Páscoa
Ascensão do Senhor
Evangelho:
Lc 24, 46-53
46 e disse-lhes: «Assim está escrito que o Cristo devia
padecer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, 47 e que em Seu
nome havia de ser pregado o arrependimento e a remissão dos pecados a todas as
nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas destas
coisas. 49 Eu vou mandar sobre vós o Prometido por Meu Pai.
Entretanto permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto». 50
Depois, levou-os até junto de Betânia e, levantando as Suas mãos, abençoou-os. 51
E enquanto os abençoava, separou-Se deles e era levado para o céu.52
Eles, depois de O adorarem, voltaram para Jerusalém com grande alegria, 53
e estavam continuamente no templo louvando a Deus.
Comentário:
Jesus cristo parte para o céu mas não
nos deixa sós.
Fica connosco presente na Santíssima Eucaristia, sempre disponível, sempre pronto a acolher-nos.
Fica connosco presente na Santíssima Eucaristia, sempre disponível, sempre pronto a acolher-nos.
Somos felizes, muito felizes por tão grande dom. Não só podemos
estar com Ele, gozar a Sua companhia sempre que quisermos como, o que é
extraordinário recebe-lo no Seu corpo a alma e divindade como alimento para
esta vida e penhor da vida eterna.
Nunca poderemos agradecer tão
excelente dom.
(ama, comentário
sobre Lc 24, 46-53, 2013.05.12)
Leitura espiritual
CARTA
ENCÍCLICA
LAETITIAE SANCTAE
DE
SUA SANTIDADE PAPA LEÃO XIII
A
TODOS OS NOSSOS VENERÁVEIS IRMÃOS, OS PATRIARCAS,
PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS DO ORBE CATÓLICO,
EM
GRAÇA E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE
O ROSÁRIO DE NOSSA SENHORA
11.
Todo aquele que se não contentar com olhar, porém meditar amiúde exemplos de
tão excelsa virtude, oh! como se sentirá impelido a imitá-los! Para esse, ainda
que seja "maldita a terra, e faça germinar espinhos e abrolhos",
ainda que o espírito seja oprimido pelos sofrimentos, ou o corpo pelas doenças,
nunca haverá nenhum mal causado pela perfídia dos homens ou pelo furor dos
demônios, nunca haverá calamidade, pública ou privada, que ele não consiga
superar com paciência.
É,
pois, realmente verdadeiro o dito: "É de cristão fazer e suportar coisas
árduas"; porque todo aquele que não quiser ser indigno desse nome não pode
deixar de imitar Cristo que sofre. E repare-se em que como resignação não entendemos
a vã ostentação de um ânimo endurecido à dor, como o tiveram alguns filósofos
antigos; mas sim essa resignação que se funda no exemplo d'Aquele que "em
lugar do gozo que tinha diante de si, suportou o suplício da Cruz, desprezando
a ignomínia" [1];
essa resignação que, depois de pedir a Ele o necessário auxílio da graça, de
modo algum recusa afrontar as adversidades; antes, alegra-se com elas, e
considera um lucro qualquer sofrimento, por mais acerbo que seja.
A
Igreja Católica sempre teve, e tem ainda agora, insignes campeões de tal
doutrina: homens e mulheres, em grande número, em todas as partes do mundo, de
todas as condições. Estes, seguindo as pegadas de Cristo, em nome da fé e da
virtude suportam contumélias e amarguras de todo gênero, e têm como seu
programa, mais com os factos do que com as palavras, a exortação de S. Tomé:
"Vamos também nós, e morramos com Ele". [2]
12.
Oh! Praza ao Céu que exemplos de tão admirável fortaleza se multipliquem sempre
mais, a fim de que deles brote segurança para a sociedade, e virtude e glória
para a Igreja.
O
descaso dos bens eternos
13.
