24/01/2020

THALITA KUM 80


THALITA KUM 80 

(Cfr. Lc 8, 49-56)

  
«Ora uma mulher que há doze anos vinha padecendo dum fluxo de sangue e tinha sofrido muito de numerosos médicos e gasto toda a sua fortuna, mas longe de melhorar tinha piorado, tendo ouvido falar de Jesus, veio por detrás entre a multidão e tocou-lhe no manto, pois dizia consigo: Se eu tocar ainda só que seja nos Seus vestidos, ficarei curada». [1]

Aquela mulher acredita que Jesus a pode curar e tudo faz para o conseguir.
Está impedida de contactar, ou dirigir-se, directa e frontalmente a Jesus para solicitar a sua cura. [2]

Por vezes, nós próprios somos levados a considerar, ou até julgar com rigor, os defeitos ou males que pensamos ver nos outros, esquecendo-nos que todos somos filhos de Deus a Quem pertence, exclusivamente, o direito de julgar.

Julgar os outros é muitas vezes, quase sempre, espelhar os nossos próprios defeitos, e ver o argueiro no olho do vizinho sem reparar que o nosso está obstruído por uma trave.
Não me refiro só ao julgamento público, os comentários ou avaliações que fazemos dos outros, sobretudo quando não estão presentes, mas também aquele julgamento que muitas vezes, permitimos que exista no segredo do nosso coração.
Não poucas vezes é o nosso orgulho ferido, ou a inveja, que nos atiça o rigor do julgamento, e damos voltas e mais voltas, remoendo dentro de nós críticas, avaliações, etc.
Isto é sempre, pelo menos, falta de caridade que devemos rectificar imediatamente, porque poderemos estar consentindo numa injustiça.
A Fé da mulher é, porém, tão grande que a move a arrostar com todas as dificuldades, - a vergonha, o poder ser descoberta, etc. - e, aproveitando os apertos da multidão, dissimuladamente, mas com confiança, toca o manto de Jesus.
No seu coração, ela estava convencida que tanto bastaria para alcançar a graça que pretendia.

Sem dúvida que a sua Fé é grande, total, a isso fora levada por anos, - 12 anos! - de procura incessante de cura para os seus males.


AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Mc 5, 25-29.
[2] (Aquele tipo de doenças era rigorosamente descriminado na sociedade judaica. As pessoas naquelas condições eram consideradas impuras e todo o contacto com outras pessoas era estritamente proibido, assim como, por exemplo, os portadores de lepra. A deturpação e o exagero das leis judaicas levava a considerar estas doenças como castigos de Deus e não hesitavam em apelidar de "pecadores" aqueles que, aos seus olhos, eram impuros).


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