(Cfr. Lc 8, 49-56)
Depois, é a
vergonha que o condiciona.
Vergonha
pelas faltas, erros e fraquezas que não quer ver conhecidas e identificadas.
Os outros...
sempre os outros… não podem tomar conhecimento desse cortejo enorme de misérias
pessoais.
O conceito
que fazem dele – que pensa que fazem dele – ficaria afectado e comprometido.
Em terceiro lugar é a falta de arrependimento pessoal
que o mantém nas trevas.
O seu deficiente critério não identifica as faltas
como o que elas realmente são – ofensas a Deus e aos outros -, sentindo uma
espécie de indulgência para o que considera apenas “facetas de carácter”, não
vê grande necessidade de arrependimento. Isto, sobretudo, quando esse
arrependimento, para o ser de facto, teria de ser do conhecimento alheio, como
será o caso das ofensas feitas a outros.
Reconhecer o erro é um desprestígio até porque, no fim
e ao cabo, ele, tem as suas razões para proceder como procede.
Às vezes guarda uma lista de ofensas e agravos que lhe
terão sido feitos por outros. Traz à memória coisas passadas, às vezes há muito
tempo, para encontrar uma justificação para muitas coisas que faz. Aplica, sem
muitas vezes ter consciência disso, uma espécie de “Lei de Talião” pessoal.
Talvez, depois, seja o orgulho que o impede de emergir para a claridade.
O seu “Eu”, na escuridão, ganha vulto, dimensão.
À luz, exposto à claridade, fica reduzido a uma figura ridícula de uma
pessoa cheia de si mesma, tornando insuportável o convívio com os outros.
De resto, os outros não lhe interessam muito, sobretudo se têm problemas,
dificuldades.
Ele já tem os seus próprios problemas, as suas inúmeras dificuldades com
que se preocupar, o que, traduz a sua atitude egoísta que também o amarra com
laço bem robusto à escuridão.
«Tinha todo o aspecto de um perfeito cavalheiro e consideravam-no “um homem
de talento”. Assim chamam, em certos círculos, ao tipo especial de homens,
engordados à custa de outros, que nada fazem ou querem fazer e que, pela sua
eterna vadiagem, trazem no peito, em vez de coração, um pedaço de toucinho.» [1]
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.