Jesus
Morre na Cruz
Chegou
ao fim o Teu calvário. O sofrimento, os insultos, o vexame de seres despido em público,
o opróbrio de seres contado entre os salteadores, tudo se consumou.
Inclinas
a cabeça gotejante, e expiras.
E o
mundo cobre-se de trevas. E muitos ressuscitaram.
E
eu?
Coberto
pelas trevas ou ressuscitado?
Inclinado
em prostração pelo sacrifício tremendo, coberto de crepes, as lágrimas correndo,
o corpo alquebrado pela angústia do meu Senhor morto, ou, ao contrário,
ressuscitado para a vida que acabas-Te de dar-me, para a luminosa realidade de
Teu filho e irmão, para a felicidade de finalmente ter sido liberto da minha
escravidão ao pecado?
Como
pude eu, Senhor, mergulhar nas trevas?
Como
posso eu, Senhor, passear-me indiferente ao Teu sacrifício?
Como
é possível que eu não me transfigure num homem novo, diferente?
Porquê
não começo a caminhar em frente, para Ti, em vez dos desvios que continuamente
faço, das paragens para deter-me em coisas que não valem nada, nesta minha
viagem para me juntar a Ti?
Nessa
Cruz onde expiras-Te, caberei eu também?
Posso,
Senhor, juntar-me a Ti de braços estendidos e participar conTigo?
Porque
não quises-Te Senhor, que eu fosse, ao menos, esse ladrão que levasTe, hoje
mesmo, conTigo para o Paraíso?
Mais
fácil, muito mais fácil teria sido, sem dúvida. Tu queres de mim, Senhor, toda
a minha entrega e eu não Te dou senão bocadinhos de mim, da minha vida e, mesmo
esses, de má vontade e sem determinação.
Posso
eu merecer este Teu sacrifício?
Decerto
que sim, mas só com a Tua ajuda, Senhor. Só com a Tua ajuda constante.
Bastará
um momento, uma fracção de segundo, que me falte o Teu apoio e eu sou de novo
aquele que Te flagela, que Te coloca a coroa de espinhos, que Te trespassa o
peito com a lança, que Te vê morrer sem compreender nada, sem fazer nada.
Não
podes, Senhor, deixar-me. Tenho de ser digno da Tua morte, tenho de merecer o
Teu calvário, a Tua Cruz.
Protesto
eu que a minha cruz é pesada, difícil e, no entanto, não morro nela. Pelo
contrário, constantemente sinto a Tua mão a ajudar-me a carregá-la, o seu peso
descansar também no Teu ombro dorido. Pois é, Senhor, mas eu não passo de um
pobre pecador, desnorteado por vezes, cheio de ambições, de vaidade e
fraquezas. Tenho á minha frente a Tua cruz, essa enorme cruz onde morresTe por
mim.
Inclino-me
contristado e com o coração compungido pela dor de Te ver
partir,
de Te ver morrer.
Sei
porem que ressuscitarás e que estarás sempre comigo, até que resolvas chamar-me
para o pé de Ti.
Nada
mais quero, nada mais desejo.
O
que for preciso, Senhor, o que for necessário fazer para merecer esta Tua morte,
que eu o faça com a Tua ajuda, com o alento que sabes dar, com a Tua
misericórdia e bondade infinitas.
E
então, quando prostrado Te adorar, quando estiver no Teu seio, dir-Te-ei:
Obrigado
Senhor, pela Tua morte, sem ela não estaria aqui gozando a Vida Eterna.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.