(Cfr. Lc 8, 49-56)
Jesus não tem
qualquer hesitação em tocar, fisicamente, os que Dele se aproximam à procura de
remédio para os seus males.
Esta é uma das atitudes
de Jesus incompreensíveis para muitos judeus e, principalmente, para os chefes,
os fariseus, os escribas e os príncipes dos sacerdotes.
Algumas doenças,
como a lepra ou aquela que a mulher do Evangelho sofria, eram consideradas como
impuras.
A impureza, segundo
aqueles, concentrava-se na atitude, na aparência, no proceder.
Jesus diz que não é
assim.
A impureza está no
coração do homem, mora no seu íntimo.
O Senhor assinala
por várias vezes que é no coração do homem que se originam os sentimentos e as
intenções.
O trecho evangélico
[1] recolhe as
exortações do Mestre aos Seus discípulos, fazendo aquilo que nós poderíamos
chamar - pôr os pontos nos i’s.
Os judeus,
principalmente os seus chefes e mentores tinham por costume, que observavam com
rigorosíssima cautela, lavar repetidas vezes os copos e pratos antes de por
eles beber ou comer, bem assim como outras abluções das mãos, pés, etc.,
constituindo tudo, um ritual observado com minucioso rigor e não pouco aparato.
Aquilo que tinha
sido uma instrução de carácter meramente social - de higiene - dada por Moisés,
a um povo inculto e semi-bárbaro viajando pelo deserto, tinha-se tornado com o
tempo, uma obrigação, uma regra de observância obrigatória.
Aqueles homens, que
governavam o povo, escolhiam estas manifestações externas, algumas até
ridículas e sem sentido, como sinais indispensáveis da autêntica religião,
desejados e exigidos por Deus aos Seus súbditos, fazendo crer que, bastava a
sua observância, para se cumprir a Lei de Deus, o Decálogo.
Deus aparecia assim
como um ser exigente e distante, a quem era preciso satisfazer as vontades e
aplacar as iras, observando escrupulosamente certas regras de conduta e
comportamento social.
Jesus vem dizer que
não é exactamente isso o que Deus quer, nem sequer é verdade que essas práticas
tenham algo que ver com os Seus Mandamentos.
O Mestre insiste,
mais uma vez, que muito mais que as manifestações externas, Lhe interessa o que
o homem manifesta no seu íntimo, se o que apresenta no seu exterior, traduz de
facto o que guarda na sua alma.
(AMA, reflexões).
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