(Cfr. Lc 8, 49-56)
Tal como nós,
muitas vezes, em ocasiões tão diversas como, numa doença que faz sofrer, numa
provação dura de aguentar, enfim... aquilo a que chamamos tragédias; ficamos
também a pensar connosco mesmos:
‘E Deus? Onde está?
Porque permite isto?’
Tal como a caminho
de Emaús, podemos dar-nos conta que, a nosso lado, segue alguém que espera uma
oportunidade para se "meter" connosco, para se introduzir na nossa
vida, ajudando-nos a avaliar a dificuldade que enfrentamos, explicando-nos as
razões e os motivos de tudo quanto nos acontece.
Umas vezes,
entendemos perfeitamente o que nos quer dizer, outras, talvez muitas,
infelizmente, nem sequer O ouvimos.
Ele é o Cristo que
passa... que passa na vida de cada homem, várias vezes e de tão variadas
formas.
Está ansioso por
ser ouvido por nós, deseja que O convidemos a entrar na nossa alma.
Também nós devemos
dizer-Lhe com frequência:
«Senhor cai o dia, não tarda a noite, fica
connosco!»
Sim, muitas vezes
cai o dia da nossa esperança, o dia da nossa fé; sentimo-nos desconsolados:
Aquilo que esperávamos
com tanta confiança, não aconteceu; aquele amigo que estimávamos,
desprezou-nos; o ente querido que tanta falta nos faz, está morrendo; esta
dificuldade, que se avoluma cada dia que passa, cujo peso está ficando
impossível suportar.
Outras
vezes sentimos que é a noite que não tarda, a noite da nossa confusão, do nosso
desânimo, da nossa frustração.
Parece
que tudo se desmorona à nossa volta, que os outros é que têm razão, que o mal
triunfa e o pecado compensa, que da prática do bem e do esforço por ser
melhores só nos advêm problemas, angústias e dificuldades.
E
então, temos de dizer-lhe:
Fica
connosco Senhor, as Tuas palavras tão cheias de sabedoria abrem novos
horizontes à nossa frente, vemos as coisas com outra luz, a Tua presença
conforta-nos e fortalece-nos e ajuda-nos a vencer o medo.
Depois, tal como no
Evangelho, os nossos olhos hão-de abrir-se e reconheceremos Jesus, junto de
nós, onde sempre esteve.
Sossegados então,
com a alma em paz, com as certezas todas claríssimas no nosso espírito, sabendo
muito bem que o que acreditamos é verdadeiro, é belo e nos salva, prontamente,
como aqueles dois de Emaús, voltamos à estrada ao encontro dos outros para lhes
dar notícias importantes e que não podem esperar:
Que O Senhor
ressuscitou, pelo Seu próprio poder, porque é Deus Todo-Poderoso; que, não
obstante ter ido para os Céus, ficará connosco, para sempre, até ao final dos
tempos.
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
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