Art. 4 — Se pelo baptismo de João só Cristo
devia ser baptizado.
O quarto discute-se assim. — Parece que pelo baptismo
de João só Cristo devia ser baptizado.
1. — Porque, como se disse, João baptizou para que Cristo fosse
baptizado, no dizer de Agostinho. Ora, o que é próprio de Cristo não deve
convir aos outros. Logo, ninguém mais devia ser baptizado com esse baptismo.
2. Demais. — Quem é baptizado ou
recebe alguma causa do baptismo ou lhe confere algo. Ora pelo baptismo de João,
ninguém podia receber nada, porque ele não conferia a graça, como se disse. Nem
ninguém podia conferir nada ao baptismo, senão Cristo, que com o conctato do
seu corpo santificou as águas. Logo, parece que só Cristo devia ser baptizado
pelo baptismo de João.
3. Demais. — Se outros receberam esse baptismo,
não era senão para se prepararem ao baptismo de Cristo; e, assim, parecia
conveniente que, como o baptismo de Cristo era conferido a todos grandes e
pequenos, gentios e judeus, também o baptismo de João o devia ser. Ora, o
Evangelho não fala de crianças nem de gentios baptizados por ele; mas diz
Marcos, que saíam concorrendo a ele todos
os de Jerusalém e eram baptizados por ele. Logo, parece que só Cristo devia
ter sido baptizado por João.
Mas, em contrário, o Evangelho: E aconteceu que, como recebesse o baptismo
todo o povo, depois de baptizado também Jesus, e estando em oração, abriu-se o
céu.
Além de Cristo, por dupla
causa, deviam outros ter sido baptizados por João. - Primeiro, porque, como diz
Agostinho, se só Cristo tivesse recebido
o baptismo de João, não faltaria quem dissesse que o baptismo de João,
conferido a Cristo, era mais digno que o do próprio Cristo, pelo qual os outros
eram baptizados. — Segundo, porque era necessário que os outros fossem
preparados, pelo baptismo de João, ao baptismo de Cristo, como dissemos.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— O baptismo de João não foi instituído só para Cristo ser baptizado, mas
também por outras causas, como dissemos. E contudo, mesmo que tivesse sido
instituído só para que Cristo fosse baptizado, era mister evitar o referido
inconveniente, conferindo a outros esse baptismo.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Os outros que
recebiam o baptismo de João, não podiam por certo conferir nada a esse baptismo;
nem contudo dele recebiam a graça, mas só o sinal da penitência.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O referido baptismo
era de penitência, imprópria das crianças; por isso é que elas não o recebiam.
— Quanto a abrir aos gentios o caminho da salvação, só a Cristo estava
reservado, que é a Expectação das Gentes,
no dizer da Escritura. Mas o próprio Cristo proibiu aos Apóstolos de pregar o
Evangelho aos gentios, antes da paixão e da ressurreição. Donde, muito menos
convinha que João admitisse os gentios ao baptismo.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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