Egoísta! – Tu, sempre tu,
sempre o que é "teu". – Pareces incapaz de sentir a fraternidade de
Cristo: nos outros, não vês irmãos; vês "degraus". Pressinto o teu
rotundo fracasso. – E, quando te tiveres afundado, quererás que tenham para
contigo a caridade que agora não queres ter. (Caminho,
31)
Repito-vos com S. Paulo: ainda que eu falasse as línguas dos homens e
a linguagem dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que ressoa ou
como o címbalo que tine. E ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse
todos os mistérios e possuísse toda a ciência, e tivesse toda a fé, de modo a
mover montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. E ainda que distribuísse
todos os meus bens para sustento dos pobres e entregasse o meu corpo para ser
queimado, se não tiver caridade, nada me aproveita.
Perante estas palavras do
Apóstolo dos gentios, não faltam os que se assemelham àqueles discípulos de
Cristo, que, ao anunciar-lhes Nosso Senhor o Sacramento da sua Carne e do seu
Sangue, comentaram: – É dura esta doutrina; quem a pode escutar? É dura, sim.
Porque a caridade que o Apóstolo descreve não se limita à filantropia, ao
humanitarismo ou à natural comiseração pelo sofrimento alheio; exige a prática
da virtude teologal do amor a Deus e do amor, por Deus, aos outros. (Amigos de Deus,
235)
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