(Cfr. Lc 8, 49-56)
Ainda não Lhe disse
muitas coisas, acho que não é preciso, Ele sabe o quero dizer-lhe, mas, nas
confidências de viajante, contei-Lhe das minhas expectativas, esperanças,
ousadias, desejos por satisfazer. Sem querer, acho, fui abrindo o coração e em
frases breves e curtas, deixei sair o que há tanto tempo estava como que
travado dentro de mim.
Não tenho vergonha
ou receio que me ache tonto, com pouco critério, talvez inconsequente.
Quis sempre tantas
coisas e ao mesmo tempo!
Ouve-me sem me
olhar, não pergunta nada, não faz um gesto de admiração ou surpresa. Parece que
tudo quanto Lhe possa dizer já o conhece, mas, estranhamente, parece gostar
que, não obstante, lho diga, Lhe conte as minhas privacidades, patenteie as
ilusões e as quimeras do meu espírito sonhador.
E, a caminhada,
prossegue.
Estamos agora tão
alto que posso, olhando à minha volta, ver o que deixei, considerar o que fiz
e, com grande pena, aperceber-me do que nunca cheguei a fazer. Como um filme,
sem protagonista, nem guião, nem enredo; um filme simples, de uma história
breve, comum e um pouco anónima.
Não me parece
“grande coisa”.
Não trouxe nenhum
equipamento especial para esta caminhada, vim tal qual estava, tenho a certeza
que não irei precisar de nada.
Aliás Ele disse-me:
nem cajado, nem duas túnicas, nem alforge…
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
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