26/02/2018

Leitura espiritual

RESUMOS DA FÉ CRISTÃ

TEMA 12 Creio no Espírito Santo. Creio na Santa Igreja Católica

O Espírito Santo une intimamente os fiéis com Cristo de modo que formam um só corpo, a Igreja, onde existe uma diversidade de membros e de funções.

1. Creio no Espírito Santo

1.1. A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade

Na Sagrada Escritura, o Espírito Santo é chamado com diversos nomes: Dom, Senhor, Espírito de Deus, Espírito de Verdade e Paráclito, entre outros.
Cada uma destas palavras indica-nos alguma coisa da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
É “Dom”, porque o Pai e o Filho no-lo envia gratuitamente: o Espírito veio habitar nos nossos corações (cf. Gl 4, 6); Ele veio para ficar sempre com os homens.
Além disso, d’Ele procedem todas as graças e dons, dos quais o maior é a vida eterna, juntamente com as outras Pessoas divinas: n’Ele temos acesso ao Pai pelo Filho.
O Espírito é “Senhor” e “Espírito de Deus”, que na Sagrada Escritura são nomes que se atribuem apenas a Deus, porque é Deus com o Pai e o Filho.
É “Espírito de Verdade” porque nos ensina de modo completo tudo o que Cristo nos revelou, e guia e mantém a Igreja na verdade (cf. Jo 15, 26; 16, 13-14).
 É o “outro” Paráclito (Consolador, Advogado) prometido por Cristo, que é o primeiro Paráclito (o texto grego fala de “outro” Paráclito e não de um paráclito “distinto” para assinalar a comunhão e continuidade entre Cristo e o Espírito).
No Símbolo Niceno-Constantinopolitano rezamos «Et in Spiritum Sanctum, Dominum et vivificantem: qui ex Patre [Filioque] procedit. Qui cum Patre et Filio simul adoratur, et conglorificatur: qui locutus est per Prophetas». (Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos Profetas.)
Nesta frase, os Padres do Concílio de Constantinopla (ano 381) quiseram utilizar algumas das expressões bíblicas com que se nomeava o Espírito.
Ao dizer que é “dador de vida” referiam-se ao dom da vida divina dado ao homem. Por ser Senhor e dador de vida, é Deus com o Pai e o Filho, e recebe, portanto, a mesma adoração que as outras duas Pessoas divinas.
Finalmente, também quiseram assinalar a missão que o Espírito realiza entre os homens: falou pelos Profetas.
Os Profetas são aqueles que falaram em nome de Deus, movidos pelo Espírito para mover à conversão do seu povo.
A obra reveladora do Espírito nas profecias do Antigo Testamento encontra a sua plenitude no mistério de Jesus Cristo, a Palavra definitiva de Deus.
São numerosos os símbolos com que se representa o Espírito Santo: «a água viva, que brota do coração trespassado de Cristo e dessedenta os baptizados; a unção com o óleo, que é sinal sacramental da Confirmação; o fogo, que transforma o que toca; a nuvem, obscura e luminosa, na qual se revela a glória divina; a imposição de mãos, mediante a qual é dado o Espírito; a pomba, que desce sobre Cristo e permanece sobre Ele no baptismo» (Compêndio, 139).

1.2. A Missão do Espírito Santo

A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade age juntamente com o Pai e Filho, desde o princípio até à consumação do desígnio da nossa salvação; mas nos “últimos tempos”, inaugurados com a Encarnação redentora do Filho, na qual que Ele é revelado e dado, reconhecido e acolhido como Pessoa (cf. Catecismo, 686).
Por obra do Espírito, o Filho de Deus tomou carne nas entranhas puríssimas da Virgem Maria.
O Espírito ungiu-o desde o início; por isso Jesus Cristo é o Messias desde o início da sua humanidade, quer dizer, desde a própria Encarnação (cf. Lc 1, 35).
Jesus Cristo revela o Espírito no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos antepassados (cf. Lc 4, 18s), e comunica-O à Igreja nascente, soprando sobre os Apóstolos depois da Ressurreição (cf. Compêndio, 143).
No Pentecostes, o Espírito foi enviado para permanecer desde então na Igreja, Corpo místico de Cristo, vivificando-a e guiando-a com os seus dons e com a sua presença.
Por isso, também se diz que a Igreja é Templo do Espírito Santo, e que o Espírito Santo é como que a alma da Igreja.

