06/04/2018

Leitura espiritual

TEMA 36. O sexto mandamento do Decálogo

Deus é amor, e o seu amor é fecundo. Deus quis que a pessoa humana participasse desta fecundidade, associando a geração a um acto específico de amor entre o homem e a mulher.
 
1. Criou-os homem e mulher

A ordem de Deus ao homem e à mulher para «crescer e multiplicar-se», há-de ler-se na perspectiva da criação «à imagem e semelhança» da Trindade (cf. Gn 1). Isto faz com que a geração humana, no contexto mais vasto da sexualidade, não seja algo «puramente biológico», mas diga «respeito à pessoa humana como tal, no que ela tem de mais íntimo» (Catecismo, 2361); logo, é essencialmente diferente da própria vida animal. «Deus é amor» (1 Jo 4, 8) e o seu amor é fecundo. Nesta fecundidade, quis Deus que a pessoa humana participasse, associando à geração de cada nova pessoa um acto específico de amor entre um homem e uma mulher[1]. Por isso, «o sexo não é uma realidade vergonhosa; é uma dádiva divina que se orienta limpidamente para a vida, para o amor, para a fecundidade»[2]. Sendo o homem um indivíduo composto de corpo e alma, o acto amoroso generativo exige a participação de todas as dimensões da pessoa: a corporeidade, os afectos, o espírito[3].
O pecado original quebrou a harmonia do homem consigo mesmo e com os outros. Esta fractura teve particular repercussão na capacidade da pessoa viver racionalmente a sexualidade. Por um lado, obscurecendo na inteligência o nexo inseparável que existe entre as dimensões afectivas e generativas da união conjugal; por outro lado, dificultando o domínio que a vontade exerce sobre os dinamismos afectivos e corporais da sexualidade. A necessidade de purificação e maturidade que a sexualidade exige nestas condições não significa de modo algum a sua rejeição, ou uma consideração negativa deste dom que o homem e a mulher receberam de Deus. Significa, isso sim, a necessidade de que «o amor – o eros – possa amadurecer até à sua verdadeira grandeza»[4]. Nesta tarefa joga um papel fundamental a virtude da castidade.
2. A vocação para a castidade

O Catecismo da Doutrina Católica fala de vocação para a castidade, porque esta virtude é condição e parte essencial da vocação para o amor, para o dom de si, ao qual Deus chama cada pessoa. A castidade torna possível o amor na corporeidade e através dela[5]. De algum modo, pode-se dizer que a castidade é a virtude que possibilita e conduz a pessoa humana na arte de viver bem, na benevolência e na paz interior com os outros homens e mulheres e consigo mesmo; visto que a sexualidade humana atravessa todas as potências, do mais físico e material ao mais espiritual, colorindo as diversas faculdades no masculino e feminino. A virtude da castidade não é simplesmente um remédio contra a desordem que o pecado origina na esfera sexual, mas uma afirmação gozosa, porque permite amar a Deus e, através d’Ele, os outros homens, com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas as forças (cf. Mc 12, 30)[6]. «A virtude da castidade gira na órbita da virtude cardeal da temperança» (Catecismo, 2341) e «significa a integração conseguida da sexualidade na pessoa, e daí a unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual» (Catecismo, 2337). É muito importante na formação das pessoas, sobretudo dos jovens, falar da castidade, explicando a profunda e estreita relação entre a capacidade de amar, a sexualidade e a procriação. Se não for assim, pode parecer que se trata duma virtude negativa, já que boa parte da luta por viver a castidade caracteriza-se pela tentativa de dominar as paixões, que nalgumas circunstâncias se orientam para bens particulares que não são ordenáveis racionalmente em função do bem da pessoa considerada como um todo[7].
No estado actual, o homem não pode viver a lei moral, e por conseguinte a castidade, sem a ajuda da graça. Isto não significa a impossibilidade da virtude humana ser incapaz de conseguir um certo controlo das paixões nesta área, mas sim a constatação da magnitude da ferida produzida pelo pecado, a qual exige o auxílio divino para a perfeita reintegração da pessoa[8].
3. A educação da castidade

