(Cfr. Lc 8, 49-56)
Como é possível?
Como a misericórdia infinita de Deus não se esgota neste constante “ir e
vir”, das “flutuações” do meu carácter?
Como pode o Senhor olhar para mim que estou tão longe da postura humilde do
publicano?
Eu, sempre em “bicos dos pés” tentando sobressair, fazer-me notado, cheio
de mim mesmo e da “excelência” dos meus talentos, das minhas capacidades?
«Senhor: quase que não vejo a necessidade de Te pedir humildade. Ser
humilde é, para mim, um objectivo que persigo desde sempre. Sempre longe,
parece, cada vez mais distante porque, pobre de mim, sou formado por este barro
duro e seco que é o meu carácter, que resiste a ser moldado pelas Tuas divinas
mãos. Mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale
nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá
algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha
prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência.
A verdade que Te confesso é esta: Não sei nada, não posso nada, não tenho nada,
não valho nada, não sou absolutamente nada». [1]
E, o “oleiro divino” uma e outra vez refaz a mesma peça de que sou feito.
Retoma o Seu ”trabalho” da minha santificação como se nada se tivesse
passado, como se eu não estivesse feito nos pedaços que as minhas frequentes
quedas originam. E, no entanto, é assim que é!
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
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