Art.
4 — Se a Santa Virgem deve chamar-se Mãe de Deus.
O quanto discute-se assim. — Parece que a
Santa Virgem não deve ser considerada mãe de Deus.
1. — Pois, não devemos dizer, dos
divinos mistérios, senão o que está na Escritura. Ora não lemos nunca na
Escritura que seja a mãe ou a genitora de Deus, mas a mãe de Cristo ou a mãe do
menino. Logo, não devemos dizer que a Santa Virgem é a Mãe de Deus.
2. Demais. — Cristo é Deus pela sua
natureza divina. Ora, a natureza divina não recebeu da Virgem o início da sua
existência: Logo a Santa Virgem não deve ser considerada Mãe de Deus.
3. Demais. — O nome de Deus é
predicado em comum do Pai do Filho e do Espírito Santo. Se pois a Santa Virgem
é Mãe de Deus resulta que é Mãe do Pai, do Filho e do Espírito Santo o que é
inadmissível. Logo, a Santa Virgem não deve ser considerada Mãe de Deus.
Mas, em contrário, Cirilo diz: com a
aprovação do sínodo Efesino: Quem não
confessar, que Deus é verdadeiramente o Emanuel e que, por isso, a Santa Virgem
é a Mãe de Deus, por ter gerado corporalmente o Verbo de Deus feito carne, seja
anátema.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Essa foi a objecção de Nestório, que se resolve dizendo o seguinte. Embora
não achemos propriamente dito na Escritura, que a Santa Virgem fosse a Mãe de
Deus, nela achamos porém expressamente, que Jesus Cristo é verdadeiro Deus; e
que a Santa Virgem é a Mãe de Jesus Cristo. Ora, dessas palavras da Escritura
se segue necessariamente, que é a Mãe de Deus. Assim, como diz o Apóstolo, dos Judeus nasceu Cristo, segundo a carne,
que é Deus sobre todas as coisas, bendito por todos os séculos dos séculos.
Ora, não nasceu dos Judeus senão mediante sua Mãe. Donde, aquele que é sobre
todas as coisas Deus bendito por todos os séculos, nasceu verdadeiramente da
Santa Virgem, como sua mãe.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Essa foi a objecção
de Nestório; mas Cirilo, numa certa Epístola contra Nestório resolve-a dizendo:
Assim como a alma do homem nasce com o
seu corpo próprio e contudo é considerada como formando uma unidade com ele; e
quem ousasse afirmar que a geratriz da carne, não é contudo a da alma, iria
muito longe na sua afirmação, assim descobrimos algo de semelhante na geração
de Cristo. Pois, o Verbo de Deus nasceu da substância de Deus Padre; mas, como
assumiu a carne, devemos confessar que, pelo seu corpo, nasceu de uma mulher.
Logo, devemos concluir que a Santa Virgem deve ser considerada Mãe de Deus; não
por ser mãe da divindade, mas que ser, da humanidade de uma pessoa, que em si
unia a divindade e a humanidade.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O nome de Deus,
embora comum às três Pessoas, contudo é suposto umas vezes pela só pessoa do
Pai: e outras, só pela pessoa do Filho ou do Espírito Santo, como se
estabeleceu. E assim, quando dizemos que a Santa Virgem é Mãe de Deus, o nome
de Deus é suposto pela pessoa encarnada do Filho.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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