O terceiro mal para o qual é preciso achar um remédio é particularmente próprio
dos homens dos nossos dias Com efeito, os homens dos tempos passados, mesmo
quando com excessiva paixão procuravam as coisas terrenas, contudo não
desprezavam totalmente as celestes; antes, os mais sábios entre os próprios
pagãos ensinaram que esta nossa vida é um lugar de hospedagem e uma estação de
passagem, antes que uma morada fixa e definitiva.
Ao
contrário, muitos dos modernos, embora educados na fé cristã, procuram de tal
modo os bens transitórios desta terra, que não somente esquecem uma pátria
melhor na eternidade bem-aventurada, mas, por excesso de vergonha, chegam a
cancelá-la completamente de sua memória, contra a advertência de S. Paulo:
"Não temos aqui uma cidade permanente, porém demandamos a futura". [3]
Quem
quiser examinar as causas desta aberração logo notará que a primeira delas é a
convicção de muitos de que o pensamento das coisas eternas extingue o amor da
pátria terrena e impede a prosperidade do Estado. Calúnia odiosa e insensata.
E,
de facto, os bens que esperamos não são de natureza tal que absorvam os
pensamentos do homem até o ponto de o distrair inteiramente do cuidado dos
interesses terrenos. O próprio Cristo, embora recomendando que procuremos antes
de tudo o reino de Deus, com isto insinua-nos que não devemos descurar tudo o
mais.
E,
de facto, se o uso dos bens terrenos e dos gozos honestos que deles derivam servem
de estímulo à virtude; se o esplendor e o bem-estar da, cidade terrena - que
depois redundam em glória da sociedade humana - são considerados como uma
imagem do esplendor e da magnificência da cidade eterna, eles não são nem
indignos de homens racionais, nem contrários aos desígnios de Deus.
Porque
Deus é ao mesmo tempo autor da natureza e da graça; e por isto não pode ter
disposto que uma obste à outra e estejam entre si em luta; mas, ao contrário,
que, amigavelmente unidas, nos guiem, por uma trilha mais fácil, àquela eterna
felicidade a que, embora mortais, somos destinados.
14.
Mas os homens dados ao prazer e egoístas, que de tal modo mergulham e aviltam
os seus pensamentos nas coisas caducas a ponto de não saberem elevar-se a mais
alto, estes, antes que procurarem os bens eternos através dos bens sensíveis de
que gozam, perdem completamente de vista a eternidade, caindo assim numa condição
verdadeiramente abjecta. Na verdade, Deus não poderia infligir ao homem punição
mais terrível do que abandonando-o por toda a vida às seduções dos vícios, sem
ter jamais um olhar para o Céu.
As
lições dos mistérios gloriosos
15.
A este perigo não estará exposto aquele que, rezando o santo Rosário, meditar
com atenção e com frequência as verdades contidas nos mistérios gloriosos.
Desses mistérios, com efeito, brilha na mente dos cristãos uma luz tão viva,
que nos faz descobrir aqueles bens que o nosso olho humano nunca poderia
perceber, mas que Deus - assim o cremos com fé inabalável - preparou "para
aqueles que o amam".
Deles
aprendemos, além disto, que a morte não é um esfacelamento que tudo perde e
destrói, mas sim uma simples passagem e uma mudança de vida. Aprendemos que o
caminho do céu está aberto a todos; e, quando observamos Cristo que volta ao
Céu, recordamos a sua bela promessa: "Vou preparar-vos o lugar".
Aprendemos
que haverá um tempo em que "Deus enxugará toda lágrima dos nossos olhos;
em que não haverá mais nem lutos, nem pranto, nem dor, mas estaremos sempre com
o Senhor, semelhantes a Deus, porque o veremos como Ele é, bebendo na torrente
das suas delícias, concidadãos dos santos", em feliz união com a grande
Mãe e Rainha.
16.
Uma alma que se nutra destas verdades deverá necessariamente inflamar-se delas
e repetir a frase de um grande. Santo: "Oh! como me parece sórdida a terra
quando olho o Céu"; deverá necessariamente alegrar-se ao pensamento de que
"um instante de um leve sofrimento nosso produz em nós uma medida eterna
de glória".
