transportou sobre os ombros em chaga.
As
pancadas do martelo soam, cavas e terríveis, no coração de quantos as ouvem,
diariamente, desde há dois mil anos.
Debruçam-se
curiosos, alguns dos que, desde a casa de Pilatos, Te seguiram pela Via
Dolorosa.
Esperam em vão um queixume,
um gesto de revolta, ou talvez, uma súbita reacção do homem que ainda há poucos
dias, sabiam-no, imperava aos ventos e às tempestades ou alimentava multidões
com uns poucos de pães e alguns peixes.
O
Senhor, abre gentilmente os braços ao madeiro que O espera.
Todo o Seu corpo estremece
quando os grossos pregos Lhe trespassam a carne, mas, da Sua boca, não sai um
lamento.
E o
meu Senhor ali fica; todo o Seu Corpo distendido, preso pelos cravos dos pulsos
e dos pés, de braços abertos entre o Céu e a Terra.
Todos
têm de O ver, de todos atrai o olhar.
Aos
Seus pés, Sua Mãe, esmagada pela dor; João o discípulo amado, as amigas de
sempre: Marta, Madalena, Maria, olham sem acreditar, por entre as lágrimas, o
seu doce Rabi, exangue e morrendo.
Oh
Senhor!
Como
é possível que tal aconteça?
Quem
pôde fazer tal coisa?
Os
meus pecados, as minhas faltas levaram-te até aí, a esse lugar onde agora
estás, a esse madeiro pregado.
Não mais, Senhor, não mais
voltarei a ofender-Te, não mais Te farei reviver tal imolação.
Com
o coração a sangrar de dor e profundamente agradecido aceito o Teu sublime
sacrifício, beijo os Teus pés chagados e abraço-me a essa Cruz onde me redimes
e me salvas.
PN, AVM, GLP.
Senhor: Tem piedade de nós.
(AMA, Porto, Quaresma de 1983)
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