08/02/2020

THALITA KUM 95


THALITA KUM 95 

(Cfr. Lc 8, 49-56)

  
A vontade de intervir, demonstrada por Jesus, nasceu do facto de aquela multidão andar com Ele há três dias, e, como sublinha o Evangelista, em jejum.

Isto é, para ouvir e seguir o Mestre, aquela gente prescindiu das mais elementares necessidades: a alimentação e o descanso.
Jesus quer intervir definitivamente, de tal forma que, por assim dizer, compense (ou recompense) a dedicação e empenho em segui-Lo demonstrada por aquelas quatro mil pessoas.

O primeiro ponto, portanto, parece claro: O empenho e persistência movem o Coração do Senhor.

De resto, Ele mesmo o dirá muito concretamente e por várias vezes.
Há-de referir-se à insistência que junto do juiz iníquo fazia a viúva, até que aquele, cansado da insistência, faz a justiça que ela lhe pede.
Ou aquele outro que altas-horas da noite bate à porta do amigo para que lhe empreste pão, o que este acaba por fazer para poder ver-se livre do importuno.

Ou seja, pedir, com insistência perseverante, é a única forma garantida de conseguir a atenção de Jesus para os nossos pedidos.

Pode ser que a sua satisfação não seja imediata ou, até, nem venha nunca a verificar-se, ou porque não pedimos bem, ou porque o que pedimos não é o melhor para nós, ou ainda porque Deus deseja provar-nos com a dificuldade para nos dar uma oportunidade de melhor merecermos, mas, terá sempre o seu efeito e o Senhor não deixará de dela tirar o proveito que, em ultima análise, redundará em nosso favor.

Em segundo lugar, constatamos que os discípulos contribuíram com sete pães e alguns peixes, que Jesus multiplica em milhares e manda distribuir.

Quem ressuscita mortos, dá vista aos cegos e opera tantos outros milagres portentosos, decerto poderia, num instante, transformar em alimento as pedras do chão.
Os sete pães e os poucos peixes tornam-se, assim, num pormenor importantíssimo a ter conta nas nossas relações com Deus:
A nossa contribuição para que o Senhor actue.

Decerto que, nem repartindo em pedaços ínfimos os sete pães, os discípulos conseguiriam dar, sequer, uma migalha a cada um dos presentes, mas, a «Deus, tudo é possível», [1] como o Mestre disse de forma tão clara e explícita.

E a gente interroga-se:

‘Mas, que tenho eu que valha a pena?’
As minhas misérias, as minhas fragilidades, as minhas preocupações em ter isto ou aquilo, a minha intransigência, o meu orgulho... enfim... é com isto que Deus vai operar qualquer milagre, por pequeno que seja?

Não... não é com isto evidentemente.

Será antes com os nossos desejos sinceros de melhorar, de nos tornarmos mais fortes, de nos desprendermos das prisões excessivas e do apetite por possuir cada vez mais, do esforço por compreender os outros e aceitá-los como são, do combate permanente pela humildade e simplicidade de vida.

São estes os "pães" e "peixes" da nossa contribuição para que o Mestre possa actuar.

É com esta atitude de generosidade concreta de tudo fazer para viver como Cristãos, que Jesus saciará fomes, acalmará espíritos, renovará forças de muitos.
Tal como vemos no Evangelho, a generosidade do Senhor não é mesquinha, pelo contrário, dos restos, recolheram sete cabazes; da outra vez, tinham sido doze os cestos cheios de pedaços de pão e restos de peixe.
   
Que largueza! Que abundância!

Se a tentação, que por vezes nos assalta, de considerarmos poucos ou inúteis os esforços que fazemos, - porque, às vezes, por um passo dado em frente, recuamos dois, - tenhamos bem presente esta magnifica evidência da grandeza de Deus, para nos capacitarmos que o nosso parco e deficiente contributo, se transformará nas Suas mãos numa abundante distribuição de bens e de graças.


(AMA, reflexões).



[1] Mt 19, 26.

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