A castidade exige o domínio da concupiscência, que é parte integrante do domínio de si. Este domínio é uma tarefa que dura a vida inteira e supõe esforço reiterado que pode ser especialmente intenso nalgumas épocas. A castidade deve crescer sempre, com a graça de Deus e a luta ascética (cf. Catecismo, 2342)[9]. «A caridade é a forma de todas as virtudes. Sob a sua influência, a castidade aparece como uma escola de doação da pessoa. O domínio de si ordena-se para o dom de si» (Catecismo, 2346). A educação da castidade é muito mais do que alguns denominam “educação sexual”, que se ocupa fundamentalmente de proporcionar informação sobre os aspectos fisiológicos da reprodução humana e os métodos contraceptivos. A verdadeira educação da castidade não se limita a informar sobre aspectos biológicos, mas ajuda a reflectir sobre os valores pessoais e morais que entram em jogo em tudo o que se relaciona com o nascimento da vida humana e a maturidade pessoal. Por outro lado, fomenta grandes ideais de amor a Deus e aos outros através do exercício das virtudes da generosidade, do dom de si, do pudor que protege a intimidade, etc., os quais ajudam a pessoa a superar o egoísmo e a tentação de se fechar sobre si mesma. Neste empenho, os pais têm grande responsabilidade, visto que são os primeiros e principais mestres na formação da castidade dos seus filhos[10]. Meios importantes na luta por viver esta virtude: a) a oração: pedir a Deus a virtude da santa pureza[11] e a frequência dos sacramentos são os remédios para a nossa debilidade; b) trabalho intenso, evitar o ócio; c) moderação na comida e na bebida; d) cuidado dos pormenores de pudor e modéstia no vestuário, etc.; e) rejeitar as leituras de livros, revistas e jornais inconvenientes; e evitar os espectáculos imorais; f) muita sinceridade na direcção espiritual; g) esquecer-se de si próprio; h) ter uma grande devoção a Maria Santíssima, Mater pulchrae dilectionis (Mãe do Amor formoso). A castidade é uma virtude eminentemente pessoal que «implica também um esforço cultural» (Catecismo, 2344), visto que o «progresso da pessoa humana e o desenvolvimento da própria sociedade estão em mútua dependência»[12]. O respeito pelos direitos da pessoa reclama o respeito pela castidade, particularmente o direito a «receber uma informação e educação que respeitem as dimensões morais e espirituais da vida humana» (Catecismo, 2344)[13]. As manifestações concretas como se configura e cresce esta virtude são diferentes dependendo da vocação recebida. «As pessoas casadas são chamadas a viver a castidade conjugal; as outras praticam a castidade na continência» (Catecismo, 2349).
4. A castidade no matrimónio

A união sexual «ordena-se para o amor conjugal do homem e da mulher» (Catecismo, 2360): quer dizer, quando se «realiza de maneira verdadeiramente humana, somente se é parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até à morte»[14]. A grandeza do acto pelo qual o homem e a mulher cooperam livremente com a acção criadora de Deus exige estritas condições morais, justamente devido à importância antropológica que possui: a capacidade de gerar uma nova vida humana chamada à eternidade. É este o motivo pelo qual o homem não deve separar voluntariamente as dimensões unitiva e procriativa do referido acto, como é o caso da contracepção[15]. Os esposos castos saberão descobrir os momentos mais adequados para viver a união corporal, de modo que reflicta sempre, em cada acto, o que o dom de si significa[16]. Diferentemente da dimensão procriadora, que se pode actualizar de modo verdadeiramente humano somente através do acto conjugal, a dimensão afectiva e unitiva própria desse acto pode e deve manifestar-se de muitos outros modos. Isto explica que, se devido a determinadas condições de saúde ou de outro tipo, os esposos não podem realizar união conjugal, ou decidem que é preferível abster-se temporariamente (ou definitivamente em situações especialmente graves) do acto próprio do matrimónio, podem e devem continuar a actualizar esse dom de si, que faz crescer o amor verdadeiramente pessoal, do qual a união dos corpos é manifestação.
5. A castidade e o celibato

