05/02/2020

THALITA KUM 92


THALITA KUM 92

(Cfr. Lc 8, 49-56)



O aparato, ou declarada intenção, de dar nas vistas, são ridículos e até condenáveis - as múltiplas rezas e benzeduras, o orar a todos os santinhos de uma Igreja percorrendo os diversos altares, o assistir e comungar em várias Missas por dia -, são falsas manifestações de piedade que Deus não deseja.

O contrário: a postura correcta numa Missa, ajoelhando-nos quando está indicado que o façamos, uma genuflexão bem-feita diante do Sacrário, o recitar as orações comuns, são atitudes que agradam a Deus porque demonstram os nossos sentimentos de respeito, veneração e adoração que devemos ao Nosso Senhor e Criador e que, também, atestam perante os outros, a nossa pública manifestação desses mesmos sentimentos, servindo-lhes de exemplo a imitar.

Muitos têm a tentação de ler com olhos estreitos os ensinamentos do Evangelho.
Para não participarem em manifestações religiosas - Santa Missa, a recitação do Terço, uma procissão etc. - dizem que Jesus disse que:

«Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta pà chave e ora a teu Pai que está em lugar secreto». [1]

À primeira vista até parece contraditório com a instrução antes dada sobre a luz que se deve pôr onde ilumine todos.

De facto, não é.

Jesus não se contradiz, antes pelo contrário, reforça a Sua doutrina.
Com efeito, devemos procurar participar nas cerimónias e manifestações religiosas públicas, conduzidas pela Igreja, porque a ela pertencemos e fazemos parte do Povo de Deus, mas, não devemos ficar-nos por aqui.
É preciso, também, procurar aquela conversa íntima com o Senhor, aquilo a que chamamos oração mental, que é aquela oração que fazemos recolhidos, num contacto íntimo com Deus.

Recolhidos, entenda-se, não necessariamente no nosso quarto - que apenas é uma expressão - mas no nosso coração, no nosso íntimo.

«Quem tem ouvidos para ouvir, oiça», diz-nos Jesus neste trecho do Evangelho que estamos a meditar, como de resto no-lo repete por várias vezes.

O Senhor faz um apelo muito sério à recta intenção que devemos ter em todos os nossos actos, nomeadamente, naqueles que de alguma forma estão relacionados com Deus.
Seria um disparate, e um gravíssimo erro, tentar enganar Deus ou, de qualquer maneira, pressioná-lo, com práticas ou atitudes que não traduzam um são e correcto sentimento interior.

Tirar o chapéu, ou benzer-se, quando se passa em frente de uma Igreja, pode ser um acto de ofensa a Deus se for feito apenas mecanicamente, ou, pior ainda, para que alguém veja como somos respeitosos, porque revelará ou indiferença ou vaidade.
Pelo contrário, quem passe em frente de uma Igreja sem se descobrir ou benzer, mas no seu coração eleve um pensamento, uma saudação, ao Senhor ali presente na Sagrada Eucaristia, terá, com certeza, agradado muito a Deus.
Porque, o importante não é descobrir-se ou benzer-se, embora possa ser muito meritório, se for feito correspondendo a um verdadeiro desejo interior de saudar respeitosamente o Senhor ali presente, o importante é, sim, a atitude interior que nos brota do coração.

É importante preparar os nossos sentidos para participar na Santa Missa.

‘Vejo-me tal como sou: nada, absolutamente. E tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
Eu, António, este pobre homem com pés de barro e vontade frágil, estou aqui na expectativa do momento sublime em que Te receberei, meu Deus e Senhor.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes.
Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno!
Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse.
Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.’ [2]


(AMA, reflexões).




[1] Mt 6, 6.
[2] AMA, orações pessoais.


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