9
A Igreja é católica
Deus
quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.
Porque
há um só Deus, e há um só mediador entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo
Homem, o qual se deu a si mesmo em resgate de todos e para testemunho no tempo
oportuno.
Jesus
Cristo institui uma única Igreja, a sua Igreja; por isso, a Esposa de Cristo é
Una e Católica:
universal,
para todos os homens.
Desde
há séculos que a Igreja está estendida por todo o mundo, contando com pessoas
de todas as raças e condições sociais.
Mas
a catolicidade da Igreja não depende da extensão geográfica, mesmo que isto
seja um sinal visível e um motivo de credibilidade.
A
Igreja era Católica já no Pentecostes; nasce Católica no Coração chagado de
Jesus, como um fogo que o Espírito Santo inflama.
No
século II, os cristãos definiam como Católica a Igreja, para a distinguir das
seitas que, utilizando o nome de Cristo, traíam nalgum ponto a sua doutrina.
Chamamos-lhe
Católica, escreve São Cirilo, quer porque se encontra difundida por todo o orbe
da Terra, dum confim ao outro, quer porque ensina de modo universal e sem
defeito todos os dogmas que os homens devem conhecer, do visível e do
invisível, do celestial e do terreno.
Também
porque submete ao recto culto todo o tipo de homens, governantes e cidadãos,
doutos e ignorantes.
E,
finalmente, porque cura e sana todo o género de pecados, da alma, ou do corpo,
possuindo além disso - seja qual for o nome com que se designe - todas as
formas de virtude, em factos, em palavras e em toda a espécie de dons
espirituais.
A
catolicidade da Igreja não depende de que os não católicos a aclamem ou tenham
consideração por Ela.
Nem
se relaciona com o facto de que, em assuntos não espirituais, as opiniões de
algumas pessoas, dotadas de autoridade na Igreja, sejam consideradas - e às
vezes instrumentalizadas - por meios de opinião pública de correntes afins ao
seu pensamento.
Acontecerá
frequentemente que a parte de verdade que se defende em qualquer ideologia
humana, encontre no ensino perene da Igreja algum eco ou algum fundamento; isto
é, em certa medida, um sinal da divindade da Revelação que esse Magistério
guarda.
Mas
a Esposa de Cristo é Católica mesmo quando for deliberadamente ignorada por
muitos, e inclusivamente ultrajada e perseguida, como acontece hoje por
desgraça em tantos sítios.
10
A
Igreja não é um partido político, nem uma ideologia social, nem uma organização
mundial de concórdia ou de progresso material, mesmo reconhecendo a nobreza
dessas e doutras actividades.
A
Igreja realizou sempre e continua a realizar um imenso trabalho em benefício
dos necessitados, dos que sofrem e de todos aqueles que, de alguma maneira,
padecem as consequências do único e verdadeiro mal, que é o pecado.
E
a todos - aos que são de qualquer forma indigentes e aos que julgam gozar da
plenitude dos bens da terra - a Igreja vem confirmar uma única coisa essencial,
definitiva: que o nosso destino é eterno e sobrenatural; que só em Jesus Cristo
nos salvamos para sempre; e que só n'Ele alcançamos, já nesta vida, de algum
modo, a paz e a felicidade verdadeiras.
Pedi
agora comigo a Deus Nosso Senhor que nós, os católicos, nunca nos esqueçamos
destas verdades e que nos decidamos a pô-las em prática.
A
Igreja Católica não precisa do "visto bom" dos homens, porque é obra
de Deus.
Católicos
nos mostraremos pelos frutos de santidade que dermos, visto que a santidade não
admite fronteiras nem é património de nenhum particularismo humano.
Católicos
nos mostraremos se rezarmos, se continuamente procurarmos dirigir-nos a Deus,
se nos esforçarmos, sempre e em tudo, por ser justos - no mais amplo alcance do
termo justiça, não raramente utilizado nestes tempos com um matiz materialista
e erróneo -, se amarmos e defendermos a liberdade pessoal dos outros homens.
Lembro-vos
também outro sinal claro da catolicidade da Igreja: a fiei conservação e
administração dos Sacramentos como foram instituídos por Jesus Cristo, sem
tergiversações humanas nem más tentativas de os condicionar psicológica ou
sociologicamente.
Pois
ninguém pode determinar o que está sob a potestade de outrem, a não ser aquilo
que está em seu poder.
E
como a santificação do homem está sob a potestade de Deus santificante, não
compete ao homem estabelecer, segundo o seu critério, quais as coisas que o
hão-de santificar, mas isto há-de ser determinado por instituição divina.
Essas
tentativas de tirar a universalidade à essência dos Sacramentos, poderiam ter
talvez uma justificação se se tratasse apenas de sinais, de símbolos, que
actuassem por leis naturais de compreensão e entendimento.
Mas,
os Sacramentos da Nova Lei são ao mesmo tempo causas e sinais.
Por
isso comummente se ensina que causam o que significam. Daí que conservem
perfeitamente a razão de Sacramento, enquanto se ordenam a algo sagrado, não só
como sinal, mas também como causas.
SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
(cont)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.