(Cfr. Lc 8, 49-56)
A vontade de intervir, demonstrada
por Jesus, nasceu do facto de aquela multidão andar com Ele há três dias, e,
como sublinha o Evangelista, em jejum.
Isto é, para ouvir e seguir o
Mestre, aquela gente prescindiu das mais elementares necessidades: a
alimentação e o descanso.
Jesus quer intervir definitivamente,
de tal forma que, por assim dizer, compense (ou recompense) a dedicação e
empenho em segui-Lo demonstrada por aquelas quatro mil pessoas.
O primeiro ponto,
portanto, parece claro: O empenho e
persistência movem o Coração do Senhor.
De resto, Ele mesmo
o dirá muito concretamente e por várias vezes.
Há-de referir-se à
insistência que junto do juiz iníquo fazia a viúva, até que aquele, cansado da
insistência, faz a justiça que ela lhe pede.
Ou aquele outro que
altas-horas da noite bate à porta do amigo para que lhe empreste pão, o que
este acaba por fazer para poder ver-se livre do importuno.
Ou seja, pedir, com
insistência perseverante, é a única forma garantida de conseguir a atenção de
Jesus para os nossos pedidos.
Pode ser que a sua
satisfação não seja imediata ou, até, nem venha nunca a verificar-se, ou porque
não pedimos bem, ou porque o que pedimos não é o melhor para nós, ou ainda
porque Deus deseja provar-nos com a dificuldade para nos dar uma oportunidade
de melhor merecermos, mas, terá sempre o seu efeito e o Senhor não deixará de
dela tirar o proveito que, em ultima análise, redundará em nosso favor.
Em segundo lugar,
constatamos que os discípulos contribuíram com sete pães e alguns peixes, que
Jesus multiplica em milhares e manda distribuir.
Quem ressuscita
mortos, dá vista aos cegos e opera tantos outros milagres portentosos, decerto
poderia, num instante, transformar em alimento as pedras do chão.
Os sete pães e os
poucos peixes tornam-se, assim, num pormenor importantíssimo a ter conta nas
nossas relações com Deus:
A nossa
contribuição para que o Senhor actue.
Decerto que, nem
repartindo em pedaços ínfimos os sete pães, os discípulos conseguiriam dar,
sequer, uma migalha a cada um dos presentes, mas, a «Deus, tudo é possível»,
[1] como o Mestre
disse de forma tão clara e explícita.
E a gente
interroga-se:
‘Mas, que tenho eu
que valha a pena?’
As minhas misérias,
as minhas fragilidades, as minhas preocupações em ter isto ou aquilo, a minha
intransigência, o meu orgulho... enfim... é com isto que Deus vai operar
qualquer milagre, por pequeno que seja?
Não... não é com
isto evidentemente.
Será antes com os
nossos desejos sinceros de melhorar, de nos tornarmos mais fortes, de nos
desprendermos das prisões excessivas e do apetite por possuir cada vez mais, do
esforço por compreender os outros e aceitá-los como são, do combate permanente
pela humildade e simplicidade de vida.
São estes os
"pães" e "peixes" da nossa contribuição para que o Mestre
possa actuar.
É com esta atitude
de generosidade concreta de tudo fazer para viver como Cristãos, que Jesus
saciará fomes, acalmará espíritos, renovará forças de muitos.
Tal como vemos no
Evangelho, a generosidade do Senhor não é mesquinha, pelo contrário, dos
restos, recolheram sete cabazes; da outra vez, tinham sido doze os cestos
cheios de pedaços de pão e restos de peixe.
Que largueza! Que
abundância!
Se a tentação, que
por vezes nos assalta, de considerarmos poucos ou inúteis os esforços que
fazemos, - porque, às vezes, por um passo dado em frente, recuamos dois, -
tenhamos bem presente esta magnifica evidência da grandeza de Deus, para nos
capacitarmos que o nosso parco e deficiente contributo, se transformará nas
Suas mãos numa abundante distribuição de bens e de graças.
(AMA, reflexões).
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