O
trabalho é a vocação original do homem; é uma bênção de Deus; e enganam-se
lamentavelmente aqueles que o consideram um castigo. O Senhor, o melhor dos
pais, colocou o primeiro homem no Paraíso – "ut operaretur", para trabalhar. (Sulco, 482)
O
trabalho acompanha necessariamente a vida do homem sobre a terra. Com ele
nascem o esforço, a fadiga, o cansaço, as manifestações de dor e de luta que
fazem parte da nossa existência humana actual e que são sinais da realidade do
pecado e da necessidade da redenção. Mas o trabalho, em si mesmo, não é uma
pena nem uma maldição ou castigo: os que assim falam não leram bem a Sagrada
Escritura.
É
a hora de nós, os cristãos, dizermos bem alto que o trabalho é um dom de Deus e
que não tem nenhum sentido dividir os homens em diversas categorias segundo os
tipos de trabalho, considerando umas tarefas mais nobres do que outras. O
trabalho, todo o trabalho, é testemunho da dignidade do homem, do seu domínio
sobre a criação. É um meio de desenvolvimento da personalidade. É um vínculo de
união com os outros seres; fonte de recursos para sustentar a família; meio de
contribuir para o melhoramento da sociedade em que se vive e para o progresso
de toda a Humanidade.
Para
um cristão, essas perspectivas alargam-se e ampliam-se, porque o trabalho
aparece como participação na obra criadora de Deus que, ao criar o homem, o
abençoou dizendo-lhe: Procriai e multiplicai-vos e enchei a terra e subjugai-a,
e dominai sobre todo o animal que se mova à superfície da terra. (Cristo
que passa, 47)