Trabalhemos, e trabalhemos muito e bem,
sem esquecer que a nossa melhor arma é a oração. Por isso, não me canso de
repetir que havemos de ser almas contemplativas no meio do mundo que procuram
converter o seu trabalho em oração. (Sulco, 497)
Convencei-vos de que não se torna
difícil converter o trabalho num diálogo de oração. Basta oferecê-lo a Deus e
meter mãos à obra, pois Ele já nos está a ouvir e a alentar. Assim, nós, no
meio do trabalho quotidiano, conquistamos o modo de ser das almas
contemplativas, porque nos invade a certeza de que Deus nos olha, sempre que
nos pede uma nova e pequena vitória: um pequeno sacrifício, um sorriso à pessoa
importuna, começar pela tarefa menos agradável e mais urgente, ter cuidado com
os pormenores de ordem, ser perseverante no dever quando era tão fácil
abandoná-lo, não deixar para amanhã o que temos de terminar hoje... E tudo isto
para dar gosto ao Nosso Pai Deus! Entretanto, talvez sobre a tua mesa ou num
lugar discreto que não chame a atenção, para te servir de despertador do
espírito contemplativo, pões o crucifixo, que já se tornou para a tua alma e
para a tua mente o manual onde aprendes as lições de serviço.
Se te decidires – sem fazer coisas esquisitas,
sem abandonar o mundo, no meio das tuas ocupações habituais – a entrar por
estes caminhos de contemplação, sentir-te-ás imediatamente amigo do Mestre e
com o encargo divino de abrir os caminhos divinos da terra a toda a humanidade.
Sim, com esse teu trabalho contribuirás para que se estenda o reinado de Cristo
em todos os continentes e seguir-se-ão, uma atrás da outra, as horas de
trabalho oferecidas pelas longínquas nações que nascem para a fé, pelos povos
do leste barbaramente impedidos de professar com liberdade as suas crenças,
pelos países de antiga tradição cristã onde parece que se obscureceu a luz do
Evangelho e as almas se debatem nas sombras da ignorância...
Que valor adquire então essa hora de
trabalho, esse continuar com o mesmo empenho durante um pouco mais de tempo,
alguns minutos mais, até rematar a tarefa. Convertes assim, de um modo prático
e simples, a contemplação em apostolado, como necessidade imperiosa do coração,
que pulsa em uníssono com o dulcíssimo e misericordioso Coração de Jesus, Nosso
Senhor. (Amigos
de Deus, 67)
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