Ressuscitou! – Jesus ressuscitou. Não está no sepulcro. A Vida
pôde mais do que a morte. Apareceu a Sua Mãe Santíssima. – Apareceu a Maria de
Magdala, que está louca de amor. – E a Pedro e aos demais Apóstolos. – E a ti e
a mim, que somos Seus discípulos e mais loucos do que Madalena! Que coisas Lhe
dissemos!
Que nunca morramos pelo pecado; que seja eterna a nossa
ressurreição espiritual. – E, antes de terminar a dezena, beijaste as chagas
dos Seus pés... e eu, mais atrevido, – por ser mais criança – pus os meus
lábios no Seu lado aberto. (Santo
Rosário, 1º mistério de glória)
O dia do triunfo de Nosso Senhor, da sua Ressurreição, é
definitivo. Onde estão os soldados que a autoridade tinha posto? Onde estão os
selos que tinham colocado sobre a pedra de sepulcro? Onde estão os que
condenaram o Mestre? Onde estão os que crucificaram Jesus?... Ante a sua
vitória, produz-se a grande fuga dos pobres miseráveis. Enche-te de esperança:
Jesus Cristo vence sempre. (Forja,
660)
Instaurare omnia in Christo, é o lema que S. Paulo dá aos cristãos de
Éfeso: dar forma a tudo segundo o espírito de Jesus; colocar Cristo na entranha
de todas as coisas: Si exaltatus fuero a
terra, omnia traham ad meipsum: quando Eu for levantado sobre a terra, tudo
atrairei a mim. Cristo, com a sua Encarnação, com a sua vida de trabalho em
Nazaré, com a sua pregação e os seus milagres por terras da Judeia e da
Galileia, com a sua morte na Cruz, com a sua Ressurreição, é o centro da
Criação, Primogénito e Senhor de toda a criatura.
A nossa missão de cristãos é proclamar essa Realeza de Cristo;
anunciá-la com a nossa palavra e com as nossas obras. O Senhor quer os seus em
todas as encruzilhadas da Terra. A alguns, chama-os ao deserto, desentendidos
das inquietações da sociedade humana, para recordarem aos outros homens, com o
seu testemunho, que Deus existe. Encomenda a outros o ministério sacerdotal. À
grande maioria, o Senhor quere-a no mundo, no meio das ocupações terrenas.
Estes cristãos, portanto, devem levar Cristo a todos os ambientes em que se
desenvolve o trabalho humano: à fábrica, ao laboratório, ao trabalho do campo,
à oficina do artesão, às ruas das grandes cidades e às veredas da montanha.
Gosto de recordar a este propósito o episódio da conversa de
Cristo com os discípulos de Emaús. Jesus caminha junto daqueles dois homens que
perderam quase toda a esperança, de modo que a vida começa a parecer-lhes sem
sentido. Compreende a sua dor, penetra nos seus corações, comunica-lhes algo da
vida que Nele habita. Quando, ao chegar àquela aldeia, Jesus faz menção de
seguir para diante, os dois discípulos retêm-No e quase O forçam a ficar com
eles. Reconhecem-No depois ao partir o pão: – O Senhor, exclamam, esteve
connosco! Então disseram um para o outro: Não é verdade que sentíamos
abrasar-se-nos o coração dentro de nós enquanto nos falava no caminho e nos
explicava as Escrituras? Cada cristão deve tornar Cristo presente entre os
homens; deve viver de tal maneira que todos com quem contacte sintam o bonus odor Christi, o bom odor de
Cristo, deve actuar de forma que, através das acções do discípulo, se possa
descobrir o rosto do Mestre. (Cristo
que passa, 105)
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