Art.
4 — Se Cristo tem o poder judiciário sobre todas as coisas humanas.
O quarto discute-se assim. — Parece que
Cristo não tem o poder judiciário sobre todas as coisas humanas.
1. — Pois, como lemos no Evangelho, a um
da multidão, que pedia a Cristo - Diz a
meu irmão que reparta comigo da herança - respondeu: Homem, quem me constituiu a um juiz ou partido sobre vós outros?
Logo, não tem o poder judiciário sobre todas as coisas humanas.
2. Demais. — Ninguém pode julgar senão o
que lhe está sujeito. Ora, ainda não
vemos que todas as coisas estejam sujeitas a Cristo, como diz o Apóstolo.
Logo, parece que Cristo não tem o poder judiciário sobre todas as coisas
humanas.
3. Demais. — Agostinho diz, que o juízo divino faz com que às vezes os bons
sejam afligidos neste mundo e às vezes prosperem, dando-se o mesmo com os maus.
Ora, isso já se passava antes da Encarnação de Cristo. Logo, nem todos os
juízos de Deus sobre as causas humanas pertencem ao poder judiciário de Cristo.
Mas, em contrário, o Evangelho: O Pai deu todo o juízo ao Filho.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. —
Como dissemos, o poder judiciário resulta da dignidade real. Ora, Cristo embora
fosse constituído rei por Deus, contudo, enquanto viveu na terra, não quis
administrar temporalmente o reino terrestre. Assim, ele próprio o disse: O meu reino não é deste mundo. Do mesmo
modo, não quis exercer o poder judiciário sobre as coisas temporais, ele que
viera elevar os homens ao plano das divinas. Por isso, Ambrósio diz no mesmo
lugar: Com razão se abstém dos bens
terrenos aquele que descera à terra para nos conquistar os divinos; nem se digna
ser juiz de processo e árbitro de riquezas, quem tem o poder de julgar vivos e
mortos e é o arbítrio dos méritos.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Todas as causas
estão sujeitas a Cristo, quanto ao poder que o Pai lhe deu sobre todas, segundo
o Evangelho: Tem-se-me dado todo o poder
no céu e na terra. Mas não lhe estão todas sujeitas, quanto à execução do
seu poder; o que se dará no futuro, quando consumará a sua vontade sobre todos,
salvando a uns e punindo a outros.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Antes da
Encarnação esses juízos eram proferidos por Cristo, enquanto Verbo de Deus; de
cujo poder se tornou participante, pela Encarnação a alma que lhe está
pessoalmente unida.
Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.
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