(Cfr. Lc 8, 49-56)
Tu! Vem e segue-me!
Olho em volta para
ter a certeza de que é mesmo a minha pessoa que Ele interpela. Não me restam
dúvidas, é mesmo comigo!
Pergunto-me porquê,
que tenho eu de “especial” para querer que O siga?
Tenho as minhas
pequenas virtudes e enormes defeitos, a minha inteligência e a minha
ignorância, a minha vontade e a minha preguiça, o meu ânimo e a minha letargia.
Sou, assim, como que duas, ou mesmo várias, pessoas numa só, e, não obstante,
Ele repete aquele chamamento doce e imperioso ao mesmo tempo, simultaneamente
expectante e autoritário.
Fico-me mais um
pouco examinando o que se passa, o que tenho de fazer agora, as coisas que
tenho “entre as mãos”, aquilo a que meti ombros, os entusiasmos que me excitam
a imaginação, as prioridades que estabeleci – se é que o fiz, de facto – e
pergunto-me:
Vou? Não vou?
Agora? Mais logo?
Percebo que não
posso deter-me muito mais porque Ele, depois de me chamar, seguiu o Seu caminho
e afasta-se de mim. Não Se volta para trás a ver se O sigo, se atendi ou não o
apelo que me fez; de certo modo parece confiante que entendi e atendi o que me
disse.
Sem grandes
pressas, confesso, começo a andar na Sua peugada, deitando contas à vida,
arrumando mentalmente as coisas de enormíssima importância que vão ficar por
fazer, o conforto que vou desdenhar, talvez as críticas que irei ouvir.
Mas, aos poucos,
começo a dar-me conta de uma realidade: o peso insignificante de todo esse
amontoado de coisas e, até, o pouco interesse que têm. Apercebo-me, com alguma
surpresa, confesso, que a minha decisão de O seguir não causou transtornos a
ninguém, que a vida não parou, que tudo continua paulatinamente a “funcionar” como
se eu não fosse imprescindível, absolutamente necessário. (Parece-me que, de
facto, estava convencido do contrário)
(AMA,
reflexões sobre o Evangelho, 2006)
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