Deus chama alguns a que vivam a sua vocação de amor de modo particular no celibato apostólico[17]. O modo de viver a vocação cristã no celibato apostólico exige a continência[18]. Esta exclusão do uso da capacidade generativa não significa de nenhum modo a exclusão do amor e da afectividade[19]. Pelo contrário, a doação que se faz livremente a Deus de uma possível vida conjugal, capacita a pessoa para amar e dar-se ao serviço muitos outros homens e mulheres, ajudando-os a encontrar Deus, que é a razão do celibato[20]. Este modo de vida há-de ser considerado e vivido sempre como um dom, pois ninguém se pode arrogar da capacidade de ser fiel ao Senhor neste caminho sem o auxílio da graça.
6. Pecados contra a castidade

A castidade opõe-se à luxúria que «é um desejo desordenado ou um gozo desregrado de prazer venéreo. O prazer sexual é moralmente desordenado quando procurado por si mesmo, isolado das finalidades da procriação e da união» (Catecismo 2351). Dado que a sexualidade ocupa uma dimensão central na vida humana, os pecados contra a castidade são sempre graves devido à sua matéria e, portanto, fazem perder a herança do Reino de Deus (cf. Ef 5, 5). No entanto, podem ser leves, quando falta advertência plena ou perfeito consentimento. O vício da luxúria tem muitas e graves consequências: a cegueira da mente que obscurece o nosso fim e o nosso bem; a debilitação da vontade, que se torna quase incapaz de qualquer esforço, conduzindo à passividade, à apatia no trabalho, nas tarefas, etc., o apego aos bens terrenos que faz esquecer os eternos e, finalmente, pode-se chegar ao ódio a Deus, que aparece ao luxurioso como o maior obstáculo para satisfazer a sua sensualidade. A masturbação é a «excitação voluntária dos órgão genitais, para daí retirar um prazer venéreo» (Catecismo, 2352). «Tanto o Magistério da Igreja, de acordo com a tradição constante, como o sentido moral dos fiéis, têm afirmado sem nenhuma dúvida que a masturbação é um acto intrínseca e gravemente desordenado»[21]. Pela sua própria natureza, a masturbação contradiz o sentido cristão da sexualidade que está ao serviço do amor. Ao ser um exercício solitário e egoísta da sexualidade, privado da verdade do amor, deixa insatisfação e conduz ao vazio e ao desgosto. «A fornicação é a união carnal fora do matrimónio entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, assim como para a geração e educação dos filhos» (Catecismo, 2353)[22]. O adultério «designa a infidelidade conjugal. Quando dois parceiros, dos quais pelo menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo efémera, cometem adultério» (Catecismo 2380)[23]. Do igual modo, são contrárias à castidade as conversas, os olhares, as manifestações de afecto para com outra pessoa, mesmo entre noivos, realizadas com desejo libidinoso, ou que constituem ocasião próxima de pecado caso se procurem ou não se rejeitem[24]. A pornografia – exibição do corpo humano como simples objecto de concupiscência – e a prostituição – transformação do próprio corpo em objecto de transacção financeira e de desfruto carnal – são faltas graves de desordem sexual, que, além de atentarem contra a dignidade das pessoas que as praticam, constituem uma chaga social (cf. Catecismo, 2355). «A violação designa a entrada na intimidade sexual duma pessoa à força, com violência. É um atentado contra a justiça e a caridade. A violação ofende profundamente o direito de cada um ao respeito, à liberdade e à integridade física e moral. Causa um prejuízo grave, que pode marcar a vítima para toda a vida. É sempre um acto intrinsecamente mau. É mais grave ainda, se cometido por parentes próximos (incesto) ou por educadores contra crianças que lhes estão confiadas» (Catecismo, 2356). «Os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados» como tem declarado a Tradição da Igreja[25]. Esta nítida valorização moral das acções não devem prejudicar minimamente as pessoas que apresentem tendências homossexuais[26], já que não poucas vezes a sua situação representa uma difícil prova[27]. Estas pessoas são também «chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã» (Catecismo, 2359).

