Este
demónio dramatiza e faz vítimas. Neste caso, o sentido do humor consiste em ver
o lado bom das coisas, ainda que aparentemente de todo negativas; consiste em
aprender a relativizar, a olhar “desde fora” as situações que nos afectam. O
sentido do humor, por isso, ajuda a equilibrar as coisas, a não dramatizar e
não ver tudo de maneira trágica. Ter sentido de humor é não fazer-se de
importante, não levar a sério títulos, nem os problemas, nem os conflitos
pastorais e eclesiais. É rir sadiamente de nós mesmos, das situações e dos seus
protagonistas.
O demónio
que arranca ou adormece o sentido do humor, arrasta progressivamente o apóstolo
à crítica sistemática, ao azedume, ao complexo de vítima que dramatiza tudo o
que o afecta desfavoravelmente. O apóstolo que se dá muita importância, que
acha seu trabalho o máximo, que procura cargos importantes ou que simplesmente
se leva muito a sério, perde a simplicidade evangélica e, com ela, o sentido
cristão do humor.
O
apostolado requer o sentido do humor. A Igreja também precisa de humor e,
obviamente, todos nós. O sentido do humor é uma qualidade tão humana quanto
cristã. Trata-se de uma qualidade presente nos santos, nos apóstolos e nos
missionários mais atraentes. Teve importância no apostolado de ontem e tem no
de agora.
De
facto, em tempos de particular tensão e conflito na vida apostólica e da Igreja
em geral, o sentido do humor torna-se imprescindível. Por isso, contribuir para
o seu desaparecimento da vida eclesial e pastoral constitui uma tentação
permanente, um demónio. Os cismas, heresias, dissidências, divisões, conflitos
insolúveis e falta de diálogo e de comunhão são atitudes de pessoas que
normalmente perderam o sentido do humor; que dão grande importância a si mesmos
e às suas ideias. Sem sentido de humor, qualquer contradição, reprovação ou
questionamento provindos da Igreja, é um drama, uma perseguição. Portanto, um
apóstolo sem sentido de humor é um apóstolo vulnerável e débil.
Em
última análise, o sentido do humor forma parte da fortaleza cristã e,
certamente, a propicia.
Fonte:
prebíteros
(revisão
da versão portuguesa por ama)
Este
texto é um extracto do livro do teólogo chileno segundo
galilea, Tentación y
Discernimiento, Narcea, Madrid 1991, p. 29-67.
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