TEMA
12 Creio no Espírito Santo. Creio na Santa Igreja Católica
O Espírito Santo une
intimamente os fiéis com Cristo de modo que formam um só corpo, a Igreja, onde
existe uma diversidade de membros e de funções.
1.
Creio no Espírito Santo
1.1.
A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade
Na Sagrada Escritura, o
Espírito Santo é chamado com diversos nomes: Dom, Senhor, Espírito de Deus,
Espírito de Verdade e Paráclito, entre outros.
Cada uma destas palavras
indica-nos alguma coisa da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
É “Dom”, porque o Pai e o
Filho no-lo envia gratuitamente: o Espírito veio habitar nos nossos corações
(cf. Gl 4, 6); Ele veio para ficar sempre com os homens.
Além disso, d’Ele procedem
todas as graças e dons, dos quais o maior é a vida eterna, juntamente com as
outras Pessoas divinas: n’Ele temos acesso ao Pai pelo Filho.
O Espírito é “Senhor” e
“Espírito de Deus”, que na Sagrada Escritura são nomes que se atribuem apenas a
Deus, porque é Deus com o Pai e o Filho.
É “Espírito de Verdade”
porque nos ensina de modo completo tudo o que Cristo nos revelou, e guia e
mantém a Igreja na verdade (cf. Jo 15, 26; 16, 13-14).
É o “outro” Paráclito (Consolador, Advogado)
prometido por Cristo, que é o primeiro Paráclito (o texto grego fala de “outro”
Paráclito e não de um paráclito “distinto” para assinalar a comunhão e
continuidade entre Cristo e o Espírito).
No Símbolo
Niceno-Constantinopolitano rezamos «Et in
Spiritum Sanctum, Dominum et vivificantem: qui ex Patre [Filioque] procedit. Qui
cum Patre et Filio simul adoratur, et conglorificatur: qui locutus est per
Prophetas». (Creio
no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o
Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos Profetas.)
Nesta frase, os Padres do
Concílio de Constantinopla (ano 381) quiseram utilizar algumas das expressões
bíblicas com que se nomeava o Espírito.
Ao dizer que é “dador de
vida” referiam-se ao dom da vida divina dado ao homem. Por ser Senhor e dador
de vida, é Deus com o Pai e o Filho, e recebe, portanto, a mesma adoração que
as outras duas Pessoas divinas.
Finalmente, também quiseram
assinalar a missão que o Espírito realiza entre os homens: falou pelos
Profetas.
Os Profetas são aqueles que
falaram em nome de Deus, movidos pelo Espírito para mover à conversão do seu
povo.
A obra reveladora do
Espírito nas profecias do Antigo Testamento encontra a sua plenitude no
mistério de Jesus Cristo, a Palavra definitiva de Deus.
São numerosos os símbolos
com que se representa o Espírito Santo: «a água viva, que brota do coração
trespassado de Cristo e dessedenta os baptizados; a unção com o óleo, que é
sinal sacramental da Confirmação; o fogo, que transforma o que toca; a nuvem,
obscura e luminosa, na qual se revela a glória divina; a imposição de mãos,
mediante a qual é dado o Espírito; a pomba, que desce sobre Cristo e permanece
sobre Ele no baptismo» (Compêndio, 139).
1.2.
A Missão do Espírito Santo
A Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade age juntamente com o Pai e Filho, desde o princípio até à
consumação do desígnio da nossa salvação; mas nos “últimos tempos”, inaugurados
com a Encarnação redentora do Filho, na qual que Ele é revelado e dado,
reconhecido e acolhido como Pessoa (cf. Catecismo, 686).
Por obra do Espírito, o
Filho de Deus tomou carne nas entranhas puríssimas da Virgem Maria.
O Espírito ungiu-o desde o
início; por isso Jesus Cristo é o Messias desde o início da sua humanidade,
quer dizer, desde a própria Encarnação (cf. Lc 1, 35).
Jesus Cristo revela o
Espírito no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos antepassados (cf. Lc 4,
18s), e comunica-O à Igreja nascente, soprando sobre os Apóstolos depois da
Ressurreição (cf. Compêndio, 143).
No Pentecostes, o Espírito
foi enviado para permanecer desde então na Igreja, Corpo místico de Cristo,
vivificando-a e guiando-a com os seus dons e com a sua presença.
Por isso, também se diz que
a Igreja é Templo do Espírito Santo, e que o Espírito Santo é como que a alma
da Igreja.
No dia de Pentecostes, o
Espírito desceu sobre os Apóstolos e os primeiros discípulos, mostrando com
sinais externos a vivificação da Igreja fundada por Cristo.
«A Missão de Cristo e do
Espírito torna-se a Missão da Igreja, enviada a anunciar e a difundir o
mistério da comunhão trinitária» (Compêndio, 144).
O Espírito faz entrar o
mundo nos “últimos tempos”, no tempo da Igreja.