PABLO REQUENA

Bibliografia básica
- Catecismo da Igreja Católica, 2331-2400. - Bento XVI, Enc. Deus Caritas est, 25-XII-2005, 1-18. - S. João Paulo II, Ex. Ap. Familiaris Consortio, 22-XI-1981.
Leituras recomendadas
- S. Josemaria, Homilia «Porque verão a Deus», em Amigos de Deus, 175-189; «O matrimonio, vocação cristã», em Cristo que Passa, 22-30. - Congregação para a Doutrina da Fé, Decl. Persona Humana, 29-XII-1975. Congregação para a Educação Católica, Orientações educativas sobre o amor humano, 1-XI-1983. - Conselho Pontifício para a Família, Sexualidade Humana: Verdade e Significado, 8XII-1995. - Conselho Pontifício para a Família, Lexicon de términos ambiguos y discutidos sobre familia, vida y cuestiones éticas (2003). (Tem especial interesse para os pais e educadores a entrada «Educación sexual» de Aquilino Polaino-Lorente).

Notas

[1] Cada um dos dois sexos é, com igual dignidade, embora de modo diferente, imagem do poder e da ternura de Deus. A união do homem e da mulher no matrimónio é um modo de imitar na carne a generosidade e a fecundidade do Criador: “O homem deixará o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne” (Gn 2, 24). Desta união procedem todas as gerações humanas (cf. Gn 4, 1-2.25-26; 5, 1)» (Catecismo, 2335). [2]S. Josemaria, Cristo que Passa, 24. [3]Se o homem aspira a ser somente espírito e quer rejeitar a carne como uma herança apenas animalesca, então espírito e corpo perdem a sua dignidade. E se ele, por outro lado, renega o espírito e consequentemente considera a matéria, o corpo, como realidade exclusiva, perde igualmente a sua grandeza» (Bento XVI, Enc. Deus Caritas Est, 25-XII-2005, 5). [4]Certamente «o eros quer elevar-nos “em êxtase” para o Divino, conduzir-nos para além de nós próprios, mas por isso mesmo requer um caminho de ascese, renúncias, purificações e saneamentos» (Ibidem) [5]Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem e conservando-a continuamente no ser, Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão» (S. João Paulo II, Ex. Ap. Familiaris Consortio, 22-XI-1981, 11). [6]A castidade é a afirmação gozosa de quem sabe viver o dom de si, livre de toda a escravidão egoísta» (Conselho Pontifício para a Família, Sexualidade humana: verdade e siGnificado, 8-XII-1995, 17). «A pureza é consequência do amor com que entregámos ao Senhor a alma e o corpo, as potências e os sentidos. Não é uma negação; é uma alegre afirmação». (S. Josemaria, Cristo que Passa, 5). [7]«A castidade implica uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa dominar por elas e torna-se infeliz (cf. Sir 1, 22.). “A dignidade do homem exige que ele proceda segundo uma opção consciente e livre, isto é, movido e determinado por uma convicção pessoal e não sob a pressão de um cego impulso interior ou da mera coacção externa. O homem atinge esta dignidade quando, libertando-se de toda a escravidão das paixões, prossegue o seu fim na livre escolha do bem e se procura de modo eficaz e com diligente iniciativa os meios adequados” (Gaudium et Spes, 17)» (Catecismo, 2339). [8]«A castidade é uma virtude moral. Mas é também um dom de Deus, uma graça, um fruto do trabalho espiritual (cf. Gl 5, 22). O Espírito Santo concede a graça de imitar a pureza de Cristo (cf. 1 Jo 3, 3) àquele que regenerou pela água do Baptismo» (Catecismo, 2345). [9]A maturidade da pessoa humana inclui o domínio de si, que supõe o pudor, a temperança, o respeito e abertura aos outros (cf. Congregação para a Educação Católica, Orientações educativas sobre o amor humano, 1-XI-1983, 35). [10]Este aspecto da educação tem hoje maior importância do que no passado, já que são muitos os modelos negativos que a sociedade actual apresenta (cf. Conselho Pontifício para a Família, Sexualidade humana: verdade e significado, 8-XII-1995, 47). «Diante de uma cultura que «banaliza» em grande parte a sexualidade humana, porque a interpreta e a vive de maneira limitada e empobrecida coligando-a unicamente ao corpo e ao prazer egoístico, o serviço educativo dos pais deve dirigir-se com firmeza para uma cultura sexual que seja verdadeira e plenamente