(Cfr. Lc 8, 49-56)
Dentro de alguns
dias começará a Quaresma, o período litúrgico de quarenta dias que leva os
cristãos a prepararem-se para a festa maior da nossa fé:
O Domingo da
Ressurreição.
É um tempo,
especialmente dedicado pela Igreja, à exortação dos seus filhos ao
arrependimento e penitência.
O arrependimento
sincero, que só será possível com o exame sereno e constante, do nosso
comportamento, ou seja, um entrar em nós mesmos com a valentia e a determinação
de descobrir tudo quanto nos vai no mais íntimo do ser, de pôr a nu, sem falsos
pretextos, a verdadeira raiz das nossas vidas.
Sem precipitações
nem excessos de zelo, antes com serenidade e constância, iremos examinando em
pormenor os nossos comportamentos como homens, como filhos, como pais, como
trabalhadores, como membros da sociedade, nas nossas relações com os outros, no
seio familiar ou no ambiente em que vivemos e trabalhamos.
Para que este exame
seja profícuo é muito útil tomarmos algum propósito concreto de melhoria, um
ponto de cada vez, e, desta forma, ao longo da Quaresma, iremos caminhando com
segurança para o objectivo geral de melhoria de vida.
Nesta tarefa, o
arrependimento irá surgindo inevitavelmente, preparando-nos para dar boa conta
deste facto, na Confissão Sacramental com que coroaremos este tempo de
reflexão.
Tal como a Igreja
aconselha, é muito útil a penitência, sobretudo porque ela ajuda à
concretização da vida interior.
Assim como nos
dedicaremos ao exame que atrás falava, também diariamente nos deveríamos propor
algum pequeno acto de mortificação, que não tem que ser nem violento nem
espalhafatoso:
-
Qualquer
pequena privação na comida ou na bebida;
-
O
cigarro que se deixa de fumar ou que se fuma mais tarde e não logo que apetece;
-
Um
esforço por sermos mais afáveis em casa;
-
Dedicarmos
alguma atenção extra aos nossos filhos, à nossa mulher;
-
Não
evitarmos aquele sujeito "maçador" que nos importuna;
-
Completarmos
com perfeição o nosso trabalho de cada dia;
-
A
arrumação daquela gaveta que há tanto tempo vimos adiando; enfim... pequenas
coisas que, todos sabemos bem, que nos custam.
Desta sucessão de
pequenos esforços, pequenos sacrifícios em suma, nascerá uma atitude mais
consciente perante os outros e, sobretudo, perante nós próprios.
Ser-nos-á mais
fácil, evidenciar as nossas fraquezas e deficiências.
Em concreto, será
muito útil para o exame já referido.
Sempre que alguma
tarefa mais importante ou definitiva se aproximava, Jesus retirava-se para
orar.
Os Evangelistas
relatam inúmeras vezes, este facto.
Esta atitude do
Mestre é uma indicação clara da necessidade de recolhimento e tranquilidade
para um melhor encontro com Deus.
Nesta Quaresma,
faremos um esforço para nos aproximarmos mais amiúde do Senhor presente no
Sacrário da nossa Igreja.
A alguma hora do
dia, havemos de descobrir uns momentos para Lhe fazer uma visita, breve que
seja, alguns minutos apenas, mas que serão muito provavelmente o suficiente
para nos animar nos propósitos que temos intenção de concretizar nesta
Quaresma.
Nestes quarenta
dias temos também de encontrar algum tempo diário - 15 minutos, não mais - para
lermos uma passagem do Evangelho e algum trecho de leitura espiritual.
Desta forma
completaremos uma linha mestra de atitudes de reflexão e de verdadeira união
com Deus.
Tudo isto se
traduzirá, de forma muito concreta, na nossa atitude e não deixará de
influenciar o ambiente em que nos movemos.
Em nossa casa, por
exemplo, os nossos filhos mais pequenos, e mesmo os outros, dar-se-ão conta que
vivemos um tempo "especial" em que se evidencia uma certa moderação
nos costumes: na comida e na bebida, nos divertimentos, (na utilização
excessiva da televisão, muito concretamente).
Significa, isto,
que vamos viver "conventualmente"?
É evidente que não
é disso que se trata.
Somos homens comuns
e correntes e não monges ou religiosos de qualquer congregação.
Mas somos cristãos,
fiéis da Igreja de Cristo Nosso Senhor e, por isso mesmo, parece justificável
que nos comportemos como a Santa Igreja nos aconselha.
De resto, hoje em
dia, as limitações, por assim dizer, que a Igreja nos recomenda expressamente
para este tempo, resumem-se, diria, apenas ao jejum na Quarta Feira de Cinzas e
na Sexta-feira Santa, e a uma moderação nas refeições nas Sextas-feiras, tudo o
resto, é apenas no plano interior, espiritual.
E, se acaso nos
assaltarem respeitos humanos - que todos mais ou menos temos - lembremo-nos que
somos livres de proceder como muito bem entendermos e que ninguém se pode
escandalizar por querermos cumprir os preceitos que a Santa Igreja nos
recomenda.
Os Muçulmanos têm
aquele longo tempo do Ramadão que crentes e não crentes respeitam e
compreendem.
Não parece, portanto, aceitável
alguma crítica a um cristão que pretenda viver mais autenticamente o tempo de
preparação da sua maior festa.
Somos o que
somos... temos de viver de acordo».
(AMA, reflexões).
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.