16/12/2019

THALITA KUM 40

THALITA KUM 40 

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Acompanha-nos uma multidão enorme, a perder de vista e que vai engrossando constantemente como uma onda do mar, mas, embora eu tenha consciência dela, parece-me, ao mesmo tempo, que só existo eu, que só eu Lhe interesso, que só a mim dedica a Sua atenção.
Compreendo que também cada um, cada uma, dessa enorme multidão, ouviu as mesmas palavras: Tu! Vem e segue-me!

Uns nota-se bem, estão há muito na Sua companhia andando o Seu caminho, outros, como eu, chegaram mais recentemente e ainda olham, de vez em quando, para trás. Alguns, acabam por desistir, sentam-se à beira do caminho e vão-se deixando ficar. Parecem tristes, abatidos, talvez recordem com apego o que terão deixado e que, julgam, lhes faz falta.
O que estranho é que sendo eu tão decidido, tão senhor das minhas acções, tão categórico nas escolhas que faço, não me tenha ocorrido perguntar-lhe para onde vamos, onde me leva. Poderia pensar, por momentos, que estou a agir como um “zombie” sem vontade ou sem querer tê-la, ou, então, que não consegui resistir à Sua voz, senti que não teria alternativa.

Mas não!

Sinto-me bem vivo e cheio de força, algo estranho, assim como que um ímpeto que se foi transformando numa certeza.

A certa altura pensei dizer-Lhe: ‘não sei se sou capaz de Te acompanhar por muito mais tempo’!
Mas percebi, quase imediatamente, que Ele conhece esse meu temor, esta minha fragilidade e que, não obstante, me quer tal como no primeiro momento quando me disse:

‘Tu! Vem e segue-me!’

(AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)

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