A verdadeira oração, a que absorve
todo o indivíduo, não a favorece tanto a solidão do deserto como o recolhimento
interior. (Sulco, 460)
O caminho que conduz à santidade é o
caminho da oração; e a oração deve enraizar-se pouco a pouco na alma, como a
pequena semente que se tornará mais tarde árvore frondosa.
Começamos com orações vocais, que
muitos de nós repetimos desde crianças: são frases ardentes e simples,
dirigidas a Deus e à Sua Mãe, que é nossa Mãe. De manhã e à tarde, não um dia,
mas habitualmente, ainda renovo aquele oferecimento que os meus pais me ensinaram:
Ó Senhora minha, ó minha mãe, eu me ofereço todo a Vós. E, em prova da minha
devoção para convosco, Vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a
minha boca, o meu coração... Não será isto, de algum modo, um princípio de
contemplação, uma demonstração evidente de confiante abandono? Que dizem
aqueles que se querem, quando se encontram? Como se comportam? Sacrificam tudo
o que são e tudo o que possuem pela pessoa que amam.
Primeiro uma jaculatória, e depois
outra e outra... Até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se
tornam pobres...: e abrem-se as portas à intimidade divina, com os olhos postos
em Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como
prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos
nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso
ofício, a alma anseia escapar-se. Vai até Deus como o ferro atraído pela força
do íman. Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto. (Amigos
de Deus, nn. 295–296)
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