(Cfr. Lc 8, 49-56)
Ne timeas!
O medo! O medo
paralisa.
O medo revela,
sempre, uma atitude de cobardia pessoal. Assumir as consequências das nossas
atitudes, dos actos que praticamos é, muitas vezes difícil,
nomeadamente quando, por um motivo ou outro, temos a percepção que merecemos
crítica ou reparo. Faz parte da vida de todos os dias, a vida corrente de cada
um, ter de assumir responsabilidades, grandes ou pequenas, dar respostas, tomar
decisões. Fugir ou pretender ignorar, ou, muitas vezes, adiar para uma ocasião
que consideremos mais oportuna ou favorável, não resolve nada, bem pelo
contrário, talvez agrave e complique, desnecessariamente, a questão.
Quantas vezes nos
sentimos ufanos de comentários favoráveis a nosso respeito e nos deixamos invadir
por uma confortável sensação de bonomia quando, complacentemente, ouvimos um
elogio?
Não pensamos que, o
elogio que nos é feito vem de alguém que não nos conhece verdadeiramente, isto
é, não imagina sequer os muitos defeitos do nosso carácter?
Então, surge o medo
que se venha a saber, que de alguma forma descubram esses defeitos, essas
deficiências que conhecemos bem.
Medo da vida… sim…
medo da vida, do futuro, do dia de amanhã.
O dia de hoje, este
dia concreto em que estamos, é que é importante e tem de ser vivido com
plenitude, não descurando nenhuma oportunidade que se nos apresente de fazer
algo bom, de emendar algo errado que fizemos ontem, de concretizar aquele plano
que tínhamos guardado.
Hoje é o tempo
oportuno, a ocasião favorável.
Medo do
comprometimento em algo que exija de nós desprendimento, serviço, doação.
Daquilo que pode alterar a tranquilidade do nosso viver, o ritmo a que estamos
habituados do esquema de vida que fomos construindo ao longo dos anos e onde
nos sentimos confortáveis.
Medo de corrigir o
que está mal nos outros de, com caridade,
mas com desassombro, apontar o erro, o engano.
Medo de “ficar mal”
se nos mantivermos firmes nas nossas convicções bem informadas e não
transigirmos com o erro – propositado ou fruto da ignorância – que outros
divulgam à nossa volta.
Medo de procurar
conselho, ajuda quando pensamos que esse conselho, essa ajuda, vem exigir de
nós novas atitudes de correcção interior.
Medo, finalmente,
de não sermos ouvidos nas nossas preces quando consideramos a nossa total falta
de merecimento.
Não revelam, todos
estes “medos” falta de coragem, ou seja, cobardia?
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
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