A animação da Igreja pelo
Espírito Santo garante que se aprofunde, se conserve sempre vivo e sem perda
tudo o que Cristo disse e ensinou nos dias que viveu na terra até à Ascensão [i];
além disso, pela celebração
e administração dos sacramentos, o Espírito santifica a Igreja e os fiéis,
fazendo com que ela continue sempre a levar as almas para Deus [ii].
«Na Trindade indivisível, o
Filho e o Espírito são distintos, mas inseparáveis porque.
De facto, desde o princípio
até ao final dos tempos, quando o Pai envia o seu Filho, envia também o Seu
Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como filhos adoptivos, podermos
chamar Deus “Pai” ( Rm 8, 15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo
através da sua acção quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja»
(Compêndio, 137).
1.3.
Como agem Cristo e o Espírito Santo na Igreja?
Por meio dos sacramentos,
Cristo comunica o seu Espírito aos membros do seu Corpo, e oferece-lhes a graça
de Deus, que dá frutos de vida nova, segundo o Espírito. O Espírito Santo
também actua concedendo graças especiais a alguns cristãos para o bem de toda a
Igreja, e é o Mestre que recorda a todos os cristãos o que Cristo revelou (cf.
Jo 14, 25s).
«O Espírito edifica, anima e
santifica a Igreja; Espírito de Amor, Ele torna a dar aos baptizados a
semelhança divina, perdida por causa do pecado, e fá-los viver em Cristo da
própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar a Verdade de Cristo
e organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem “o fruto do
Espírito” (Gl 5, 22)» (Compêndio, 145).
2.
Creio na Santa Igreja Católica
2.1.
A revelação da Igreja
A Igreja é um mistério (cf.,
p. ex., Rm 16, 25-27), quer dizer, uma realidade em que entram em contacto e
comunhão Deus e os homens. Igreja vem do grego ekklesia, que significa
assembleia dos convocados. No Antigo Testamento foi utilizada para traduzir o quahal Yahweh, ou assembleia reunida por
Deus para O honrar com o culto devido.
São exemplos disso a
assembleia do Sinai, e a que se reuniu nos tempos do rei Josías a fim de louvar
a Deus e voltar à pureza da Lei (reforma).
No Novo Testamento há várias
acepções, em continuidade com o Antigo, mas designa especialmente o povo que
Deus convoca e reúne de todos os confins da terra, para constituir a assembleia
daqueles que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo
e templo do Espírito Santo (cf. Catecismo, 777; Compêndio, 147).
Na Sagrada Escritura, a
Igreja recebe diversos nomes, cada um dos quais sublinha especialmente alguns
aspectos do mistério da comunhão de Deus com os homens.
“Povo de Deus” é um título
que Israel recebeu. Quando se aplica à Igreja, novo Israel, quer dizer que Deus
não quis salvar os homens isoladamente, mas constituindo-os num único povo
reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que O conhecesse na
verdade e O servisse santamente [iii].
Também significa que ela foi
eleita por Deus, que é uma comunidade visível que está a caminho – entre as
nações – da sua pátria definitiva. Nesse povo, todos têm a comum dignidade dos
filhos de Deus, uma missão comum, ser sal da terra e um fim comum, que é o
Reino de Deus.
Todos participam das três
funções de Cristo, real, profética e sacerdotal (cf. Catecismo, 782-786).
Quando dizemos que a Igreja
é o “corpo de Cristo” queremos sublinhar que, através do envio do Espírito
Santo, Cristo une intimamente consigo os fiéis, sobretudo na Eucaristia,
incorpora-os à sua Pessoa pelo Espírito Santo, mantendo-se e crescendo unidos
entre si na caridade, formando um só corpo na diversidade dos membros e
funções.
Também se indica que a saúde
ou a doença de um membro se repercute em todo o corpo (cf. 1 Cor 12, 1-24), e
que os fiéis, como membros de Cristo, são seus instrumentos para agir no mundo
(cf. Catecismo, 787-795).
(cont)
MIGUEL DE SALIS AMARAL
Notas:
[i] Cfr.
Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 8.
[ii] «A
vinda solene do Espírito no dia de Pentecostes não foi um acontecimento
isolado. Quase não há uma página dos Actos dos Apóstolos em que se não fale
d’Ele e da acção pela qual guia, dirige e anima a vida e as obras da primitiva
comunidade cristã […] Esta realidade profunda que o texto da Sagrada Escritura
nos dá a conhecer, não é uma recordação do passado, uma espécie de idade de
ouro da Igreja perdida na história. Por cima das misérias e dos pecados de cada
um de nós, continua a ser a realidade Igreja de hoje e da Igreja de todos os
tempos» (São Josemaria, Cristo que Passa, 127 e seg.).
[iii] Cf. Concílio Vaticano
II, Lumen Gentium, 4 e 9; São Cipriano, De Orat Dom, 23 (CSEL 3, 285).
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