13/12/2019

THALITA KUM 37


THALITA KUM 37

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Tu! Vem e segue-me!

Olho em volta para ter a certeza de que é mesmo a minha pessoa que Ele interpela. Não me restam dúvidas, é mesmo comigo!
Pergunto-me porquê, que tenho eu de “especial” para querer que O siga?
Tenho as minhas pequenas virtudes e enormes defeitos, a minha inteligência e a minha ignorância, a minha vontade e a minha preguiça, o meu ânimo e a minha letargia. Sou, assim, como que duas, ou mesmo várias, pessoas numa só, e, não obstante, Ele repete aquele chamamento doce e imperioso ao mesmo tempo, simultaneamente expectante e autoritário.
Fico-me mais um pouco examinando o que se passa, o que tenho de fazer agora, as coisas que tenho “entre as mãos”, aquilo a que meti ombros, os entusiasmos que me excitam a imaginação, as prioridades que estabeleci – se é que o fiz, de facto – e pergunto-me:

Vou? Não vou? Agora? Mais logo?

Percebo que não posso deter-me muito mais porque Ele, depois de me chamar, seguiu o Seu caminho e afasta-se de mim. Não Se volta para trás a ver se O sigo, se atendi ou não o apelo que me fez; de certo modo parece confiante que entendi e atendi o que me disse.
Sem grandes pressas, confesso, começo a andar na Sua peugada, deitando contas à vida, arrumando mentalmente as coisas de enormíssima importância que vão ficar por fazer, o conforto que vou desdenhar, talvez as críticas que irei ouvir.
Mas, aos poucos, começo a dar-me conta de uma realidade: o peso insignificante de todo esse amontoado de coisas e, até, o pouco interesse que têm. Apercebo-me, com alguma surpresa, confesso, que a minha decisão de O seguir não causou transtornos a ninguém, que a vida não parou, que tudo continua paulatinamente a “funcionar” como se eu não fosse imprescindível, absolutamente necessário. (Parece-me que, de facto, estava convencido do contrário)

(AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)

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