pessoal» (S. João Paulo II, Ex. Ap. Familiaris Consortio, 37). [11]«Deus concede a santa pureza aos que Lha pedem com humildade» (S. Josemaria, Caminho, 118). [12]Concílio Vaticano II, Const. Gaudium et Spes, 25. [13]Em diversas ocasiões, o Papa S. João Paulo II referiu-se à necessidade de promover uma autêntica «ecologia humana» no sentido de conseguir um ambiente moral são que facilite o desenvolvimento da pessoa (cf. por exemplo, Enc. Centesimus Annus, 1-V-1991, 38). Parece evidente que parte do «esforço cultural» a que se fez referência consiste em mostrar que existe o dever de respeitar normas morais nos meios de comunicação social, especialmente na televisão, como exigência da dignidade das pessoas. «Nestes momentos de violência, de sexualidade brutal, selvagem, temos de ser rebeldes. Tu e eu somos rebeldes: não nos dá na real gana deixar-nos levar pela corrente, e ser uns animais. Queremos portar-nos como filhos de Deus, como homens ou mulheres que se dão com o seu Pai, que está nos Céus e quer estar muito perto – dentro! – de cada um de nós» (S. Josemaria, Forja, 15). [14]S. João Paulo II, Familiaris Consortio, 11. [15]Na fecundação artificial também se produz a ruptura entre estas dimensões próprias da sexualidade humana, como ensina claramente a Instrução Donum Vitae (1987). [16]Como ensina o Catecismo, o prazer que deriva da união conjugal é algo bom e querido por Deus (cf. Catecismo, 2362). [17]Embora a santidade se meça pelo amor de Deus e não pelo estado de vida – celibatário ou casado –, a Igreja ensina que o celibato pelo Reino dos Céus é um dom superior ao matrimónio (cf. Concilio de Trento: DS 1810; 1 Co 7, 38). [18]Não se trata aqui do celibato sacerdotal, nem da virgindade ou celibato consagrado. De qualquer modo, do ponto de vista moral em todas estas situações requer-se a continência total. [19]Não faria nenhum sentido defender que o celibato seja «antinatural». O facto de que o homem e a mulher se possam complementar, não significa que se completem, porque ambos são completos como pessoas humanas. [20]Bento XVI, falando do celibato sacerdotal, embora se pudesse referir a todo o celibato pelo Reino dos Céus, explica que não se pode compreender em termos meramente funcionais, pois na realidade «constitui uma especial conformação ao estilo de vida do próprio Cristo» Bento XVI, Ex. Ap. Sacramentum Caritatis, 24). [21]Congregação para a Doutrina da Fé, Decl. Persona Humana, 29-XII-1975, 9. [22]A união livre ou coabitação sem intenção de casamento, a união à experiência quando existe intenção de se casar e as relações pré-matrimoniais ofendem a dignidade da sexualidade humana e do matrimónio. «São contrárias à lei moral: o acto sexual deve ter lugar exclusivamente no matrimónio; fora dele constitui sempre um pecado grave e exclui da comunhão sacramental» (Catecismo, 2390). A pessoa não se pode “emprestar”, mas apenas doar-se livremente de uma vez para sempre. [23]Cristo condena mesmo o desejo do adultério (cf. Mt 5, 27-28). No Novo Testamento proíbe-se absolutamente o adultério (cf. Mt 5, 32; 19, 6; Mc 10, 11; 1 Cor 6, 9-10). O Catecismo, falando das ofensas contra o matrimónio, enumera também o divórcio, a poligamia e a contracepção. [24]«Os noivos são chamados a viver a castidade na continência. Eles farão, neste tempo de prova, a descoberta do respeito mútuo, a aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem um ao outro de Deus. Reservarão para o tempo do matrimónio as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade» (Catecismo, 2350). [25]Congregação para a Doutrina da Fé, Persona Humana, 8. «São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados» (Catecismo, 2357). [26]A homossexualidade refere-se às condições apresentadas por aqueles homens e mulheres que sentem atracção exclusiva ou predominante para com as pessoas do mesmo sexo. As possíveis situações que se possam apresentar são muito diferentes, logo é necessária extrema prudência no momento de tratar destes casos. [27]«Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição» (Catecismo 2358).

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.