E,
verdadeiramente, só aqui está o segredo de harmonizar o tempo com a eternidade,
a cidade terrena com a celeste, e de formar caracteres fortes e generosos. E se
estes se tornarem muito numerosos, sem dúvida estará com isso consolidada a
dignidade e a grandeza do Estado; e florescerá tudo o que é verdadeiro, tudo o que
é bom, tudo o que é belo; florescerá em harmonia com aquela norma que é o sumo
princípio e a fonte inexaurível de toda verdade, de toda bondade e de toda
beleza.
17.
Ora, quem não vê a verdade disso que havemos observado desde o princípio, isto
é, de que preciosos bens é fecundo o santo Rosário? O quanto ele é
maravilhosamente eficaz em curar os males dos nossos tempos, e em opor um dique
aos gravíssimos males da sociedade?
As
confrarias do Rosário
18.
Mas, como cada um facilmente compreende, de tal eficácia serão mais directa e
mais largamente participantes os membros das sacras confrarias do Rosário,
porque a ela adquirem um direito particular, quer pela sua união fraterna, quer
pela sua devoção especial à Virgem Santíssima.
Tais
sodalícios autorizadamente aprovados pelos Romanos Pontífices e por eles
enriquecidos de privilégios e de tesouros de indulgências, têm uma forma
própria de ordenação e de disciplina. Promovem reuniões em dias determinados, e
neles são fornecidos meios mais adequados para florescer na piedade e para
prestar úteis serviços à própria sociedade civil. Eles são como que falanges
militantes que, guiadas e amparadas pela celeste Rainha, combaterão as batalhas
de Cristo, em virtude dos seus santos mistérios.
E
em todas as ocasiões, mas especialmente em Lepanto, pôde-se ver como a Virgem
se compraz com as orações, as festas e as procissões desses seus devotos.
19.
Bem justo é, pois, que não somente os filhos do patriarca S. Domingos -
certamente obrigados mais do que os outros, por motivo da sua vocação, - mas
também todos aqueles que têm cura de almas -especialmente nas igrejas onde
essas confrarias estão canonicamente eretas - se apliquem com todo o seu zelo a
multiplicá-las, desenvolvê-las e assisti-las. Antes, ardentemente desejamos que
também se dediquem a este trabalho aqueles que empreendem missões, seja para
levar a doutrina de Cristo aos infiéis, seja para reforçá-la nos fiéis.
20.
Não duvidamos de que, pelas exortações de todos estes, muitos cristãos estarão
prontos não só a inscrever-se nessas confrarias, mas também a esforçar-se, por
todos os meios, para colher as já indicadas vantagens espirituais que formam
como que a razão de ser e, por assim dizer, a substância do santo Rosário.
Depois, o exemplo dos membros das confrarias arrastará também os outros fiéis a
uma maior estima e devoção ao Rosário; os quais, assim estimulados, porão todo
o seu empenho - como Nós vivamente desejamos - em tirar também, na mais larga
medida, salutares vantagens desta prática.
21.
Eis aí a esperança que nos sorri. É ela que, no meio de tantas calamidades
públicas, nos guia e profundamente nos consola. Digne-se Maria, Mãe de Deus e
dos homens, inspiradora e mestra do santo Rosário, de realizar plenamente esta
esperança, acolhendo as preces comuns.
Nós,
ó Veneráveis Irmãos, temos confiança de que, pelo zelo de cada um de vós, os
vossos ensinamentos e os Nossos votos produzirão toda espécie de bem, e
contribuirão, em particular, para a prosperidade das famílias e para a paz dos
povos.
Enquanto
isso, em penhor dos favores celestes e em testemunho da Nossa benevolência, no
Senhor concedemos a cada um de vós, ao vosso clero e ao vosso povo a Bênção
Apostólica.
Dado
em Roma, junto a S. Pedro, a 8 de Setembro de 1893, décimo sexto ano do Nosso
Pontificado.
LEÃO
XIII PAPA
Revisão da versão portuguesa por ama
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