(Cfr. Lc 8, 49-56)
As primeiras
palavras com que Cristo ressuscitado saúda os Apóstolos são exactamente
palavras de paz:
Cristo quer,
definitivamente, dar a entender que o Seu Reino está já entre nós e é, sem
dúvida, um reino de paz.
Um dos nomes que as
Escrituras atribuíam ao Messias era exactamente o de “Príncipe da Paz”.
Este reino de paz
vai começar, exactamente, com um acto de enormíssima violência: a Paixão e
Crucifixão, como se fosse um ponto de definitiva viragem da página da história
da relação de Deus com os homens.
Até ali, Deus, era
o “Senhor dos exércitos”, derrotava os inimigos os quais punha como escabelo
dos pés do rei de Israel.
Por isso não
podemos estranhar que os Israelitas vissem o Messias como um guerreiro
formidável e imbatível que haveria de, arrastando atrás de si todo o povo,
derrotar de forma definitiva os inimigos e devolver a Israel a sua grandeza e
domínio das nações.
É estranha esta
forma humana de conceber a paz.
Muitas vezes, ao
longo da história da humanidade e ainda agora, concebe-se a paz à custa de
alguém, de algum povo ou nação. Por outras palavras, a paz, tal como se
concebe, consegue-se com a guerra.
Também nos dias de
hoje é o que se verifica a cada passo: a corrida aos armamentos, o
desenvolvimento contínuo de armas mais poderosas, mais mortíferas e com maior
alcance, absorve uma parte muito significativa dos recursos disponíveis de
muitos países.
«As autoridades
que, em lugar de fazer o que está em suas mãos para promover eficazmente a paz,
fomentam nos cidadãos sentimentos de hostilidade relativamente a outras nações,
assumem uma gravíssima responsabilidade.
Que dizer, também,
dos governos que se apoiam nas armas nucleares para garantir a segurança do seu
país?
Junto com
inumeráveis pessoas de boa vontade, pode afirmar-se que esta solução, além de
funesta, é totalmente falaz.
Com efeito, numa
guerra nuclear não haveria vencedores, mas apenas vítimas.
A verdade da paz
exige que todos - tanto os governos que de maneira declarada ou oculta possuem
armas nucleares, como os que querem possuí-las - invertam conjuntamente a sua
orientação com opções claras e firmes, encaminhando-se para um desarmamento nuclear
progressivo e acordado.
Os recursos
poupados deste modo poderiam empregar-se em projectos de desenvolvimento a
favor de todos os habitantes e, em primeiro lugar, dos mais pobres.
A este propósito,
tem de mencionar-se com amargura os dados sobre um aumento preocupante dos gastos
militares e do comércio sempre próspero de armas, enquanto ficam como
estancadas no pântano de uma indiferença quase geral o processo político e
jurídico empreendido pela Comunidade Internacional para consolidar o caminho do
desarmamento». [2]
(AMA, reflexões).
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