Art.
6 — Se Cristo nasceu sem sua mãe sofrer dores.
O sexto discute-se assim. — Parece que Cristo
não nasceu sem sua mãe sofrer dores.
1. — Pois, como a morte do homem resultou
do pecado do primeiro casal, conforme a Escritura - Em qualquer dia que comeres
a ele morrerás de morte, assim também a dor do parto, conforme ainda a
Escritura: Em dor parirás teus filhos.
Ora, Cristo quis sofrer a morte. Logo, parece que, pela mesma razão, o seu
nascimento devia ser acompanhado das dores do parto.
2. Demais. — O fim se proporciona ao
princípio. Ora, o fim da vida de Cristo foi cheio de dores, segundo a
Escritura: Verdadeiramente ele foi o que tomou sobre si as nossas dores. Logo,
parece que também a sua natividade foi acompanhada das dores do parto.
3. Demais. — Narra um autor que
parteiras assistiram ao nascimento de Cristo; e essas são necessárias só por
causa das dores da parturiente. Logo, parece que a Santa Virgem deu à luz com
dores,
Mas, em contrário, diz Agostinho,
referindo-se à Virgem Mãe: Assim como a
sua concepção lhe deixou intacta a virgindade, assim no seu parto nenhuma dor
sofreu.
As dores da parturiente são
causadas pela compressão dos meatos por onde o filho vem à luz. Ora, como
dissemos, Cristo veio à luz sem detrimento da virgindade de sua mãe, que
portanto não sofreu nenhuma espécie de compressão. E por isso, nesse parto não
houve nenhuma dor, como não houve nenhuma corrupção, mas antes, houve uma
alegria máxima por ter vindo ao mundo o homem Deus, conforme a Escritura: Lançando gérmenes, ela copiosamente brotará,
como o lírio, e com intensa atearia e muitos louvores de prazer saltará.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— A dor que a mulher sofre no parto resultou da concepção. Donde, depois de ter
dito a Escritura: Em dor parirás teus
filhos, acrescenta: e estarás sob o
poder de teu marido. Donde o dizer Agostinho, que dessa sentença foi
excluída a Virgem Mãe de Deus que, por ter sido isenta do pecado e ter
concebido a Cristo sem nenhuma união carnal, gerou sem dor e, sem violação da
sua integridade, permanecendo totalmente virgem. Ora, Cristo sofreu a morte por
espontânea vontade, para satisfazer por nós, e não porque estivesse sujeito à
supra referida sentença de condenação, pois não fora réu de morte.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Assim como
Cristo, morrendo, nos livrou da morte eterna, assim com as suas dores
livrou-nos das nossas. Por isso quis morrer no meio delas. Mas, as dores do
parto de sua mãe não seriam as de Cristo, que veio para satisfazer pelos nossos
pecados. Logo, não era necessário que sua mãe tivesse um parto doloroso.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O Evangelho diz
que a Santa Virgem enfaixou e reclinou numa manjedoura o filho que deu à luz. E
isso mostra ser falsa a narração do autor citado, cujo livro é apócrifo. Donde Jerónimo
dizer: Nenhuma parteira aí esteve, nenhum
cuidado de mãos servis e práticas. A própria mãe cuidou do fruto das suas
entranhas. Enfaixou, diz o Evangelho, e reclinou o menino numa manjedoura.
O que convence de delírio a narração apócrifa.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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