Não
ponhas o teu "eu" na tua saúde, no teu nome, na tua carreira, na tua
ocupação, em cada passo que dás... Que coisa tão maçadora! Parece que te
esqueceste que "tu" não tens nada, é tudo d'Ele. Quando ao longo do
dia te sentires, talvez sem razão, humilhado; quando pensares que o teu
critério deveria prevalecer; quando notares que a cada instante borbota o teu
"eu", o teu, o teu, o teu..., convence-te de que estás a matar o
tempo e que estás a precisar que "matem" o teu egoísmo. (Forja,
1050)
Convém
deixar o Senhor meter-se nas nossas vidas e entrar confiadamente sem encontrar
obstáculos nem recantos obscuros. Nós, os homens, tendemos a defender-nos, a
apegar-nos ao nosso egoísmo. Sempre tentamos ser reis, ainda que seja do reino
da nossa miséria. Entendei através desta consideração por que motivo temos
necessidade de recorrer a Jesus: para que Ele nos torne verdadeiramente livres
e, dessa forma, possamos servir a Deus e a todos os homens. Só assim
perceberemos a verdade daquelas palavras de S. Paulo: Agora, porém, livres do
pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santificação e por fim a vida
eterna. Porque o salário do pecado é a morte, ao passo que o dom gratuito de
Deus é a vida eterna em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Estejamos
precavidos, portanto, visto que a nossa tendência para o egoísmo não morre e a
tentação pode insinuar-se de muitas maneiras. Deus exige que, ao obedecer,
ponhamos em exercício a fé, porque a sua vontade não se manifesta com aparato
ruidoso; às vezes o Senhor sugere o seu querer como que em voz baixa, lá no
fundo da consciência; e é necessário escutar atentamente para distinguir essa
voz e ser-Lhe fiel. (Cristo que passa, 17)
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