(Cfr. Lc 8, 49-56)
Destes dois homens
de Emaús, só sabemos que eram discípulos de Cristo.
Quem sabe, talvez
fossem dos setenta e dois enviados pelo Mestre em pregação pela Palestina; é
possível que tivessem feito milagres, coisas extraordinárias, as suas palavras
e os seus actos teriam convertido muitos e, no entanto, tudo isso agora era
posto em causa.
A gente pasma com a
"qualidade" dos homens que o Mestre escolheu para Seus discípulos,
qualidade no sentido da fidelidade, da constância.
Ainda guardamos na memória a
veemência das negações de Pedro na noite de Quinta-feira.
Este, que foi a primeira coluna da
Igreja, os outros todos que se constituíram em pedras angulares de todo o
edifício da cristandade, uns e outros que negaram, duvidaram e fugiram,
converteram-se em faróis brilhantes que iluminaram o mundo pagão e hostil
daquele tempo, com uma luz divina que brilha ainda hoje.
Mas, para além de
iluminar, como dizia, modificaram realmente as pessoas, as sociedades, os
costumes o sentido da vida e da morte do ser humano.
Não obstante tantos
defeitos, ignorância, cobardia, medo e dúvidas, decidiram pôr de lado tudo isso
e, cheios de confiança, aceitar plenamente o mandato explícito do Mestre:
Isto
leva-nos a pensar um pouco nas desculpas, ou justificações que, ao longo da
vida, vamos encontrando para a nossa resistência ao trabalho apostólico, a
nossa pouca vontade em envolver-nos "nessas coisas" (como dizemos por
vezes):
Porque
não sabemos o que dizer; porque primeiro temos de nos "converter" a
nós mesmos e só depois convertermos os outros; porque somos fracos; porque não
sabemos; porque...; porque...;
Outras
vezes não aceitamos um convite para uma actividade em que se nos falará das
coisas de Deus aduzindo razões:
É
mais uma; porque já vamos a tantas;
porque
não temos tempo;
porque
não simpatizo com a pessoa;
porque
também lá vai fulano de quem eu não gosto;
porque...,
enfim... tantas razões que, sabemos bem no fundo, não são razão nenhuma.
O que nos custa
admitir é que não desejamos incómodos, desassossegos, estamos bem assim,
fazemos o que podemos, cumprimos os nossos deveres, o resto... o resto é para
os padres e pronto!
A verdade é que não
somos nem melhores nem piores que aqueles homens que Jesus escolheu, e que,
como a eles, também a nós o Mestre nos manda: «Ide... a todas as gentes» [2]
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
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