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Temos
de ser compreensivos, cobrir tudo com o manto afectuoso da caridade.
Uma
caridade que nos confirme na fé, aumente a nossa esperança e nos faça fortes,
para dizer bem alto que a Igreja não é essa imagem que alguns propõem.
A
Igreja é de Deus, e pretende um único fim: a salvação das almas. Aproximemo-nos
de Nosso Senhor, falemos com Ele na oração face a face, peçamos-Lhe perdão
pelas nossas misérias pessoais e reparemos pelos nossos pecados e pelos dos
outros homens que - neste clima de confusão - talvez não consigam descobrir a
gravidade com que estão a ofender a Deus.
Na
Santa Missa, neste Domingo, na renovação incruenta do sacrifício cruento do
Calvário, Jesus imolar-Se-á - Sacerdote e Vítima - pelos pecados dos homens.
Não
O deixemos só, que surja no nosso peito um desejo ardente de estar com Ele, ao
pé da Cruz; que aumente o nosso clamor ao Pai, Deus misericordioso, para que
volte a dar a paz ao mundo, a paz à Igreja, a paz às consciências!
Se
nos comportarmos assim, encontraremos - ao pé da Cruz - Maria Santíssima, Mãe
de Deus e nossa Mãe. Pela sua mão bendita, chegaremos a Jesus e, por Ele, ao
Pai, no Espírito Santo.
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Há
dias, ao celebrar a Santa Missa, detive-me um breve momento para considerar as
palavras de um salmo que a liturgia punha na antífona da Comunhão:
O Senhor é o meu pastor,
nada me poderá faltar.
Esta
invocação trouxe-me à memória os versículos de outro salmo, que se recitava na
cerimónia da Primeira Tonsura:
O Senhor é a parte da
minha herança.
O
próprio Cristo põe-se nas mãos dos sacerdotes, que se fazem assim dispensadores
dos mistérios - das maravilhas - do Senhor.
No
próximo Verão receberá as Sagradas Ordens meia centena de membros do Opus Dei.
Desde
1944 sucedem-se, como uma realidade de graça e de serviço à Igreja, estas
ordenações sacerdotais de alguns membros da Obra.
Apesar
disso, todos os anos há gente que se espanta.
Como
é possível, interrogam-se, que trinta, quarenta, cinquenta homens, com uma vida
cheia de afirmações e de promessas, estejam dispostos a ser sacerdotes?
Queria
expor hoje algumas considerações, mesmo correndo o risco de aumentar nessas
pessoas os motivos de perplexidade.
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Porquê ser Sacerdote?
O
santo sacramento da Ordem Sacerdotal será ministrado a este grupo de membros da
Obra, que contam com uma valiosa experiência - talvez de muito tempo - como
médicos, advogados, engenheiros, arquitectos ou de outras diversíssimas
actividades profissionais.
São
homens que, como fruto do seu trabalho, estariam capacitados para aspirar a
postos mais ou menos relevantes na sua esfera social.
Vão
ordenar-se para servir.
Não
para mandar, não para brilhar, mas para se entregarem, num silêncio incessante
e divino ao serviço de todas as almas.
Quando
forem sacerdotes não se deixarão arrastar pela tentação de imitar as ocupações
e o trabalho, dos leigos, mesmo que se trate de tarefas que conheçam bem por as
terem realizado até agora, o que lhes conferiu uma mentalidade laical que não
perderão nunca.
A
sua competência nos diversos ramos do saber humano - da história, das ciências
naturais, da psicologia, do direito, da sociologia -, embora faça parte
necessariamente dessa mentalidade laical, não os levará a quererem
apresentar-se como sacerdotes-psicólogos, sacerdotes-biólogos ou
sacerdotes-sociólogos.
Receberam
o sacramento da Ordem para serem, nem mais nem menos, sacerdotes-sacerdotes,
sacerdotes cem por cento.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
(cont)
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