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Sacerdote para a Santa
Missa
Convém
recordar, com importuna insistência, que todos nós, sacerdotes, quer sejamos
pecadores quer santos, quando celebramos a Santa Missa não somos nós próprios.
Somos
Cristo, que renova no altar o seu divino Sacrifício do Calvário. A obra da
nossa Redenção cumpre-se continuamente no mistério do Sacrifício Eucarístico,
no qual os sacerdotes exercem o seu principal ministério, e por isso
recomenda-se encarecidamente a sua celebração diária pois, mesmo que os fiéis
não possam estar presentes, é um acto de Cristo e da sua Igreja.
Ensina
o Concilio de Trento que na Missa se realiza, se contém e incruentamente se
imola aquele mesmo Cristo que uma só vez se ofereceu Ele mesmo cruentamente no
altar da Cruz...
Com
efeito, a vítima é uma e a mesma: e O que agora se oferece pelo ministério dos
sacerdotes, é O mesmo que então se ofereceu na Cruz, sendo apenas diferente a
maneira de se oferecer.
A
assistência ou a falta de assistência de fiéis à Santa Missa não altera em nada
esta verdade de fé.
Quando
celebro rodeado de povo, sinto-me satisfeito, sem necessidade de me considerar
presidente de nenhuma assembleia.
Sou,
por um lado, um fiel como os outros, mas sou, sobretudo, Cristo no Altar!
Renovo
incruentamente o divino Sacrifício do Calvário e consagro in persona Christi, representando realmente Jesus Cristo, porque
lhe empresto o meu corpo, a minha voz e as minhas mãos, o meu pobre coração,
tantas vezes manchado, que quero que Ele purifique.
Quando
celebro a Santa Missa apenas com a participação daquele que ajuda à Missa,
também aí há povo.
Sinto
junto de mim todos os católicos, todos os crentes e também os que não crêem.
Estão
presentes todas as criaturas de Deus - a terra, o céu, o mar, e os animais e as
plantas -, dando glória ao Senhor da Criação inteira.
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E especialmente -
di-lo-ei com palavras do Concilio Vaticano II - unimo-nos no mais alto grau ao culto da Igreja celestial, comunicando e
venerando sobretudo a memória da gloriosa sempre Virgem Maria, de S. José, dos
santos Apóstolos e Mártires e de todos os santos.
Peço
a todos os cristãos que rezem muito por nós, sacerdotes, para que saibamos
realizar santamente o Santo Sacrifício.
Rogo-lhes
que mostrem um amor tão delicado à Santa Missa, que nos leve, a nós,
sacerdotes, a celebrá-la com dignidade - com elegância - humana e sobrenatural:
com asseio nos paramentos e nos objectos destinados ao culto, com devoção, sem
pressas.
Porquê
pressa?
Têm-na
por acaso os namorados ao despedir-se?
Parece
que se vão embora e não vão: voltam uma e outra vez, repetem palavras correntes
como se acabassem de as descobrir...
Não
receeis aplicar exemplos do amor humano, nobre, limpo, às coisas de Deus.
Se
amarmos o Senhor com este coração de carne - não temos outro - não sentiremos
pressa em terminar esse encontro, essa entrevista amorosa com Ele.
Alguns
vivem com calma e não se importam de prolongar até ao cansaço leituras, avisos,
anúncios mas, ao chegarem ao momento principal da Santa Missa, ao Sacrifício
propriamente dito, precipitam-se, contribuindo assim para que os outros fiéis
não adorem com piedade Cristo, Sacerdote e Vítima; nem aprendam a dar-lhe
graças depois - com pausa, sem precipitações -, por ter querido vir de novo até
nós
Todos
os afectos e necessidades do coração do cristão encontram na Santa Missa o
melhor caminho: aquele que, por Cristo, chega ao Pai no Espirito Santo.
O
sacerdote deve pôr especial empenho em que todos o saibam e vivam.
Não
há actividade alguma que possa antepor-se normalmente à de ensinar e fazer amar
e venerar a Sagrada Eucaristia.
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O
sacerdote exerce dois actos: um, principal, sobre o Corpo de Cristo verdadeiro;
outro, secundário, sobre o Corpo Místico de Cristo.
O
segundo acto ou ministério depende do primeiro, e não ao contrário. Por isso, o
que há de melhor no ministério sacerdotal é procurar que todos os católicos se
aproximem do Santo Sacrifício cada vez com mais pureza, humildade e veneração.
Se
o sacerdote se esforça nesta tarefa, não ficará defraudado, nem defraudará as
consciências dos seus irmãos cristãos.
Na
Santa Missa adoramos, cumprindo amorosamente o primeiro dever da criatura para
com o seu Criador: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Não
adoração fria, exterior, de servo; mas íntima estima e acatamento, que é amor
profundo de filho.
Na
Santa Missa encontramos a oportunidade perfeita de expiar os nossos pecados e
os de todos os homens: para poder dizer, como S. Paulo, que estamos cumprindo
na nossa carne o que falta padecer a Cristo.
Ninguém
caminha sozinho no mundo, ninguém deve considerar-se livre de uma parte de
culpa no mal que se comete sobre a terra, consequência do pecado original e
também da soma de muitos pecados pessoais.
Amemos
o sacrifício, procuremos a expiação.
Como?
Unindo-nos
na Santa Missa a Cristo, Sacerdote e Vítima; será sempre Ele quem carregará com
o peso imenso das infidelidades das criaturas; das tuas e das minhas...
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O
Sacrifício do Calvário é uma prova infinita a generosidade de Cristo. Nós -
cada um - somos sempre muito interesseiros; mas Deus Nosso Senhor não se importa
de que na Santa Missa Lhe apresentemos todas as nossas necessidades.
Quem
não tem coisas a pedir?
Senhor,
aquela doença... Senhor, esta tristeza...
Senhor,
aquela humilhação, que não sei suportar por amor de Ti... Queremos o bem, a
felicidade e a alegria das pessoas da nossa casa; oprime-nos o coração a sorte
dos que padecem fome e sede de pão e de justiça; dos que sentem a amargura da
solidão; dos que, no termo dos seus dias, não recebem um olhar de carinho nem
um gesto de ajuda
Mas
a grande miséria que nos faz sofrer, a grande necessidade a que queremos pôr
remédio é o pecado, o afastamento de Deus, o risco de que as almas se percam
para toda a eternidade.
Levar
os homens à glória eterna no amor de Deus: esta é a nossa aspiração fundamental
ao celebrar a Missa, como o foi a de Cristo ao entregar a sua vida no Calvário.
Acostumemo-nos
a falar com esta sinceridade ao Senhor, quando desce, vítima inocente, até às
mãos do sacerdote.
A
confiança no auxílio do Senhor dar-nos-á essa delicadeza de alma, que se traduz
sempre em obras de bem e de caridade, de compreensão, de profunda ternura com
os que sofrem e com os que vivem artificialmente fingindo uma satisfação oca,
tão falsa, que depressa se converte em tristeza.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
(cont)
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