Art.
5 — Se o baptismo de João devia cessar depois que Cristo foi baptizado.
O quinto discute-se assim. — Parece
que o baptismo de João devia cessar depois que Cristo foi baptizado.
1. — Pois, diz o Evangelho: Por isso eu vim baptizar em água, para ele
ser conhecido em Israel. Ora, pelo baptismo que Cristo recebeu manifestou-se
suficientemente; quer também pelo testemunho de João; quer pela descida da
pomba; quer também pelo testemunho da voz paterna. Logo, parece que, depois,
não devia durar o baptismo de João.
2. Demais. — Agostinho diz: Cristo baptizado cessou o baptismo de João.
Logo, parece que João não devia continuar a baptizar, depois do baptismo de
Cristo.
3. Demais. — O baptismo de João era
preparatório do de Cristo. Ora, o baptismo de Cristo começou logo depois de ele
ter sido baptizado; pois, pelo contacto
do seu puríssimo corpo conferiu às águas a virtude regeneradora, como diz
Beda. Logo, parece que o baptismo de João cessou uma vez Cristo baptizado.
Mas, em contrário, o Evangelho: Veio Jesus para a terra de Judeia e
baptizava; e João também baptizava. Ora, Cristo só baptizou depois de ter
sido baptizado. Logo, parece que mesmo depois de Cristo ter sido baptizado, João
ainda continuava a baptizar.
O baptismo de João não
devia cessar, depois de Cristo baptizado. - Primeiro, porque, como diz
Crisóstomo, se João cessasse de baptizar,
uma vez Cristo baptizado, haveriam de pensar que o fez por ciúmes ou por cólera.
- Segundo, porque se cessasse de baptizar, depois de Cristo estar baptizando,
poderia despertar maiores ciúmes nos seus discípulos. - Terceiro, porque
continuando a baptizar, enviava a Cristo os seus ouvintes. - Quarto, porque,
como diz Beda, ainda permaneciam as
sombras da lei antiga; nem devia cessar o precursor, antes da verdade se
manifestar.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Cristo baptizado, ainda não se tinha assim plenamente manifestado. Por isso
ainda era necessário João continuar a baptizar.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Baptizado
Cristo, cessou o baptismo de João; não, porém imediatamente, mas só quando ele
foi encarcerado. Por isso diz Crisóstomo: Penso
que a morte de João foi permitida, e que sobretudo depois dessa morte é que
Cristo começou a pregar, para que este concentrasse em si todas as afeições do
povo e desaparecessem os dissentimentos que, a propósito de um e de outro, já
tinham começado a manifestar-se.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O baptismo de
João era preparatório não só ao baptismo de Cristo, mas também para que outros
se aproximassem a receber este último baptismo. O que ainda não se tinha
realizado, mesmo depois que Cristo foi baptizado.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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