Art.
2 — Se o baptismo de João procedia de Deus.
O segundo discute-se assim. — Parece que o baptismo
de João não procedia de Deus.
1. — Pois, nenhum sacramental
procedente de Deus tira a sua denominação de um simples homem; assim, o baptismo
da lei nova não se chama de Pedro ou de Paulo, mas de Cristo. Ora, o baptismo
referido se denomina de João, segundo O Evangelho: Donde era o baptismo de João? Do céu ou dos homens? Logo, o baptismo
de João não procedia de Deus.
2. Demais. — Toda nova doutrina
procedente de Deus se confirma por certos milagres. Por isso, o Senhor deu a
Moisés o poder de fazer milagres; e o Apóstolo diz: A nossa fé, tendo começado a ser anunciada pelo Senhor, foi depois
confirmada entre nós pelos que a ouviram, confirmando-a ao mesmo tempo Deus com
sinais e maravilhas. Ora, de João Baptista diz o Evangelho: João não fez milagre algum. Logo, parece
que o baptismo que ministrava não procedia de Deus.
3. Demais. — Os sacramentos
instituídos por Deus estão contidos em certos preceitos da Sagrada Escritura.
Ora, o baptismo de João não está incluído em nenhum preceito da Sagrada
Escritura. Logo, parece que não procedia de Deus.
Mas, em contrário, o Evangelho: O que me mandou baptizar em água me disse —
Aquele sobre que tu vires descer o Espírito, etc.
No baptismo de João podemos
considerar dois elementos: o rito de baptizar e o efeito do baptismo. Quanto ao
rito de baptizar, não procedia dos homens, mas de Deus, que, por uma particular
revelação do Espírito Santo, mandou João a baptizar. Mas, o efeito desse baptismo
era de procedência humana, pois, nada se realizou nele que um homem não pudesse
realizar. Donde, não procedia só de Deus, senão no sentido em que Deus agia por
meio de um homem.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Pelo baptismo da lei nova os homens são baptizados interiormente pelo Espírito
Santo, o que só Deus faz. Ao passo que o baptismo de João purificava só o corpo
por meio da água. Por isso diz o Evangelho: Eu
vos baptizo em água; porém ele vos baptizará no Espírito Santo. Donde a
denominação de baptismo de João, porque não tinha nenhum efeito que não fosse
produzido por João. Ao passo que o baptismo da lei nova não tira à sua
denominação do ministro, que não é o autor da purificação interior, principal
efeito do baptismo.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Toda a doutrina
e acção de João se ordenava para Cristo, que com inúmeros milagres confirmou
tanto a sua doutrina como a de João. Se, porém, João tivesse feito milagres, os
homens tanto seguiriam João como Cristo. Por isso, para que ouvissem
principalmente Cristo, não foi concedido
a João fazer milagres. Mas, aos judeus, que o interrogavam porque batizava,
confirmou o seu ofício com a autoridade da Escritura, dizendo: Eu sou a voz do que clama no deserto,
etc., como se lê no Evangelho. E além disso, a austeridade da sua vida
recomendava-lhe o ofício; pois, como Crisóstomo diz, era admirável ver tanta mortificação num corpo humano.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O baptismo de
João não foi ordenado por Deus, senão para durar pouco tempo, pelas causas
referidas. Por isso não foi prescrito por nenhum preceito geral contido na
Sagrada Escritura, mas por uma particular revelação do Espírito Santo, como se
disse.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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