16/10/2019

Leitura espiritual


Amar a Igreja

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Sacerdote para a Santa Missa

Convém recordar, com importuna insistência, que todos nós, sacerdotes, quer sejamos pecadores quer santos, quando celebramos a Santa Missa não somos nós próprios.
Somos Cristo, que renova no altar o seu divino Sacrifício do Calvário. A obra da nossa Redenção cumpre-se continuamente no mistério do Sacrifício Eucarístico, no qual os sacerdotes exercem o seu principal ministério, e por isso recomenda-se encarecidamente a sua celebração diária pois, mesmo que os fiéis não possam estar presentes, é um acto de Cristo e da sua Igreja.

Ensina o Concilio de Trento que na Missa se realiza, se contém e incruentamente se imola aquele mesmo Cristo que uma só vez se ofereceu Ele mesmo cruentamente no altar da Cruz...
Com efeito, a vítima é uma e a mesma: e O que agora se oferece pelo ministério dos sacerdotes, é O mesmo que então se ofereceu na Cruz, sendo apenas diferente a maneira de se oferecer.

A assistência ou a falta de assistência de fiéis à Santa Missa não altera em nada esta verdade de fé.
Quando celebro rodeado de povo, sinto-me satisfeito, sem necessidade de me considerar presidente de nenhuma assembleia.
Sou, por um lado, um fiel como os outros, mas sou, sobretudo, Cristo no Altar!
Renovo incruentamente o divino Sacrifício do Calvário e consagro in persona Christi, representando realmente Jesus Cristo, porque lhe empresto o meu corpo, a minha voz e as minhas mãos, o meu pobre coração, tantas vezes manchado, que quero que Ele purifique.

Quando celebro a Santa Missa apenas com a participação daquele que ajuda à Missa, também aí há povo.
Sinto junto de mim todos os católicos, todos os crentes e também os que não crêem.
Estão presentes todas as criaturas de Deus - a terra, o céu, o mar, e os animais e as plantas -, dando glória ao Senhor da Criação inteira.

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E especialmente - di-lo-ei com palavras do Concilio Vaticano II - unimo-nos no mais alto grau ao culto da Igreja celestial, comunicando e venerando sobretudo a memória da gloriosa sempre Virgem Maria, de S. José, dos santos Apóstolos e Mártires e de todos os santos.

Peço a todos os cristãos que rezem muito por nós, sacerdotes, para que saibamos realizar santamente o Santo Sacrifício.
Rogo-lhes que mostrem um amor tão delicado à Santa Missa, que nos leve, a nós, sacerdotes, a celebrá-la com dignidade - com elegância - humana e sobrenatural: com asseio nos paramentos e nos objectos destinados ao culto, com devoção, sem pressas.

Porquê pressa?
Têm-na por acaso os namorados ao despedir-se?
Parece que se vão embora e não vão: voltam uma e outra vez, repetem palavras correntes como se acabassem de as descobrir...
Não receeis aplicar exemplos do amor humano, nobre, limpo, às coisas de Deus.
Se amarmos o Senhor com este coração de carne - não temos outro - não sentiremos pressa em terminar esse encontro, essa entrevista amorosa com Ele.

Alguns vivem com calma e não se importam de prolongar até ao cansaço leituras, avisos, anúncios mas, ao chegarem ao momento principal da Santa Missa, ao Sacrifício propriamente dito, precipitam-se, contribuindo assim para que os outros fiéis não adorem com piedade Cristo, Sacerdote e Vítima; nem aprendam a dar-lhe graças depois - com pausa, sem precipitações -, por ter querido vir de novo até nós

Todos os afectos e necessidades do coração do cristão encontram na Santa Missa o melhor caminho: aquele que, por Cristo, chega ao Pai no Espirito Santo.
O sacerdote deve pôr especial empenho em que todos o saibam e vivam.
Não há actividade alguma que possa antepor-se normalmente à de ensinar e fazer amar e venerar a Sagrada Eucaristia.

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O sacerdote exerce dois actos: um, principal, sobre o Corpo de Cristo verdadeiro; outro, secundário, sobre o Corpo Místico de Cristo.
O segundo acto ou ministério depende do primeiro, e não ao contrário. Por isso, o que há de melhor no ministério sacerdotal é procurar que todos os católicos se aproximem do Santo Sacrifício cada vez com mais pureza, humildade e veneração.
Se o sacerdote se esforça nesta tarefa, não ficará defraudado, nem defraudará as consciências dos seus irmãos cristãos.

Na Santa Missa adoramos, cumprindo amorosamente o primeiro dever da criatura para com o seu Criador: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Não adoração fria, exterior, de servo; mas íntima estima e acatamento, que é amor profundo de filho.

Na Santa Missa encontramos a oportunidade perfeita de expiar os nossos pecados e os de todos os homens: para poder dizer, como S. Paulo, que estamos cumprindo na nossa carne o que falta padecer a Cristo.
Ninguém caminha sozinho no mundo, ninguém deve considerar-se livre de uma parte de culpa no mal que se comete sobre a terra, consequência do pecado original e também da soma de muitos pecados pessoais.
Amemos o sacrifício, procuremos a expiação.
Como?
Unindo-nos na Santa Missa a Cristo, Sacerdote e Vítima; será sempre Ele quem carregará com o peso imenso das infidelidades das criaturas; das tuas e das minhas...

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O Sacrifício do Calvário é uma prova infinita a generosidade de Cristo. Nós - cada um - somos sempre muito interesseiros; mas Deus Nosso Senhor não se importa de que na Santa Missa Lhe apresentemos todas as nossas necessidades.
Quem não tem coisas a pedir?
Senhor, aquela doença... Senhor, esta tristeza...
Senhor, aquela humilhação, que não sei suportar por amor de Ti... Queremos o bem, a felicidade e a alegria das pessoas da nossa casa; oprime-nos o coração a sorte dos que padecem fome e sede de pão e de justiça; dos que sentem a amargura da solidão; dos que, no termo dos seus dias, não recebem um olhar de carinho nem um gesto de ajuda

Mas a grande miséria que nos faz sofrer, a grande necessidade a que queremos pôr remédio é o pecado, o afastamento de Deus, o risco de que as almas se percam para toda a eternidade.
Levar os homens à glória eterna no amor de Deus: esta é a nossa aspiração fundamental ao celebrar a Missa, como o foi a de Cristo ao entregar a sua vida no Calvário.

Acostumemo-nos a falar com esta sinceridade ao Senhor, quando desce, vítima inocente, até às mãos do sacerdote.
A confiança no auxílio do Senhor dar-nos-á essa delicadeza de alma, que se traduz sempre em obras de bem e de caridade, de compreensão, de profunda ternura com os que sofrem e com os que vivem artificialmente fingindo uma satisfação oca, tão falsa, que depressa se converte em tristeza.

SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

(cont)

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