(Cfr. Lc 8, 49-56)
Diversas
passagens da Sagrada Escritura revelam os tesouros do amor divino. Ainda no
Antigo testamento, o profeta Isaías nos fala das fontes que jorram e sa-ciam
qualquer sede: “Vós tirareis com alegria água das fontes da salvação” [1].
O
tema da sede é muito profundo na Bíblia, um tema que realmente nos leva a
reflectir sobre o dom do Amor de Deus e a sede que esse Amor faz sentir no nosso
íntimo, pois esse dom manifesta-se em plenitude através do Coração de Cristo.
Ele
mesmo convida: “Se alguém tem sede, venha
a mim e beba” [2]...
e promete, conforme palavras Suas à samaritana:
“Aquele que bebe desta água terá sede
novamente; mas quem beber da água que eu Lhe der, nunca mais terá sede. Pois a
água que eu Lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água, jorrando para a vida
eterna”. [3]
Sede
de quê?
Todos
temos sede do infinito. Nada é capaz de nos saciar nesta vida. “Até os dias
mais bonitos, têm o seu ocaso”, dizia Santa Teresinha. Tudo o que se relaciona
à realidade material, por mais belo que seja, tem o seu termo, o seu
esgotamento... e o seu custo. Por isso, a sede não se estingue. É uma sede de
valores perenes, que possam alimentar a paz e a alegria verdadeiras, dentro e
fora de nós. Todos ansiamos por isso e, muitas vezes, não encontramos
saciedade.
Frequentemente,
estamos cercados por tanta tristeza, que ela parece, até, contagiar-nos.
Corremos
o risco de ficar abatidos e transtornados pela tristeza dos outros, quando nos
reconhecemos carentes das palavras e da força para consolá-los. Entretanto,
sempre podemos, e devemos, conduzi-los a olharem para o Coração trespassado do
Senhor. Esta é a fonte da qual podemos aurir tudo o que supra as nossas
carências e socorra as nossas misérias.
O
texto fundamental, para compreendermos como o Coração de Jesus cuida de nós, é
a passagem do Evangelho de São Mateus:
“Vinde a
mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo, e eu vos darei
descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas”. [4]
O
Cristo apresenta-se como Mestre em várias oportunidades, mas aqui Ele ensina a
partir da Sua própria realidade interior, que se evidencia como modelo perfeito
para nós:
«Aprendei de mim, porque sou manso e humilde
de coração».
Quer
dizer, o Seu Coração, a Sua identidade, a Sua personalidade sensível sintoniza,
numa profunda empatia, com todos os que sofrem, os que se encontram em situação
lastimável de desânimo e de cansaço, em perspectiva de derrota diante dos
desafios da vida.
«O
Meu Coração é manso e humilde», isto é, coloca-se ao rés-do-chão, nivelando-se
a nós. Por isso, aquele que se aproxima de Cristo Jesus, com confiança, vai
colher desse encontro a mansidão, a doçura, a ternura que brotam do Seu
Coração, transpondo-as para a própria vida e a vida dos outros. Ficará mais
aliviado, porque não se pode chegar perto de Cristo sem experimentar a libertação
dos jugos que sobrecarregam e escravizam. Sentirá a leveza, o descanso, a serenidade,
que são características do próprio Mestre divino.
Por
bondade infinita, Jesus aplica-nos os efeitos vivificantes do amor que brota do
Seu Coração.
(AMA, reflexões).
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