No dia de Pentecostes, o Espírito desceu sobre os Apóstolos e os primeiros discípulos, mostrando com sinais externos a vivificação da Igreja fundada por Cristo.
«A Missão de Cristo e do Espírito torna-se a Missão da Igreja, enviada a anunciar e a difundir o mistério da comunhão trinitária» (Compêndio, 144).
O Espírito faz entrar o mundo nos “últimos tempos”, no tempo da Igreja.
A animação da Igreja pelo Espírito Santo garante que se aprofunde, se conserve sempre vivo e sem perda tudo o que Cristo disse e ensinou nos dias que viveu na terra até à Ascensão [i];
além disso, pela celebração e administração dos sacramentos, o Espírito santifica a Igreja e os fiéis, fazendo com que ela continue sempre a levar as almas para Deus [ii].
«Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos, mas inseparáveis porque.
De facto, desde o princípio até ao final dos tempos, quando o Pai envia o seu Filho, envia também o Seu Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como filhos adoptivos, podermos chamar Deus “Pai” ( Rm 8, 15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo através da sua acção quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja» (Compêndio, 137).

1.3. Como agem Cristo e o Espírito Santo na Igreja?

Por meio dos sacramentos, Cristo comunica o seu Espírito aos membros do seu Corpo, e oferece-lhes a graça de Deus, que dá frutos de vida nova, segundo o Espírito. O Espírito Santo também actua concedendo graças especiais a alguns cristãos para o bem de toda a Igreja, e é o Mestre que recorda a todos os cristãos o que Cristo revelou (cf. Jo 14, 25s).
«O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja; Espírito de Amor, Ele torna a dar aos baptizados a semelhança divina, perdida por causa do pecado, e fá-los viver em Cristo da própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar a Verdade de Cristo e organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem “o fruto do Espírito” (Gl 5, 22)» (Compêndio, 145).

2. Creio na Santa Igreja Católica

2.1. A revelação da Igreja

A Igreja é um mistério (cf., p. ex., Rm 16, 25-27), quer dizer, uma realidade em que entram em contacto e comunhão Deus e os homens. Igreja vem do grego ekklesia, que significa assembleia dos convocados. No Antigo Testamento foi utilizada para traduzir o quahal Yahweh, ou assembleia reunida por Deus para O honrar com o culto devido.
São exemplos disso a assembleia do Sinai, e a que se reuniu nos tempos do rei Josías a fim de louvar a Deus e voltar à pureza da Lei (reforma).
No Novo Testamento há várias acepções, em continuidade com o Antigo, mas designa especialmente o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da terra, para constituir a assembleia daqueles que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo do Espírito Santo (cf. Catecismo, 777; Compêndio, 147).
Na Sagrada Escritura, a Igreja recebe diversos nomes, cada um dos quais sublinha especialmente alguns aspectos do mistério da comunhão de Deus com os homens.
“Povo de Deus” é um título que Israel recebeu. Quando se aplica à Igreja, novo Israel, quer dizer que Deus não quis salvar os homens isoladamente, mas constituindo-os num único povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que O conhecesse na verdade e O servisse santamente [iii].
Também significa que ela foi eleita por Deus, que é uma comunidade visível que está a caminho – entre as nações – da sua pátria definitiva. Nesse povo, todos têm a comum dignidade dos filhos de Deus, uma missão comum, ser sal da terra e um fim comum, que é o Reino de Deus.
Todos participam das três funções de Cristo, real, profética e sacerdotal (cf. Catecismo, 782-786).
Quando dizemos que a Igreja é o “corpo de Cristo” queremos sublinhar que, através do envio do Espírito Santo, Cristo une intimamente consigo os fiéis, sobretudo na Eucaristia, incorpora-os à sua Pessoa pelo Espírito Santo, mantendo-se e crescendo unidos entre si na caridade, formando um só corpo na diversidade dos membros e funções.
Também se indica que a saúde ou a doença de um membro se repercute em todo o corpo (cf. 1 Cor 12, 1-24), e que os fiéis, como membros de Cristo, são seus instrumentos para agir no mundo (cf. Catecismo, 787-795).

(cont)

MIGUEL DE SALIS AMARAL

Notas:




[i] Cfr. Concílio Vaticano II, Const. Dei Verbum, 8.
[ii] «A vinda solene do Espírito no dia de Pentecostes não foi um acontecimento isolado. Quase não há uma página dos Actos dos Apóstolos em que se não fale d’Ele e da acção pela qual guia, dirige e anima a vida e as obras da primitiva comunidade cristã […] Esta realidade profunda que o texto da Sagrada Escritura nos dá a conhecer, não é uma recordação do passado, uma espécie de idade de ouro da Igreja perdida na história. Por cima das misérias e dos pecados de cada um de nós, continua a ser a realidade Igreja de hoje e da Igreja de todos os tempos» (São Josemaria, Cristo que Passa, 127 e seg.).
[iii] Cf. Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, 4 e 9; São Cipriano, De Orat Dom, 23 (CSEL 3, 285).

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.